Considerado por diversas vezes como o rali mais espetacular do mundo, o Rali de Portugal recebe novamente a prova em 2021 depois de em 2020 não se ter realizado devido à pandemia de Covid-19. Será ainda sob a ameaça do vírus que a edição de 2021 voltará a realizar-se no Norte do país, colocando assim muitas limitações ao número de espectadores nas especiais. No plano competitivo, os pilotos da Toyota e da Hyundai deverão voltar a estabelecer uma emocionante batalha pelos lugares cimeiros.
A terra e os troços difíceis de Portugal voltam a colocar à prova os pilotos e máquinas do Mundial de Ralis (WRC). A quarta prova da temporada mantém a competição na Europa depois dos anteriores ralis disputados em Monte Carlo, Finlândia e Croácia, mas estreia os pisos de terra na presente temporada. O rali português assume-se, igualmente, como a prova mais longa até ao momento, esperando-se que sejam cumpridos 337,5 quilómetros ao cronómetro, pelo que as mecânicas também tenderão a sofrer, sobretudo se houver muito calor.
Sébastien Ogier (Toyota) chega a solo luso com a liderança do Campeonato de Pilotos, com 61 pontos, mais oito do que o belga Thierry Neuville (Hyundai). Autor de dois triunfos em 2021, o piloto francês tem no Rali de Portugal um interessante pecúlio, tendo já vencido por cinco vezes na sua carreira, pelo que tem de ser considerado como um natural favorito ao triunfo também em 2021 (procura igualmente o recorde de triunfos em Portugal, que detém atualmente com Marku Alen). Tanto mais que a marca nipónica continua a desenvolver o seu Yaris WRC e apresentará em Portugal um novo motor com melhorias na potência e na fiabilidade, juntando-se assim ao pacote de novidades aerodinâmicas introduzido já na Croácia.
As forças de segurança terão um dispositivo reforçado para lidar com eventuais excessos dos espectadores, tanto em comportamento, como em número, devido às restrições ainda em vigor pela pandemia de Covid-19.
Para Ogier, o regresso a Portugal é sempre o regresso a um local também de boas memórias. “É ótimo estar de volta a Portugal. É um dos ralis mais especiais para mim, pessoalmente: foi onde alcancei o meu primeiro triunfo no WRC, em 2010, e tivemos vários triunfos desde então. Portugal é também um país onde existe uma imensa paixão pelo automobilismo e, em especial, pelo rali, e temos sempre um apoio fantástico aqui”, afirmou o líder do campeonato.
A oposição virá de todos os lados, mesmo de dentro da equipa japonesa, já que Elfyn Evans também tem dado excelente conta de si, oferecendo grandes resultados à Toyota. Recorde-se, aliás, que o jovem piloto esteve quase a vencer o título em 2020, falhando por pouco o seu grande objetivo.
Na Hyundai, três pilotos estarão na linha da frente com os seus i20 WRC: Ott Tanak, Thierry Neuville e Dani Sordo. Com uma vitória cada um em Portugal, Tanak e Neuville estão confiantes de que a competitividade dos seus carros poderá ajudá-los a voltar a repetir o feito em 2021, mesmo que reconheçam dificuldades pela frente nos difíceis troços do Norte de Portugal. Para o belga, segundo classificado no Mundial de Pilotos, a consistência tem sido ‘arma’ este ano, obtendo três terceiros lugares.
De resto, sobram os Ford Fiesta WRC da M-Sport, que não terão hipóteses realistas de lutar pelo triunfo em circunstâncias normais, com Gus Greensmith e Adrien Fourmaux aos comandos dos dois carros, mas com a possibilidade de preencherem o lote dos seis melhores.
Na categoria WRC2, a principal novidade é que o líder, Andreas Mikkelsen, não vai estar presente na prova lusa depois de testar positivo à Covid-19 ainda na Noruega, não fazendo sequer a viagem para Portugal.
Campeonato de Portugal de Ralis (CPR) também no cardápio
Como é usual, dentro do próprio Rali de Portugal há outras provas, como é o caso do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR), que tem na sexta e sábado a sua segunda ronda da temporada de 2021. Entre os candidatos à pontuação máxima está, de forma natural, o atual líder do campeonato, Ricardo Teodósio (Skoda Fabia Evo), que venceu na ronda inaugural, além de Armindo Araújo (Skoda Fabia Evo), Bruno Magalhães (Hyundai i20), Bernardo Sousa (Skoda Fabia Evo), Pedro Meireles (Volkswagen Polo) e José Pedro Fontes (Citroën C3), num conjunto bastante forte que promete dar uma grande animação à prova lusa. Também se pode mencionar, embora noutro patamar, a participação de André Villas-Boas, que estará aos comandos de um C3.
Características da prova
Após as provas no gelo, neve e asfalto neste ano, o Rali de Portugal marca o arranque das provas em terra. Centralizado em Matosinhos, nos arredores do Porto, a prova lusa tem como características principais os troços rápidos mas com secções bastante técnicas em superfícies que, nas primeiras passagens, são macias e muito arenosas, o que transmite escassa aderência, mas tornando-se mais agreste e rochosa nas segundas passagens. Isso faz com que Portugal esteja muito provavelmente entre os ralis mais desafiantes para os pneus. As estratégias podem, portanto, diferir consideravelmente entre a primeira e a segunda passagem.
O traçado do rali é similar ao de 2019, começando com a partida cerimonial na cidade de Coimbra na tarde de quinta-feira. Na sexta-feira, a maior parte da prova disputa-se mais perto de Coimbra, com duas rondas de três passagens pela zona de Arganil, com a particularidade de não haver serviço entre a manhã e a tarde. Há ainda passagens por Mortágua e uma super-especial em Lousada.
O dia de sábado está concentrado nas montanhas de Cabreira, para duas rondas de três passagens, a que se junta ainda uma nova especial urbana junto ao Douro. No domingo, esperam-se cinco especiais, incluindo duas passagens pelo troço de Felgueiras e a famosa ida a Fafe, para a Power Stage final.
Horários da prova
Quinta-feira
09:01 Shakedown (P1) Paredes (4,60 km)
20:30 Cerimónia de Partida na Porta Férrea, Coimbra
Sexta-feira
06:30 Partida Secção 1 Porta Férrea, Coimbra
08:08 SS1 Lousã 1 (12,35 km)
09:08 SS2 Góis 1 (19,51 km)
10:08 SS3 Arganil 1 (18,82 km)
12:31 SS4 Lousã 2 (12,35 km)
13:31 SS5 Góis 2 (19,51 km)
14:38 SS6 Arganil 2 (18,82 km)
16:05 SS7 Mortágua (18,16 km)
19:03 SS8 Lousada – SSS (3,36 km)
Sábado
08:08 SS9 Vieira do Minho 1 (20,64 km)
09:08 SS10 Cabeceiras de Basto 1 (22,37 km)
10:24 SS11 Amarante 1 (37,92 km)
14:38 SS12 Vieira do Minho 2 (20,64 km)
15:38 SS13 Cabeceiras de Basto 2 (22,37 km)
16:54 SS14 Amarante 2 (37,92 km)
19:03 SS15 Porto – Foz (SSS) (3,30 km)
Domingo
07:08 SS16 Felgueiras 1 (9,18 km)
07:53 SS17 Montim (8,75 km)
08:38 SS18 Fafe 1 (11,18 km)
10:04 SS19 Felgueiras 2 (9,18 km)
12:18 SS20 Fafe 2 –Wolf Power Stage (11,18 km)
14:20 Cerimónia de Pódio – Matosinhos