Após um desempenho sublime na sessão de qualificação para o GP do Bahrein, Charles Leclerc tinha a corrida na sua mão a apenas dez voltas do final da corrida. Contudo, problemas com a unidade propulsora do seu Ferrari SF90 deitaram tudo a perder, oferecendo a Lewis Hamilton (Mercedes-AMG) um triunfo de ‘mão beijada’, com Valtteri Bottas, no outro carro da marca alemã a ficar no segundo posto.

Uma corrida emocionante que teve um pouco de tudo, mas que teve em Leclerc um infeliz protagonista. Autor da pole position, acabou por ser batido por Sebastian Vettel e por Bottas nas primeiras curvas, mas rapidamente regressou ao segundo posto nessa mesma volta, para depois encetar uma perseguição a Vettel que culminaria com uma ultrapassagem sem muita resistência pela liderança.

Daí em diante, Leclerc parecia ter a corrida sob controlo, mesmo nos momentos em que teve de parar nas boxes. Enquanto isso, mais atrás, Vettel perderia a segunda posição para Hamilton nas primeiras paragens nas boxes, para em pista voltar a recuperá-la. Mas, após as segundas paragens, a proximidade entre Hamilton e Vettel desencadeou uma cadeia de incidentes azarada para o alemão da Ferrari. Primeiro, após a defesa a uma tentativa de ultrapassagem do seu rival (sem sucesso), não evitou um pião, que danificou os pneus e provocou uma enorme vibração na asa dianteira que, em plena reta oposta, se desintegrou de forma espetacular. Com isso, teve de voltar às boxes para trocar de pneus e de asa dianteira no seu carro. Regressado à pista em oitavo, viria a recuperar até quarto.

Na frente, Leclerc tinha uma vantagem de cerca de dez segundos, quando começou a reportar problemas no motor do seu Ferrari, acompanhando essas queixas com uma quebra acentuada de ritmo. A resposta veio na forma de que detinha problemas com a unidade de regeneração de energia, o que fazia cair a potência. Sem formas de se defender de Hamilton, não teve como evitar a ultrapassagem do britânico e, depois de o problema piorar, de Bottas, que estava a mais de 20 segundos.

A salvação do pódio acabou por resultar dos problemas alheios dos Renault, que alvos de uma coincidência pouco positiva, pararam em pista na mesma volta e na mesma curva, num final azarado para uma prova que até tinha sido bastante interessante por parte de Nico Hulkenberg e de Daniel Ricciardo. Ambos estavam nos pontos, mas o seu azar forçou a entrada em pista do safety car nas duas últimas voltas, assim salvando o terceiro posto de Leclerc da aproximação incessante de Max Verstappen (Red Bull), que na primeira fase da corrida não evitou um toque no McLaren de Carlos Sainz quando se defendia dos ataques deste na luta pelo quinto lugar. O espanhol viu a sua corrida estragada desde então, tendo de regressar às boxes para uma corrida que foi praticamente anónima depois de início tão promissor.

No entanto, para a equipa britânica, a ‘honra do convento’ foi salva pelo novato Lando Norris, que garantiu os seus primeiros pontos na Fórmula 1 com um ótimo sexto lugar, cabendo a Kimi Raikkonen o sétimo posto com o Alfa Romeo, superando Pierre Gasly, que teve de voltar a fazer uma corrida de trás para a frente com o seu Red Bull.

Outro estreante nos pontos foi Alexander Albon, da Toro Rosso, que esteve em bom plano igualmente, com o Racing Point de Sérgio Perez a finalizar o lote das dez posições pontuáveis na corrida.