Ainda sem ‘casa cheia’ devido à pandemia de Covid-19, a edição de 2021 das 24 Horas de Le Mans traz consigo o regresso do público em número limitado e a emoção em torno da luta pelo triunfo à geral na estreia dos Hypercars naquela que é a prova de resistência automóvel mais emblemática do mundo. Nessa categoria, a Toyota garantiu as duas primeiras posições da grelha de partida, com Kamui Kobayashi, no carro número 7 a registar um tempo de 3.23,900s. Relevo ainda para a pole position de António Félix da Costa (JOTA) na categoria LMP2. Estes são apenas dois dos pontos de interesse para a prova que terá início este sábado pelas 15h00 de Portugal Continental (16h00 em França).
Longe de voltar a ser a festa entusiástica da competição automóvel por culpa da pandemia de Covid-19 e da variante Delta, a corrida de 24 Horas na pista de La Sarthe, em Le Mans, voltará a contar com público nas bancadas, mais concretamente, com 50.000 pessoas permitidas no acesso ao circuito. Serão essas que poderão ver ao vivo as emoções da batalha pelo triunfo, este ano pela primeira vez com a nova categoria Hypercar, ainda a dar os seus primeiros passos, mas já com três marcas envolvidas.
Favorita ao triunfo, a ‘óbvia’ Toyota parte para já com as duas melhores posições na grelha, uma vez que a equipa conta com as duas primeiras posições na grelha de partida, com Kamui Kobayashi (em equipa com Mike Conway e José Maria Lopez) a registar o melhor tempo da fase decisiva ‘Hyperpole’, superiorizando-se ao carro ‘gémeo’ com o número 8, pilotado por Brendon Hartley (dividido com os pilotos Sébastien Buemi e Kazuki Nakajima), por meros 0,295s.
A Alpine, com apenas um carro neste ano, obteve o terceiro lugar por intermédio de Nicolas Lapierre (em parceria com André Negrão e Matthieu Vaxivière), embora já a uma distância considerável dos dois carros da Toyota. O piloto da Alpine Elf Matmut realizou a sua melhor volta com um tempo de 3.25,574s, tendo bem perto de si um dos carros da Scuderia Glickenhaus, que se estreou em Portimão e que tem vindo a evoluir. Olivier Pla (em equipa com Luis Felipe Derani e Franck Mailleux) conseguiu colocar o seu 003 Le Mans a apenas 0,065s do Alpine, com uma volta em 3.25,639s. A equipa conta ainda com outro carro, este na quinta posição da grelha, com Romain Dumas (em partilha com Ryan Briscoe e Richard Westbrook) a fazer o tempo da equipa americana.
Portugueses à espreita da glória
Na categoria LMP2, as cores portuguesas estão bem defendidas, com a 89ª edição das 24 Horas de Le Mans a contar com três pilotos lusos. Destes, Filipe Albuquerque e António Félix da Costa partem com aspirações legitimas a um bom resultado na prova e a sessão de qualificação deu motivos para sorrir. Rui Andrade, um luso-angolano que estará ao serviço da G Drive nesta categoria, será outro piloto a correr com a bandeira portuguesa no seu carro.
Para já, é Félix da Costa quem parte na frente, com o piloto da JOTA com o número 38 (em parceria com Roberto González e Anthony Davidson) a garantir a pole position da categoria LMP2, com uma volta em 3.27,950s, que deixou o segundo da categoria, o ORECA do Team WRT a cerca de meio segundo, numa formação em que constam Louis Deletraz, Robert Kubica e Ye Yifei.
O carro número 22 da WEC United Autosports USA de Filipe Albuquerque, Philip Hanson e Fabio Scherer irá partir do 17o lugar na grelha de partida, 12o na respetiva categoria.
Entre os LMGTE Pro, a pole position ficou para o carro de outro piloto português, neste caso, Álvaro Parente. Ao serviço da equipa Hub Auto Racing, o piloto português que compete num Porsche 911 RSR-19, irá estar na primeira posição da categoria, tendo como companheiros de equipa os pilotos Maxime Martin e Dries Vanthoor, que realizou a sessão de qualificação.
A volta em 3.46,982s bateu por escassa margem a do Ferrari 488 GTE Evo da AF Corse, partilhado pelos pilotos Sam Bird, Miguel Molina e Daniel Serra. A sessão de qualificação dos GTE Pro teve de ser interrompida após um violento acidente com o Porsche de Kevin Estre na curva de Indianápolis, embora sem consequências de maior para o piloto.
Porém, uma vez mais, esta não será uma corrida decidida à partida, mas apenas após 24 horas em que muita coisa pode suceder e na qual os golpes de teatro são pródigos ao longo dos anos. Ou seja, nada está decidido no arranque desta 89ª edição das 24 Horas de Le Mans.
DADOS A TER EM CONTA NAS 24 H DE LE MANS 2021
- Na edição deste ano, estavam inscritas inicialmente 62 equipas, com participantes não só do Mundial de Endurance (WEC), mas também da European Le Mans Series (ELMS), IMSA dos Estados Unidos e da Asian Le Mans Series (ALMS).
- Serão cinco Hypercar, mais 25 da categoria LMP2, oito da GTE Pro e 23 da GTE Am. Há ainda que contar com uma inscrição da categoria Innovative Car, para projetos mais experimentais.
- Duas equipas totalmente femininas estarão à partida da competição: Tatiana Calderon, Sophia Flörsch e Beitske Visser estarão no carro número 1 da Richard Mille Racing Team da categoria LMP2, enquanto Rahal Frey, Michelle Gatting e Sarah Bovey dividem o Ferrari 4488 GTE Evo da Iron Lynx com o número 85 da categoria GTE Am.
- Um total de 33 equipas é elegível para pontuar no campeonato WEC, com a particularidade de haver uma duplicação dos pontos nesta corrida: 50-36-30-24-20-16-12-8-6-4-2 e 1 para todos os outros que terminarem nas respetivas categorias.