A Associação de Promotores de Grandes Prémios de Fórmula 1 (FOPA) criticou publicamente a Liberty Media, entidade que é atualmente a detentora dos direitos desportivos da modalidade, considerando que algumas das decisões tomadas estão em oposição com o espírito histórico da modalidade, nomeadamente no que diz respeito ao afastamento de locais com maior tradição para o desporto.

Numa declaração pública, a FOPA explicitou que alguns dos pontos defendidos pela Liberty Media são contrários ao inicialmente previsto, com uma reunião realizada ontem a fomentar uma posição única entre os promotores dos eventos numa altura em que cinco dos grandes prémios – quatro deles com peso histórico – do calendário terão de renovar o seu contrato, nomeadamente, Alemanha, Espanha, Itália, Grã-Bretanha e México.

Os integrantes desta associação chegaram a acordo em três pontos basilares referentes ao desporto, sendo que um deles é a passagem da modalidade para canais de televisão por subscrição ou plataformas digitais pagas, com o consequente declínio de espectadores televisivos e das receitas de publicidade, bem como dos próprios recintos que albergam as corridas já que, havendo menos acompanhamento, o interesse também se reduz.

“Não é do interesse a longo-termo deste desporto que os adeptos percam acesso livre a conteúdo e transmissões”, lê-se num comunicado.

Por outro lado, lamentam a supressão de eventos tradicionais em favor de outros, explicando que “as novas corridas não devem ser introduzidas em detrimento de eventos já existentes, ainda que a associação seja encorajada pelos modelos de negócio oferecidos aos potenciais locais [para receberem corridas de F1]”, acrescentam, assumindo ainda que existe uma “falta de trabalho com os promotores na sua implementação”.

Circuitos ameaçam

Por outro lado, alguns promotores assumiram uma posição mais veemente, como foi o caso de Stuart Pringle, responsável pela organização do Grande Prémio da Grã-Bretanha, em Silverstone, que em declarações ao jornal britânico Daily Mail mostrou o seu descontentamento com os moldes atuais da negociação de alguns contratos e, em específico, com a tentativa de organizar uma corrida em Miami com um acordo que, de acordo com Pringle, seria “aparentemente um negócio de borla”.

“Isso não caiu bem em ninguém, muito menos com as pessoas do circuito de Austin, Texas, que estão a trabalhar arduamente para pagarem o seu evento. Se isto continuar, a Fórmula 1 vai estar a competir em circuitos de segunda linha, se é que em algum”, indicou, deixando no ar a ideia de que alguns dos circuitos históricos poderão abandonar a F1 e procurar negócios mais favoráveis noutras modalidades.

Recorde-se que muitos dos grandes prémios pagam somas avultadas para poderem figurar no calendário e que, atendendo ao decréscimo das receitas provenientes da publicidades e dos espectadores, começam a ter cada vez maior dificuldades para compensarem o dinheiro despendido.