O campeonato alemão de carros de turismo (DTM), aquele que é considerado um dos campeonatos automóveis mais importantes do mundo, recebeu ontem uma notícia inesperada, com o anúncio do abandono da Audi no final do ano. Dessa forma, depois de a Mercedes-Benz também ter abandonado a competição no ano passado, apenas a BMW permanece como marca oficial para 2021.

Esta medida surge na sequência do realinhamento da estratégia de mobilidade da marca alemã, que procura uma imagem mais neutra em termos de emissões de carbono, numa justificação que, aliás, também tinha fundamentado a posição de afastamento da Mercedes-Benz, que se concentrou unicamete na Fórmula E e na Fórmula 1.

Mas essa não foi a única razão. O facto de o novo coronavírus estar a ser bastante prejudicial em matéria financeira obriga as marcas a tomarem decisões estratégicas que, no caso da Audi, levaram a marca a anunciar aos organizadores do campeonato, a ITR e.V., a decisão de sair do DTM no final da temporada de 2020.

Currículo invejável

O percurso da Audi no DTM fica marcado pelo sucesso e por diveros modelos históricos na sua participação ao longo das décadas, como o TT ou o A5. Com 23 títulos, incluindo 11 títulos de pilotos, a Audi alcançou 114 vitórias, 345 pódios, 106 pole positions e 112 voltas mais rápidas. Os números podem ainda ser ampliados ao longo de 2020.

A Audi irá manter, ainda, as suas atitivdades na Fórmula E e o seu departamento de competição cliente, nomeadamente com os modelos de campeonatos de velocidade GT3

O Presidente do Conselho de Administração da Audi AG, Markus Duesmann, reconheceu que “a Audi moldou o DTM e a o DTM moldou a Audi. Isso representa o poder que existe no automobilismo – tecnologicamente e emocionalmente”. No entanto, a decisão de deixar o DTM surge na mesma linha da intenção de se tornar num fornecedor de mobilidade sustentada, pelo que manterá o seu empenho na Fórmula E.

A Audi está na competição de monolugares elétricos desde o sue início, em 2014, tendo granjeado já 41 troféus ao longo destes anos. A marca alinha a sua participação naquele desporto com a sua intenção de gerar 40% das suas vendas a partir de veículos elétricos e plug-in em 2025.

DTM: De passado glorioso a futuro em risco

Aquele que chegou a ser considerado um dos campeonatos mais disputados do mundo tem vindo a perder construtores com o passar dos anos. Ainda na década de 1990, o DTM, então também em formato DTM/ITC, chegou a contar com marcas como a Alfa Romeo e a Opel, que progressivamente foram virando as costas.

Uma das saídas para o DTM poderá ser a junção com o campeonato japonês Super GT, tendo já havido corridas unificadas de experiência em 2019.

Mais recentemente, o DTM sofreu um rude golpe com a saída da Mercedes-Benz no final de 2018, embora tenha sido ‘compensada’ com a entrada da Aston Martin num programa semi-oficial, que não durou mais do que um ano, porém. Agora, com a saída da Audi o próprio futuro da competição fica em risco, uma vez que apenas a BMW permanece empenhada na mesma.

Uma saída poderá passar pela há muito desejada fusão com o Super GT, campeonato japonês de velocidade, com o qual se procura encontrar uma plataforma comum.

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