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Dakar: Recorde 40 anos de sorrisos, sonhos e muitas emoções fortes (parte 1)

1992: Pela primeira vez, a competição estendeu-se para lá da linha do Equador, entrando na parte mais a Sul do continente africano, com a linha de meta da cidade do Cabo, na África do Sul. A edição ficou marcada pela morte de Gilles Lalay, vítima de um acidente de viação no Congo durante uma ligação. Já na Namíbia, a subida repentina do caudal de um rio causou uma barreira inesperada aos competidores... Primeiro a chegar ao local, Stéphane Peterhansel tentou a sua sorte e 'escapou-se'... Já Danny Laporte(Cagiva) não teve tanta sorte e teve de ser resgatado pelo helicóptero de Gilbert Sabine, que decidiu neutralizar a corrida.
1994: Na 11ª etapa, o caos para os participantes que partiram de Atar rumo a Nouhadibou numa tirada de 630 quilómetros. As dunas fizeram muitas vítimas nesta edição, causando até problemas àqueles que já estavam muito habituados às agruras da areia africana. Praticamente toda a gente ficou presa na areia, motos e carros, tanto Mitsubishi como Citroën. Aumentam as tensões entre o diretor da corrida Fenouil (Jean-Claude Morellet) e Didier Auriol, que decidiu que a sua equipa, a Citroën, iria evitar a passagem pelo ponto intermédio número 8, mesmo que valesse uma penalização de cinco horas. Os dois Mitsubishi mantêm a rota original e são bastante penalizados competitivamente pela sua decisão. Ao km 246 as classificações são 'congeladas'... Pierre Lartigue (Citroën) vence na frente de Auriol.
2007: A grande 'guerra' entre Volkswagen e Mitsubishi com partida em Lisboa. Antes da crise económica levar a marca dos três diamantes para longe da competição de todo-o-terreno, houve tempo para uma dobradinha da marca (com Peterhansel na frente de Luc Alphand). Contudo, a ameaça da Volkswagen ficava já bem patente, com os Race Touareg (um nome apropriado) a mostrarem-se muito competitivos. Afinal, conquistaram dez das 14 etapas, com cinco nas mãos de Carlos Sainz. Problemas mecânicos no mesmo dia afastaram Sainz e Giniel De Villiers do triunfo...
2016: Loeb no melhor e no pior. O fenómeno dos ralis, Sébastien Loeb atraiu as atenções de todos na sua primeira participação no Dakar, tendo liderado a competição na primeira semana, ao longo da qual os percursos se adaptaram bem ao seu estilo de condução. Porém, a sua liderança chegou ao final depois do dia de descanso, quando Loeb e o seu copiloto Daniel Elena tiveram de enfrentar dificuldades com o piso, descobrindo aquilo que é o Dakar... Tudo piorou depois, quando o Peugeot se despistou a apenas 20 quilómetros da meta. O capotamento provocou vários danos no Peugeot mas viria a continuar, finalizando a competição no nono lugar.
2004: Muito mais do que apenas uma competição, o Dakar é também uma aventura cultural. As pequenas cidades africanas mostravam o seu entusiasmo com a chegada do Dakar e na capital de Burkina-Faso, Bobo-Dioulasso, desenrolou-se a Ramo, uma corrida em que os pilotos mais loucos do país se juntavam para exibirem as suas capacidades. Pequenas motos de 50 cm3 a mais de 100 km/h não conseguiam rivalizar com as performances da moto utilizada por Joan 'Nani' Roma, que seguia a caminho da sua única vitória do Dakar nas motos. Mas lá que eram divertidas de ver...
1986: Presos na lama. Ainda em choque pela morte de Thierry Sabine, o Dakar de 1986 prosseguiu para a capital senegalesa. Na categoria dos automóveis, os Porsche assumiram uma liderança confortável, mas a apenas dois dias do final da prova, a caminho de Saint Louis houve alguns momentos de pânico nas hostes germânicas. René Metge e Dominique Lemoyne passaram uma hora presos na lama, embora tenham conseguido retirar o seu 959 a tempo de manter o comando da prova, com os seus companheiros de equipa, Jacky Ickx e Claude Brasseur na segunda posição.
