Depois de ter lutado pelo título o ano passado até à derradeira prova, o piloto do Algarve começa a nova temporada em grande, tendo assinado exibição consistente, em que aliou a proverbial exuberância à desejada rapidez, ao longo de um rali que abriu, com brilhantismo a nova temporada: um cartaz invejável, muito público, com larga presença de espetadores espanhóis, e nível exibicional entusiasmante dos melhores valores nacionais a prometer um campeonato pleno de competitividade.
Todavia, nem tudo foram rosas no ramalhete da prova do Demoporto,que voltou a ter no município de Fafe um excelente parceiro: a hora «proibida» a que terminou a especial citadina de Fafe, já de madrugada, merece reflexão, a exemplo da deficiente cobertura mediática de um evento presenciado por milhares de espetadores e com um parque automóvel avaliado num valor a rondar os 10 milhões de euros.
Para trás, ficou ainda o capítulo negro dos reconhecimentos, algo que deve suscitar combate empenhado e enérgico, bem como a tomada de medidas dissuasoras por parte da entidade federativa a quem vicia as regras do jogo.
Mas, na estrada, o espetáculo atingiu laivos de brilhantismo, a confirmar os indícios de uma temporada apaixonante de seguir.
Dani Sordo foi um caso à parte e materializou, troço a troço, a esperada supremacia, para conquistar um triunfo tão lógico quanto justificado pelo andamento imposto.«Correu tudo bem ao longo de um rali bonito, em que o mais significativo foi mudar o chip para conduzir um R5, algo diferente de um world rally car. Dado o facto de ser, para mim, o primeiro rali da temporada, o amis problemático foi encontrar o ritmo», refetriu o piloto da equipa oficial Hyundai.
Com Andrea Adamo, patrão da Hyundai Motorsport a assistir, Sordo não se fez rogado e assinou exibição sem mácula, face a «pilotos portugueses muito rápido», como sublinhou. De qualquer modo, «foi um treino para o México, mas terei de mudar, de novo, o chip», acrescentou.
Em grande plano esteve, no plano nacional, o algarvio Ricardo Teodósio, que chegou à vice-liderança na manhã do último dia, posição que não mais largou até final, o que correspondeu à pontuação equivalente a um triunfo no Campeonato de Portugal.
«Foi muito bom, divertimo-nos imenso com um andamento muito rápido. E vários troços, andámos perto do Dani Sordo e isso foi muito bom», referiu o piloto do Skoda, que até nem começou bem, ao fazer um pião na fase inicial do rali e terminou com problemas na caixa de velocidades.
Na luta pelo derradeiro lugar do pódio, Miguel Barbosa levou a melhor no duelo entre os Skoda e revelou excelente momento de forma, cotando-se como um dos pilotos em destaque pelo nível exibicional demonstrado.
«Foi pena um erro, um pião em Montim-1, mas fizemos um bom rali, tendo conquistado pontos importantes para o campeonato demonstrado bom andamento, ainda que seja necessário limar algumas arestas. De qualquer modo, foi um excelente início de campeonato», referiu ao MOTOR 24 o piloto do Skoda, que garantiu meritório 2.º lugar no CPR.
Para Ricardo Moura, o 4.º lugar absoluto soube a pouco, tanto mais que o tricampeão nacional teve um inicio de rali a revelar andamento rápido e consistente, que lhe valeu o 2.º lugar no final da etapa inicial. Mas, na manhã do último dia, problemas com o diferencial traseiro, só resolvidos com a troca, atrasaram o piloto açoriano.
De qualquer modo, Ricardo Moura não deixou perceber a longa inatividade, agora interrompida, graças a uma exibição que merecia continuidade, isto é, um programa completo em termos de campeonato. Um piloto como Ricardo Moura ou qualquer outro com valor, faz falta aos ralis nacionais.
No regresso de Inês Ponte, José Pedro Fontes (Citroën C3) alcançou o 5.º lugarCom um resultado melhor que a exibição, José Pedro Fontes conduziu o Citroën C3 ao 5.º lugar, recuperando algum terreno na fase derradeira do rali; todavia, «foi abaixo das expectativas e sabemos o que temos de fazer», confessou o piloto, que voltou a fazer dupla com Inês Ponte, regressada após longo período de recuperação.
