A edição 2021 do Dakar terminou com os triunfos de Stéphane Peterhansel (X-Raid MINI JCW) e Kevin Benavides (Honda) nas duas principais categorias, Autos e Motos, respetivamente. Os participantes portugueses também terminaram a competição, na qual obtiveram desempenhos dignos de destaque.

Para Peterhansel, a experiência de vencer um Dakar é já bem conhecida. Afinal, o francês venceu o seu 14a rali, sublinhando uma competência praticamente ímpar no todo-o-terreno – esta foi a oitava vitória à geral de Peterhansel nos carros, depois de já ter ganho por seis nas motos. Na tirada final, tirando partido da boa vantagem sobre Nasser Al-Attiyah (Toyota Gazoo), que voltou a ser o seu mais direto rival durante grande parte da prova, Peterhansel terminou em terceiro, atrás do seu colega de equipa, Carlos Sainz, que venceu, e de Al-Attiyah, com os três primeiros a caberem em apenas 2m53s.

Al-Attiyah fica em segundo na geral, a 13m51s, enquanto Sainz, que muito cedo ficou fora das contas da luta pelo triunfo, ficou com a terceira posição, já a mais de uma hora de distância.

Quanto à dupla portuguesa Ricardo Porém/Jorge Monteiro (Borgward), a 20ª posição final na classificação geral acaba por ser um ótimo resultado, depois de uma prova na qual se mostraram bastante consistentes, apesar de algumas dificuldades ocasionais mais significativas que obrigaram a perder algum tempo.

No final da prova, numa publicação no Facebook, Ricardo Porém confessou-se bastante satisfeito e orgulhoso pela prestação. “Foi uma prova muito dura, o nível está altíssimo, tem sido demais o ritmo que tem sido imposto nas etapas, mas nós conseguimos terminar, conseguimos fazer um top 20. Está bom, não foi 100% de acordo com o que gostaríamos, mas foi a corrida possível e estamos muito satisfeitos e orgulhosos com o que conseguimos”, afirmou o piloto já em Jeddah.

Houve mais portugueses a terminarem a prova, embora no papel de navegação, com Filipe Palmeiro (a navegar Benediktas Vanagas) a finalizar em 12o, enquanto José Marques (ao lado de Gintas Petrus) acabou no 31o lugar.

Nas Motos, Kevin Benavides fez história ao ser o primeiro piloto sul-americano a vencer o Dakar à geral, levando ainda grande alegria à equipa oficial da Honda, que obteve ainda uma ‘dobradinha’ com o segundo lugar de Ricky Brabec (4m56s de diferença para o vencedor), que conseguiu superar a KTM de Sam Sunderland na última etapa.

Foi a primeira vez desde 1987 que a Honda ocupou as duas primeiras posições na categoria, valendo ainda a pena apontar que Rúben Faria é o diretor da equipa nipónica no Dakar – um toque português para este triunfo numa prova que foi pródiga em reviravoltas e momentos dramáticos, sobretudo com os abandonos de favoritos como Toby Price ou Ignacio Cornejo.

Quanto ao contingente luso, Joaquim Rodrigues (Hero) foi o oitavo na derradeira etapa, pouco à frente de Sebastian Bühler (Hero), que foi o décimo, sendo estes os dois melhores da classificação geral, com os 11o e 14º lugares, respetivamente. Rui Gonçalves (Sherco) também esteve em boa forma, ao finalizar na 13a posição da etapa. Por fim, Alexandre Azinhais (KTM) merece igualmente destaque pela sua participação, pois se a sua moto o obrigou a desistir, conseguiu chegar a Jeddah, mesmo que sem posição na classificação geral.

Revelando grande consistência e aproveitando a sua experiência em competições de longa duração, Joaquim Rodrigues ficou ‘às portas’ do top 10, a cerca de 22 minutos da Martin Michek, que foi o décimo e o melhor das Hero, com Bühler pouco atrás, que demonstrou também ótimos apontamentos ao longo de quase toda a prova. Gonçalves também terminou num honroso 19o lugar da classificação geral.

Nos Veículos Ligeiros, Francisco Lopéz Contardo (Can-Am) obteve a sua segunda vitória nesta classe (juntando-se à de 2019), mas depois de ter chegado a ver as suas hipóteses fugirem por entre os dedos. Grande dominador da prova desde praticamente o seu arranque, um problema no final da primeira semana fê-lo perder quase uma hora, caindo para o quarto posto. Porém, um ritmo bastante forte e alguns azares alheios possibilitaram a sua vitória, terminando com 17m23s de vantagem sobre Austin Jones (Can-Am). O polaco Aron Domzala (Can-Am), que foi o maior rival de ‘Chaleco’ Lopez durante uma grande parte da prova, terminou em terceiro depois de ter herdado o comando aquando dos problemas do eventual vencedor até sofrer, ele próprio, problemas mecânicos.

Quanto aos portugueses, Lourenço Rosa e Joaquim Dias (Can-Am) terminaram na 15a posição da classificação geral, após uma prova muito consistente que apenas os últimos dias vieram atrapalhar, caindo alguns lugares. Também muito positiva a prestação da dupla Rui Carneiro/Filipe Serra (MMP), que acabou o Dakar 2021 na 26a posição, tendo feito uma corrida quase sempre a subir posições na geral.

Luto a ‘fechar’

O último dia do Dakar ficou marcado, ainda, pela tristeza da notícia da morte do motard Pierre Cherpin, que havia caído na sétima etapa, a 10 de janeiro e que faleceu durante o transporte aéreo do hospital de Jeddah para Lille, em França. Depois de ter sofrido um traumatismo craniano e de ter sido sujeito a uma intervenção cirúrgica, foi colocado em coma induzido, mas Cherpin não resistiu aos ferimentos.