2011: A luta entre dois grandes nomes da competição automóvel, Carlos Sainz e Nasser Al-Attiyah. Companheiros de equipa na Volkswagen, a luta direta pelas posições cimeiras teve nestas duas figuras os grandes protagonistas, cabendo ao piloto do Qatar o triunfo depois de levar a melhor no duelo com o espanhol. Problemas mecânicos levaram-no mesmo a perder a segunda posição para Giniel De Villiers, mas os Volkswagen dominaram os acontecimentos, com o pódio completo.
2015: Salar de Uyuni. Turistas de todo o mundo deslocam-se a este deserto salgado para tirar fotografias a um dos lugares mais inóspitos do mundo em que o chão, o céu e o horizonte se fundem. O lago salgado da Bolívia estreou-se no Dakar em 2014, mas para essa ocasião apenas as motos puderam cumprir o trajeto. Em 2015, porém, os carros puderam participar em altitude, dando-se mesmo a possibilidade de uma partida em massa. Nasser Al Attiyah manteve a liderança e preparou-se para obter a sua segunda vitória em edições do Dakar.
2010: A regra é bem conhecida e válida para todos os participantes no Dakar. Uma falha de concentração pode ser catastrófica numa corrida de 9000 quilómetros. Cyril Despres, no entanto, teve aqui um momento raro em que se viu preso numa poça de lama no troço entre Copiapó e Antofagasta, no Chile. Não sem alguma polémica à mistura, já que Paulo Gonçalves, que ajudou a libertar a KTM do francês, ficou atolado na lama enquanto Despres retomava a competição... Nesta ocasião, viria a perder a liderança da prova e a cair para trás do seu rival, Marc Coma, separados por 1m26s. A luta viria a continuar até ao penúltimo dia, quando o espanhol se viu obrigado a abrandar o ritmo devido a problemas de caixa de velocidades na sua moto. Despres venceria pela quarta vez.
1996: O susto de Bruno Saby. Bastante experiente, o piloto Bruno Saby não evitou um momento dramático nesta edição do Dakar. A Citroën e a Mitsubishi dominavam na década de 1990 e o vencedor da edição de 1993, Saby, estava na equipa nipónica, preparado para enfrentar os líderes da equipa francesa, Pierre Lartigue e Ari Vatanen. Mas em Marrocos, na etapa que levava os competidores a Smara, o Pajero de Saby aterrou mal de um salto e seguiram-se diversos capotamentos. Apesar dos danos no carro, Saby e o copiloto Dominique Serieys escaparam a ferimentos e mantiveram-se em prova... terminando em sétimo na classificação geral.
2016: Uma história tão banal quanto cruel. Numa batalha pela superação pessoal, o britânico Chris Cork tentou completar a sua participação na corrida de 2016, tendo mesmo vendido a sua casa para reunir as verbas para ir ao Dakar. Na décima etapa, tentando resistir ao calor argentino, o seu progresso acabou por ser travado pelo cansaço e extenuação. Atirou a toalha quando o corpo desistiu...
1986: O Dakar de luto. O homem que havia imaginado esta competição e que a fez crescer viria a perecer no deserto vítima da queda do helicóptero no qual estava a ser transportado. A 14 de janeiro de 1986, Thierry Sabine viria a perder a vida, bem como a jornalista Nathaly Odent, Daniel Balavoine, Jean-Paul Le Fur, da rádio TFL, e o piloto François-Xavier Bagnoud. O pai de Thierry, Gilbert assumiu as 'rédeas' da competição daí em diante. Mas o seu 'maestro' original estava agora inculcado nas dunas africanas como lenda do Dakar...

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Em 2018, o Dakar, conhecido como o rali de todo-o-terreno mais difícil do mundo, cumpre a sua 40ª edição, tendo ao longo dos anos diversas histórias de suor, sangue e lágrimas. Umas de alegria, outras de deceção e outras, ainda, de compaixão.

Atualmente centrada no continente sul-americano depois de ter sido afastado do seu terreno africano original, o Dakar tem um peso histórico imenso, havendo muitos momentos inesquecíveis que a própria organização faz questão de recordar em curtos vídeos históricos.

Uma boa altura para recordar nomes históricos como Ari Vatanen, Jutta Kleinschmidt, Bruno Saby, Carlos Sainz ou Stéphane Peterhansel, apenas para citar alguns dos mais emblemáticos intervenientes do Dakar.