Para os pilotos do Team Hyundai Portugal, as coisas não correram de feição. Bruno Magalhães (6.º) teve estreia em que «o mais importante foi termos feito a totalidade dos quilómetros do rali, para na próxima prova procedermos a alterações que já temos em mente».
O piloto sublinhou que «o primeiro rali com um carro novo é sempre difícil. Tudo é uma descoberta».
Vítima de vários percalços na secção matinal da última etapa, Armindo Araújo desceu na classificação e não conseguiu melhor que o 7.º lugar, apesar de ter sido o único a quebrar a hegemonia de Sordo nas vitórias em classificativas, impedindo o pleno do espanhol neste capítulo.
Resignado, confessou:
«Este resultado não é o que queríamos, mas estamos melhor que o ano passado».
Para Pedro Meireles, a estreia do VW Polo GTi começou mal — capotanço na qualificação — e acabou mais cedo: a caixa de direção cedeu e a desistência foi inevitável.
Pedro Antunes e Daniel Nunes em foco
Nas 2 RM (Rodas Motrizes), Pedro Antunes alcançou dupla proeza: venceu, de modo folgado, a categoria e a Peugeot Rallye Cup Ibérica. Um excelente início de temporada para o piloto de Torres Vedras, que deliciou quem assistiu à sua passagem nas classificativas.
Em termos de Campeonato de Portugal, Daniel Nunes, igualmente em Peugeot 208 R2, conquistou o triunfo.
Em termos de Campeonato de Portugal de Ralis 2 Rodas Motrizes, a dupla Daniel Nunes/Rui Raimundo começou a época como terminara a anterior ou seja, a ganhar e somou ainda o 2.º lugar na Peugeot Rally Cup Iberica.
A dupla da Inside Motor dominou em termos nacionais — apenas não venceu uma classificativa — e liderou de início a fim.
«Foi um rali quase perfeito», sublinhou Daniel Nunes, justificando o êxito com «o excelente trabalho de toda a equipa».
Na Peugeot Rally Cup Ibérica, o piloto referiu que «o ritmo foi muito intenso desde o primeiro ao último troço. Felicitando o vencedor, Daniel Nunes confessou estar satisfeito com o andamento que fomos evidenciando. Sentimos uma grande evolução», acrescentou.
Na categoria RC3, Paulo Neto e Vítor Hugo (Citroën Ds3 R3T Max) levaram a melhor, completando ainda o pódio do CPR 2 Rodas Motrizes.
O piloto sublinhou «o imenso público que acompanhou a prova na estrada. Foi uma excelente jornada de divulgação dos ralis, que merecia ter sido muito mais acarinhada pelos órgãos de comunicação generalistas».
Quanto à prova em si, Paulo neto confessou que «apesar de 10 segundos de penalização, que custou um lugar na classificação, o resultado final foi dentro das previsões. O saldo é positivo», apesar de contratempos e desconcentrações. «São pontos importantes que podem ser úteis mais tarde».
No Campeonato Norte, Miguel Teixeira e Vítor Pereira (BMW E30) foram os vencedores. A dupla Filipe Madureira/Emanuel Gonçalves liderou até desistir em Aboim/Rio Vizela, devido à cedência da caixa de velocidades do Mitsubishi Lancer Evo IX.
As duplas João Castela/Maikel Rodrigues (Peugeot 208 R2) e Jorge Ribeiro/Daniel Pereira (Citroën C2 R2) completaram o pódio.
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http://cpr.cronobandeira.com/index.php?lang=0&evento=1&local=255&rfr=1&idx=1
Campeonato de Portugal
1.º Ricardo Teodósio, 26,52 pontos
2.º Miguel Barbosa, 21,14
3.º Ricardo Moura, 17,77
4.º José Pedro Fontes, 14
5.º Bruno Magalhães, 12
6.º Armindo Araújo, 11,52
Próxima prova: Rali dos Açores, dias 21 a 23 de março