Com as orelhinhas no ar

02/05/2018

Quando fechamos o Soul EV, os retrovisores laterais recolhem. Mas, quando nos aproximamos mesmo sem abrir o carro, os retrovisores reagem e regressam imediatamente à sua função de espelho lateral. Começamos a achar piada a este gesto quase emocional, como se o carro ficasse contente de nos ver e “fique com as orelhinhas no ar”, como diz a Glória.

Não se trata de uma relação psicodinâmica dentro da teoria psicanalítica, não. Neste caso, é apenas uma sensação boa como se o nosso Soul EV fosse um amigo de 4 patas (Leia-se: 4 pneus). Claro que não vamos com ele para o restaurante. Primeiro, não estaria no seu ambiente natural e além disso o Soul EV segue um regime alimentar bastante saudável: alimenta-se de energia elétrica e, nós, nem sempre nos alimentamos corretamente.

À parte disso, a viagem está a correr bem, não ao ritmo desejado, mas estamos a melhorar as dinâmicas e a cada dia que passa vamos melhorando as prestações. Embora na sexta-feira passada (o primeiro dia à séria em França) fosse um dia para esquecer. Os pontos de carregamento não estão preparados para receber turistas e a conexão com os nosso dados resultava sempre num fracasso e, consequentemente, na impossibilidade de carregar o nosso Soul EV.

Com apenas 19 km de autonomia e a menina do GPS a repetir-se incessantemente, assim que baixou da barreira dos 50 km de autonomia: “visite o posto de abastecimento mais próximo, visite o posto de abastecimento mais próximo”, estávamos a beira de um ataque de nervos e começava a ser difícil controlar uma raiva muda, ao mesmo tempo, que tentávamos não perder as estribeiras e encontrar uma solução.

A energia elétrica não é uma coisa que se possa ir buscar com um jerrican e para agravar a situação, o numero de telefone de apoio fixado na máquina não aceitava chamadas de telefones estrangeiros. Só me dava vontade de me pôr aos pontapés à maquina, como fazia um saudoso chefe de redação que tive; dia que não desse um bom pontapé na máquina distribuidora de café não era dia para ele.

Esgotadas as tentativa de solução, resolvemos recorrer à “Mairie” (o equivalente a uma Câmara Municipal, neste caso, a de Ychoux) para pedir ajuda. A Glória puxou dos galões e no seu francês de nível 10, explicou a nossa situação. A funcionária foi muito simpática, começou a fazer telefonemas, até que chegamos à fala com o Sr. Du Bertand que, segundo percebemos era o responsável de área dos ponto de carregamento. O Sr. Du Bertrand ficou muito admirado com a nossa iniciativa e confessou que as máquinas não estavam preparadas para turistas. Ups! Tínhamos que recorrer a um aplicativo e através dele solicitar um cartão que demorava, pelo menos, duas semanas a chegar à residência. Bonito serviço.

Entretanto, o Sr. Du Bertand pediu-nos um tempinho e dentro de um quarto de hora, alguém entrava em contacto connosco. Um pouco céticos aceitámos. Tudo bem, vamos esperar. E é então que entra em ação a Madame Safor, ou melhor, a simpática Madame Safor. A senhora telefonou-nos, apresentou-se e disse que enquanto estivéssemos na área dela, monitorizava as máquinas à distância para fazermos os carregamentos necessários. E foi assim. Chegávamos ao “borne de carregamento”, telefonávamos à Madame Safor, ligávamos a ficha à máquina, e esta como por magia, começava a carregar a bateria do nosso Soul EV.

Como estivemos grande parte do dia parados e tínhamos esta possibilidade, tentamos recuperar e fazer mais quilómetros, entramos pela noite dentro dentro, mas o pior estava para acontecer. Na aplicação da Charge Maps, o borne de carregamento de Covignac estava identificado como carregador de 50 kW ( carregamento rápido) e afinal, era do mais mais lentos: 3,2 kW. Após duas horas de carga, o Soul EV quase com as lágrimas nas óticas, informava-nos que ainda faltavam apenas 11 horas para o carregamento total. Em Covignac não havia hotéis, os dois restaurantes estavam fechados, chovia desalmadamente, não se via vivalma na rua, adivinhem qual foi a nossa sorte…

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