Reigle, que após o final da temporada de 2018/19 da Fórmula E foi nomeado CEO da competição (enquanto o fundador Alejandro Agag assumiu a função de Chairman), deu uma entrevista exclusiva à Eleven, na qual, entre diversos temas, falou sobre António Félix da Costa, o piloto português que se sagrou campeão na sexta época e alcançou a oitava posição no mundial de Formula E na época passada, sobre a atualidade e ambições para o futuro da Formula E e sobre a eventualidade de se realizar um E-Prix em Lisboa.
Abordando a prestação de António Félix da Costa, sobretudo o seu título na temporada 2019/2020, Jaime Reigle explica que o piloto luso é uma figura muito bem vista e que todos no ‘paddock’ se sentiram satisfeitos com a conquista do homem da DS Techeetah.
“Todos no paddock, toda a comunidade da Formula E ficou tão feliz pelo António, porque ele está presente desde o início. Ele fez grandes corridas e teve anos bons, mas também passou por alguns momentos difíceis e sabemos que é assim no desporto. Mostras resiliência e consegues ultrapassar os maus momentos. Às vezes, quando és atleta e os teus rivais te vencem não ficas propriamente satisfeito, mas no caso do António, e isso só mostra que ele é mesmo boa pessoa, todos os pilotos ficaram muito felizes por ele porque ele sempre foi muito dedicado e trabalhou bastante durante este tempo todo”, referiu Reigle na conversa com a Eleven.
Sobre a eventualidade de se realizar um E-Prix em Lisboa, sobretudo num momento em que Lisboa atravessa um momento de popularidade turística e tem um piloto em alta na modalidade, Jamie Reigle diz que seria bom e que “haverá condições, de certeza”.
“O que é que é preciso para receber uma corrida? Nós corremos em cidades, este é o primeiro aspeto importante. Estamos em Lisboa, é uma cidade lindíssima, junto ao mar, algumas ruas com bastante história, mas também se consegue ver algum desenvolvimento e muita modernidade também. Tem adeptos apaixonadíssimos, eu sei através da minha passagem pelo futebol com o Cristiano [Ronaldo] e o Bruno [Fernandes], vocês têm uma paixão imensa pelo futebol e são também apaixonados pelo automobilismo e nós somos uma vertente nova do automobilismo, portanto, se conseguíssemos conquistar esses adeptos portugueses de automobilismo com uma corrida ao vivo, isso seria a cereja no topo do bolo, se todos vós conseguissem ver o António [Félix da Costa] a celebrar com a bandeira portuguesa em Lisboa. Vamos tentar, haverá condições de certeza”, afirmou.
Com mais uma temporada da Fórmula E prestes a começar, a modalidade prepara-se para a derradeira época com os carros de segunda geração (Gen2) antes de entrarem em ação os novos carros (Gen3), mais leves e mais potentes. Reigle garante que isto é uma parte integrante da vontade de a Fórmula E se tornar melhor e mais relevante.
“Tens de garantir que és um desporto de primeira linha, ou seja, o melhor piloto, homem ou mulher, a melhor equipa consegue chegar ao topo. O desporto é isto. Qualquer um pode ganhar em qualquer circunstância, ou seja, um grande piloto pode perder para um piloto menos famoso, mas não por causa das regras do desporto, tem de ser porque aquele indivíduo está a ter o melhor dia da vida dele. Isto é desporto, vês isso no futebol, vês isso nos outros desportos. Portanto, quando olhamos para o nosso produto, pensamos “temos estas condições na Formula E?” E o que verificamos é que o nosso formato de qualificação é imprevisível, o que é bom no desporto, mas talvez seja demasiado aleatório. Então, como é que podemos criar condições para que, de forma consistente, o piloto e a equipa que estão a ter melhor desempenho avancem para o topo da grelha? Todos os atletas querem isto, querem competir com os melhores e querem vencer os melhores”, complementou.