Com o anúncio do regresso da Fórmula 1 a Portugal, mais concretamente ao circuito de Portimão, a modalidade reencontra um destino que tem sido ocasionalmente escolhido para albergar corridas e que, ao longo dos 70 anos de história da competição, provocou alguns momentos icónicos do desporto.
A primeira aventura da Fórmula 1 por Portugal decorreu ainda na alvorada da Fórmula 1 enquanto modalidade, mais concretamente no ano de 1958, com o Porto a ser a primeira cidade a contar com uma prova a contar para o Mundial. Um circuito citadino por excelência, que teve duas edições, repetindo-se depois em 1960. A primeira corrida foi ganha por Stirling Moss, ao volante de um Vanwall, enquanto a segunda foi ganha por Jack Brabham, ao volante de um Cooper-Climax, naquela que era uma época em que os garagistas independentes conseguiam fazer frente aos grandes fabricantes, como a Ferrari.
Pelo meio, uma visita a Monsanto, na cidade de Lisboa, aproveitando uma parte daquela que é hoje a Autoestrada A5 que liga Lisboa a Cascais. Num percurso que ainda hoje se pode encontrar, o triunfo coube a Stirling Moss, mas nunca mais viria a ter lugar. Aliás, depois da segunda visita ao Porto, a modalidade saiu de Portugal e só regressaria 24 anos depois, para o Autódromo do Estoril.
Fruto do esforço de César Torres, o GP de Portugal implantou-se naquele traçado nos arredores de Lisboa entre 1984 e 1996, oferecendo durante os seus anos de ‘atividade’ alguns momentos memoráveis. Logo no ano de estreia, em 1984, a prova viria a decidir o campeão numa luta implacável entre Niki Lauda e Alain Prost, companheiros de equipa na McLaren, acabando o austríaco por vencer o cetro por meio ponto.
Depois, alguns meses depois, em abril de 1985, a prova lusa viria a servir de palco para a brilhante prestação de Ayrton Senna, que garantiu não só a sua primeira pole position mas também a primeira vitória da sua carreira em condições meteorológicas dramáticas. Seria a primeira de 41 vitórias do brasileiro.
Ao longo dos anos, a modalidade foi-se desenvolvendo sempre com visitas a Portugal, com a Williams a garantir um forte pecúlio no Estoril. Pertence à formação britânica o maior número de triunfos no GP de Portugal, com destaque para o período entre 1990 e 1996, ganhando por cinco vezes por Riccardo Patrese (1991), Nigel Mansell (1992), Damon Hill (1994), David Coulthard (1995) e Jacques Villeneuve (1996).
A prova viria a estar no calendário para 1997, mas a necessidade de obras de atualização por imperativos de segurança acabaram por ditar o seu cancelamento, decorrendo a corrida final da temporada de 1997 no circuito andaluz de Jerez de la Frontera. Depois, um longo hiato, cujo fim chegou a ser ‘sonhado’ com a criação do desafiante e inovador circuito de Portimão, que recolheu grandes elogios de quase todos os pilotos que ali testaram no inverno de 2008, preparando a temporada seguinte.
Porém, não só nunca se veio a concretizar, como os próprios testes da modalidade foram centralizados noutros países, mais concretamente na vizinha Espanha.
Com a pandemia, o azar trouxe a sorte lusa. Forçada a cancelar diversos Grandes Prémios, a Fórmula 1 teve de procurar alternativas, sobretudo na Europa, onde o coronavírus foi sendo controlado, mesmo que não eliminado. Corridas duplas no mesmo circuito e visita a outros traçados que não estavam no calendário original trouxeram a Fórmula 1 a terrenos lusos após uma travessia no deserto.
LISTA DE VENCEDORES
1996 Jacques Villeneuve Williams-Renault Estoril
1995 David Coulthard Williams-Renault Estoril
1994 Damon Hill Williams-Renault Estoril
1993 Michael Schumacher Benetton-Ford Estoril
1992 Nigel Mansell Williams-Renault Estoril
1991 Riccardo Patrese Williams-Renault Estoril
1990 Nigel Mansell Ferrari Estoril
1989 Gerhard Berger Ferrari Estoril
1988 Alain Prost McLaren-Honda Estoril
1987 Alain Prost McLaren-TAG/Porsche Estoril
1986 Nigel Mansell Williams-Honda Estoril
1985 Ayrton Senna Lotus-Renault Estoril
1984 Alain Prost McLaren-TAG/Porsche Estoril
1960 Jack Brabham Cooper-Climax Boavista
1959 Stirling Moss Cooper-Climax Monsanto
1958 Stirling Moss Vanwall Boavista