Foi uma corrida eletrizante na noite da Arábia Saudita. Lewis Hamilton (Mercedes-AMG) venceu a primeira prova da modalidade naquele país, levando a melhor sobre Max Verstappen (Red Bull) após um longo e intenso duelo que ficou marcado, uma vez mais, pela controvérsia. Os dois pilotos partem para a última corrida da temporada em igualdade pontual. O GP da Arábia Saudita ficou ainda marcado pelas duas interrupções devido a acidentes e a momentos de bandeira (safety car virtual e ‘físico’) amarela para limpar destroços na pista.

O duelo entre Hamilton e Verstappen promete ser intenso até ao fim do campeonato e a corrida em Jidá comprovou que nenhum quer abdicar do cetro máximo da Fórmula 1 de 2021. Lewis Hamilton partiu da pole position, mas uma jogada estratégica da Red Bull colocou Verstappen em primeiro após a primeira interrupção da prova, causada pelo despiste de Mick Schumacher à 14ª volta, que obrigou a reparar as barreiras da escapatória.

Antes da bandeira vermelha, a corrida foi neutralizada pelo safety car, com Hamilton e Valtteri Bottas (Mercedes-AMG), que haviam partido bastante bem e ficado com os dois primeiros lugares a rumarem à boxe para montar os pneus duros, enquanto Verstappen ficou em pista, garantindo o primeiro lugar. Com a interrupção da prova, todos os pilotos que não haviam parado puderam trocar os pneus, o que efetivamente deixou Verstappen em primeiro (com pneus médios) e Hamilton em segundo (com pneus duros).

No recomeço, o primeiro momento quente da noite entre Hamilton e Verstappen. O britânico largou melhor, mas Verstappen retardou a travagem até ao limite e, apertado por Hamilton, cortou parte da primeira curva, enquanto Esteban Ocon (Alpine) aproveitou a confusão para se misturar na luta. Ainda chegou a estar em primeiro, mas foi prontamente ultrapassado por Verstappen, enquanto mais atrás um toque entre Charles Leclerc (Ferrari) e Sergio Pérez (Red Bull), que haviam sido também prejudicados pela interrupção da prova, lançou o caos e a falta de escapatórias levou também ao acidente entre George Russell (Williams) e Nikita Mazepin (Haas). Com diversos detritos em pista e carros para recuperar, a prova foi novamente interrompida.

Durante a paragem, a Direção de Corrida entendeu que a manobra de Verstappen na partida anterior tinha sido exagerada, pelo que deveria devolver a posição a Hamilton, então terceiro atrás de Ocon. O efeito prático foi que na terceira partida, Verstappen largou do terceiro lugar, atrás de Ocon, no lugar da pole, e de Hamilton.

Apagadas as luzes vermelhas, Verstappen aproveitou um ‘buraco’ e saltou para o primeiro lugar, enquanto Ocon segurou Hamilton apesar de um ligeiro contacto entre ambos. Na volta seguinte, Hamilton ultrapassou Ocon e encetou a perseguição ao comandante, com a diferença entre ambos a nunca exceder os dois segundos.

À 37ª volta, Hamilton tentou ultrapassar Verstappen com a ajuda do DRS, chegando a estar em primeiro por breves instantes, mas o piloto da Red Bull, uma vez mais retardando a travagem ao máximo, levou a que ambos saíssem pela escapatória da primeira curva, com Max Verstappen a manter o comando. Este momento viria a definir o rumo da prova, na medida em que a Direção de Corrida ordenou à Red Bull que dissesse a Verstappen para dar a posição a Hamilton, mas este não foi avisado pela sua equipa atempadamente. Neste conflito de comunicação, Verstappen abrandou substancialmente na travagem para a curva 27, a última do traçado, mas Hamilton, confuso, acabou por abalroar a traseira do Red Bull, danificando ligeiramente a asa dianteira do seu Mercedes.

Verstappen viria a ceder a primeira posição posteriormente a Hamilton na 43a volta, cumprindo o que a Direção de Corrida tinha definido antes, mas recuperou-a de seguida, aproveitando a vantagem do DRS na reta da meta, na medida em que deu a posição ao piloto da Mercedes no ponto de deteção do DRS, assim tirando partido desse facto.
Mas a história da prova ainda não estava definida, já que Verstappen foi penalizado com a adição de cinco segundos ao seu tempo de corrida, levando-o efetivamente a dar a liderança – de forma definitiva – ao seu rival, com o britânico a levar o seu carro até final sem problemas, fazendo por diversas vezes a volta mais rápida (que lhe deu mais um ponto), enquanto Verstappen chegou em segundo, cuidando dos seus pneus e limitando as perdas, uma vez que conseguiu ficar com a liderança, embora empatado pontualmente no campeonato de pilotos com Lewis Hamilton.

A luta pela terceira posição foi definida apenas na linha de meta, com Valtteri Bottas a roubar o pódio a Esteban Ocon nos últimos metros, uma vez mais tirando partido do DRS para levar a melhor sobre o piloto da Alpine. Daniel Ricciardo (McLaren) ficou com o quinto lugar, à frente de Pierre Gasly (AlphaTauri), ao passo que os dois Ferrari de Charles Leclerc e Carlos Sainz ficaram nas duas posições seguintes, tendo mesmo lutado entre si de forma mais intensa na pista.

Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) deu seguimento ao bom fim de semana com o nono lugar, à frente de Lando Norris (McLaren).

De resto, como seria de esperar num circuito bastante rápido, traçado entre muros e pouca margem para erros, não faltaram os toques entre pilotos. Além dos acidentes de Schumacher, Pérez e de Russell/Mazepin, também Sebastian Vettel (Aston Martin) e Yuki Tsunoda não evitaram um acidente mais vistos, com o alemão a ser vítima também de um ‘ataque’ destemperado de Kimi Raikkonen.

Com este resultado, o título de pilotos vai ser decidido na última prova, o GP de Abu Dhabi, estando Verstappen e Hamilton empatados na primeira posição com 369.5 pontos.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.