Poucos meses depois de um regresso triunfal ao calendário do Mundial de Fórmula 1, com a espetacular decisão do campeonato de 1984 entre Niki Lauda e Alain Prost, o circuito do Estoril recebia de novo a competição automóvel mais importante do mundo. A 21 de abril de 1985, esperava-se um tempo primaveril, mas a realidade trouxe um dilúvio e a confirmação de uma nova estrela no firmamento da Fórmula 1 – Ayrton Senna.

Na atualidade, o GP de Portugal de 1985 dificilmente teria tido lugar. A chuva copiosa que se abateu sobre aquela região tornou o Autódromo Fernanda Pires da Silva num autêntico lago que os pilotos assumiram como desafio. Passados 35 anos da demonstração prodigiosa de talento – que veio apenas confirmar a ideia que já tinha sido deixada no GP do Mónaco de 1984, então com um Toleman –, evoca-se o momento em que o jovem piloto brasileiro Ayrton Senna assumiu os comandos do seu Lotus 97T para uma prestação que se tornou parte do leque de recitais de pilotagem concedidos ao longo da sua carreira.

A pole position já havia sido sua e, na corrida, enquanto os seus rivais sofriam com a dificuldade de um circuito alagado, Senna controlava o seu monolugar negro e dourado nos 4.35 quilómetros de cada volta, demonstrando inapelável superioridade – todo o pelotão com exceção do segundo classificado, o italiano Michele Alboreto, num Ferrari, terminou com mais uma volta. E mesmo Alboreto ficou a mais de um minuto de distância na linha de meta. Apenas nove carros foram classificados ao fim de duas horas de prova, embora dois deles não tenham cruzado a linha de meta.

Mais tarde, olhando para trás, Senna diria sobre o seu triunfo lusitano que “foi o mais difícil da minha carreira”.

“Foi uma corrida dura, tática, curva a curva, volta a volta, porque as condições estavam em constante mutação. O carro escorregava em todo o lado – foi muito difícil manter o carro sob controlo. Uma vez cheguei a ter as quatro rodas na relva, totalmente fora de controlo, mas o carro regressou ao circuito. As pessoas mais tarde disseram que a minha vitória em piso molhado em Donington ’93 foi a minha melhor prestação – nem pensar! Aí tinha controlo de tração!”, referiu Senna.

Na sua segunda corrida pela histórica marca britânica, Senna alcançou a primeira das 41 vitórias da sua carreira (seis foram com a Lotus e as restantes com a McLaren).

Hoje, o Lotus 97T que foi pilotado poe Senna no Estoril é propriedade histórica da Classic Team Lotus, divisão da marca que se destina a manter o legado competitivo. Está sedeada em Hethel, no Reino Unido, e recorre a muita da experiência e aos designers, engenheiros e mecânicos daquela era para manter os carros em condições de pista.

Imagens cortesia do Classic Team Lotus.

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