Nasser Al-Attiyah (Toyota Gazoo) e Sam Sunderland (GasGas) foram os grandes vencedores da edição de 2022 do Dakar, disputado uma vez mais na Arábia Saudita, nas categorias de Automóveis e Motos, respetivamente.

Ambas as categorias estavam já praticamente definidas desde o penúltimo dia – mais ainda no caso dos Automóveis, na qual a diferença de Al-Attiyah para os demais era já muito grande há cerca de uma semana –, mas o Dakar é sempre pródigo em ‘golpes de teatro’ à última hora. Porém, nesta última etapa, nada de inesperado aconteceu os triunfos ficaram para Nasser Al-Attiyah e para Sam Sunderland nas categorias principais.

Nos Automóveis, o piloto do Catar regressou aos triunfos desde 2019, sendo também a primeira vez que vence a prova desde que esta se realiza na Arábia Saudita. Apesar de ter vencido com uma grande margem sobre os demais concorrentes, Al-Attiyah elogiu a capacidade das equipas rivais, mais concretamente da Audi e da BRX.

“Foi um Dakar incrível para nós, que não vencíamos desde 2019. Existiam três equipas sólidas capazes de vencer. O Matthieu [Baumel] e eu, a equipa, todos fizemos um ótimo trabalho para vencer. Terminámos em segundo de cada vez que viemos competir à Arábia Saudita e agora estamos realmente felizes por alcançar o nosso objetivo. A Toyota Gazoo Racing fez um trabalho fantástico no decurso do ano ao construir este novo carro”, afirmou o vencedor da competição no final da etapa de hoje, na qual terminou em 19º com o ritmo apenas necessário para chegar ao final e saborear mais um triunfo.

A classificativa foi ganha por outro Toyota Gazoo, desta feita por Henk Lategan, numa prestação que sela com chave de ouro a prova da marca japonesa e da sua nova Hilux T1+. Stéphane Peterhansel (Audi) terminou em segundo na especial, mas na classificação geral essa honra coube a Sébastien Loeb (BRX Hunter), que fez tudo para bater Al-Attiyah, mas no final teve de ficar com o segundo posto. O francês admitiu no final que “lutou até ao fim” e que tentou complicar ao máximo a vida de Al-Attiyah.

Na terceira posição do pódio, mais um Toyota Gazoo, desta feita o de Yazeed Al-Rajhi, tendo chegado a ser uma ameaça para Loeb, mas no final da prova o terceiro lugar acaba por ser um resultado bastante celebrado para o saudita que se estreou no Dakar em 2015. Outro BRX, de Orlando Terranova, ficou-se pelo quarto lugar, fazendo assim uma classificação alternada entre a Toyota e a BRX nos quatro primeiros lugares.

Quanto aos Audi, que ganharam algumas etapas, foram vítimas dos naturais problemas de juventude dos RS Q e-tron híbridos, que levaram a perdas de tempo gigantescas para Carlos Sainz e Stéphane Peterhansel, com Mattias Ekström a ser o melhor classificado da equipa, no nono posto.

Quanto à dupla português Miguel Barbosa/Pedro Velosa (Overdrive Toyota), o objetivo principal foi alcançado, tendo chegado ao final sem grandes sustos, terminando a etapa na 45ª posição, mas garantindo a 35ª posição na classificação geral. Uma prestação bastante segura para Barbosa, que já há largos anos que não participava no Dakar.

Miguel Barbosa

Nas Motos, Sam Sunderland (GasGas) venceu a prova pela segunda vez, cinco anos depois do seu primeiro triunfo, em 2017. Porém, foi uma estreia para a GasGas, que o inscreveu à última hora para esta competição em dezembro. Apesar de estar bem encaminhado, Sunderland nunca esteve descansado como Al-Attiyah nos Automóveis devido à curta vantagem sobre os seus outros dois rivais, Pablo Quintanilla (Honda) e Matthew Walkner (KTM).

O britânico de 32 anos confessou, no final, que “não podia estar mais feliz. Esta última etapa foi tão difícil e com tanto stress… Muita navegação, muitas notas traiçoeiras, muita confusão, por vezes e não estava certo de seguir no caminho certo. Sinceramente, a minha cabeça está prestes a explodir. Quando se vence o Dakar tudo vale a pena”.

Quintanilla ficou com o segundo lugar, enquanto Walkner ficou com o terceiro lugar da classificação geral, ficando a 3m27s e 6m47s, respetivamente.

Quanto à ‘armada’ lusa, Joaquim Rodrigues (Hero) foi o melhor representante, obtendo a 14ª posição no final, tendo também um triunfo em etapas para guardar no seu currículo. António Maio (Yamaha) esteve também em muito boa forma nesta edição do Dakar, finalizando a prova em 21º lugar, enquanto Rui Gonçalves (Sherco) ficou na 24ª posição, também ele autor de uma prestação bastante sólida.

Autores de provas muito consistentes e em melhoria constante, Mário Patrão (KTM) foi o 42º classificado, ao passo que Alexandre Azinhais (KTM) foi o 69º melhor. Arcélio Couto (Honda) terminou na 80ª posição, com Pedro Bianchi Prata (Honda) na 105ª posição.

Nos SSV, Austin Jones (Can-Am) venceu a prova com 2m37s de vantagem sobre o companheiro de equipa Gerard Farres Guell. Luís Portela Morais e David Megre (Can-Am) terminaram a prova na sétima posição final, naquele que é um excelente resultado para esta dupla que fez a sua estreia nos SSV no Dakar. A dupla Rui Oliveira e Fausto Mota (CRN Competition Team) também esteve em boa forma, terminando no 16º lugar.


O sonho de Patrão

Na sua oitava participação no Dakar, Mário Patrão conseguiu o triunfo na categoria de pilotos com 45 anos ou mais, conseguindo também o sexto lugar final na classe que representa o lado mais puro e extremo da prova rainha do TT mundial, a Classe Original by Motul.

“Estou super-feliz! Concretizei o sonho há muito adiado de participar na categoria Original by Motul. Queria levar-me ao limite e provar que, por mais lesões e adversidades, a minha persistência, garra e vontade estão cá! Foi duro, mas gratificante. Honrei os meus patrocinadores, o meu país e os meus fãs”, afirmou no final.

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