Portela Morais não é um desconhecido destas andanças, tendo um currículo bastante interessante nas competições nacionais, não faltando também uma participação no Dakar em 2017, então aos comandos de uma moto. Porém, o piloto não logrou chegar ao fim da prova, gorando-se assim aquele que era o seu principal objetivo na época.
O sonho ficou interrompido, mas não apagado, pelo que, com o igualmente experiente David Megre ao seu lado, irá estar à partida da edição de 2022 do Dakar, que se irá realizar pela terceira vez na Arábia Saudita. Agora, no entanto, a bordo de um SSV, categoria que tem ganho imensa popularidade no Dakar.
A dupla terá o número 444 na prova saudita, com Luís Portela Morais a admitir que vai ser assim mais uma tentativa para cumprir o objetivo de terminar o Dakar, como reconhece em entrevista ao Motor24.
M24: O Dakar é, reconhecidamente, uma das provas mais duras no mundo. O que é que te motiva, uma vez mais, a enfrentar este desafio?
Luís Portela Morais: Completar o Dakar é um sonho que ficou por realizar após a queda de mota em 2017, por isso poder completar este sonho é se calhar a maior motivação. No entanto, a parte desportiva e de aventura são também grandes motivações. O Dakar é um rally muito duro que todos os dias nos obriga a superar-nos a nós próprios e são estas dificuldades e desafios duas coisas que me motivam, pois sendo muito competitivo, gosto sempre de me por a prova, e neste caso não só a mim mas toda a nossa excelente equipa.
LPM: Este projeto começou a nascer no lockdown de 2021 quando percebemos que o Campeonato Nacional poderia sofrer com todas as indecisões que havia, e esperando uma retoma na economia, pensámos que para os nossos patrocinadores poderia fazer mais sentido um projeto com a dimensão deste, do que participar no nacional.
Como é obvio, a participação do Dakar são valores muito mais altos do que o campeonato nacional, mas felizmente os nossos patrocinadores, em particular a BP, deram-nos um grande apoio para avançar com o projeto que nos dá as condições para estar á partida no dia 1 de janeiro.
As principais dificuldades num projeto desta dimensão é conseguirmos o ‘budget’ necessário para irmos com as condições ideais, que podem variar muito. Nós optámos por fazer uma estrutura própria e montar esta estrutura foi a segunda grande dificuldade, onde a experiência do Pedro Caixeiro e do David Megre fez com que conseguíssemos ter tudo em ordem.
M24: As motos foram a tua porta de entrada no Dakar, mas agora passas para os SSV Can-Am com a companhia do David Megre. Além da segurança mais vantajosa em relação às duas rodas, como é que vês esta categoria atualmente?
LPM: Para mim esta categoria já é uma certeza, são mais de 100 veículos inscritos, com grande competitividade. Acho que é a categoria certa para um desafio destes que esperemos que nos leve até ao final do Dakar.
M24: O David também é um nome já reconhecido no TT, com grande experiência. Porém, entre os dois ainda nenhum conseguiu terminar a prova. É esse o objetivo primordial para esta participação? Ou há algum resultado sonhado?
LPM: O principal objetivo é terminar. Não pensamos em mais nada. Acho que aprendemos com o passado.
M24: Sabendo que é uma pergunta algo ingrata, que dificuldades esperas para esta participação no Dakar, sabendo também que os próprios regulamentos da prova evoluíram ao longo dos últimos anos e que a Arábia ainda é um pouco território ‘desconhecido’?
LPM: Acho que num Dakar é impossível prever as dificuldades. A corrida em si é uma grande dificuldade, 13 dias dentro do carro, muitos quilómetros e pouco tempo de descanso. Depois a parte mecânica toda, sabemos que temos um grande carro e excelentes mecânicos, mas às vezes uma peça de um euro provoca-nos problemas. Assim, teremos que ter um compromisso entre estes dois lados para que tudo corra bem para chegar ao final sem problemas mais chatos.
LPM: Estou numa fase nova na vida profissional com um projeto novo que me muito motiva e para além da família, que é o principal, e tenho a sorte de ter o apoio de todos os que trabalham comigo para assumir um projeto desportivo com esta dimensão e obrigações junto dos patrocinadores.
Os meus projetos desportivos são definidos em conjunto com os meus patrocinadores, por isso quando os definimos obviamente que já contamos com a minha vida familiar e profissional. Felizmente os meus patrocinadores partilham os mesmos valores que eu e isso ajuda. Um exemplo é da UNA Seguros que um dos principais slogans que tem é “Preserving People” no qual sinceramente me revejo muito no mesmo.
M24: A situação da Covid-19 tem sido uma preocupação adicional para todos os participantes na prova. Como é que tu e o David têm lidado com esta circunstância um pouco incontrolável?
LPM: Como diz é mesmo incontrolável. Para além dos cuidados normais, nestes últimos dez dias temos estado mais resguardados. Infelizmente, é mesmo impossível controlar. No entanto, acho que as medidas atuais para vacinados não fazem muito sentido. Basta ver os exemplos dos jogadores de futebol que testam positivo e não os afeta minimamente. Há sempre dois lados, mas tem que começar a haver mais soluções às que existem atualmente.
Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.