A menos de duas semanas do regresso da Fórmula 1 a território português com o GP de Portugal no Algarve, o responsável máximo pelo circuito, Paulo Pinheiro, deixa a porta aberta para um eventual regresso da prova no calendário da modalidade em 2021.

Num ‘webinar’ organizado pelo Standvirtual, a respeito do impacto que a passagem da Fórmula 1 em Portimão poderá ter em Portugal, os oradores debateram o processo de preparação para o regresso da F1 a Portugal entre 23 e 25 de outubro, contando com os contributos de Paulo Pinheiro, CEO do Autódromo Internacional do Algarve, Isilda Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Portimão, e Pedro Matos Chaves, ex-piloto e um dos poucos portugueses a ter chegado à categoria maior do automobilismo mundial.

Num ano em que a pandemia mostrou ter efeitos devastadores na economia do Algarve, tradicionalmente muito dependente do turismo estrangeiro, Isilda Gomes considera que este evento irá representar “um impacto económico absolutamente incomensurável não só para a região como para o país” e avança que, no imediato, “os hotéis da cidade e dos municípios à volta estão praticamente lotados para a semana da prova”.

“Com tantos meses de pandemia, é muito difícil cobrir os défices acumulados em apenas duas ou três semanas. Mas a verdade é que esta injeção de capital nas empresas da região – e digo na região porque é bom para todo o Algarve, principalmente para Portimão – será uma lufada de ar fresco. A entrada de capital em outubro e novembro será fundamental para as nossas empresas”, explica. Acrescentou ainda que “os hotéis estão praticamente lotados para estas semanas e verificamos que os restaurantes, que costumam fechar em outubro, irão esperar pela realização da Fórmula 1 e eventualmente até do MotoGP”.

Por seu turno, Paulo Pinheiro, CEO do AIA, diz que é realista pensar na repetição da prova em 2021, mesmo que seja ainda bastante cedo para se debater o assunto: “Realista é. Obviamente que não está garantido, nem de longe nem de perto, é uma ambição que nós temos. Aliás, a nossa missão é fazer duas grandes corridas e fazer com que as organizações tenham a vontade e motivação de continuar aqui em Portimão. Há questões económicas, como o valor dos fees, que as organizações tentam maximizar, mas também é valorizado a qualidade do ambiente à volta do evento: hotéis, restaurantes, a facilidade de acesso ao país, o facto do nosso país, e em particular o Algarve, ser dos que apresenta taxas mais baixas de infetados por Covid-19, enfim, tudo isto faz com que estejamos numa posição privilegiada”.

O responsável pelo circuito acrescenta ainda: “O que sabemos das organizações é que os calendários do próximo ano ainda não vão ser normais, nem de F1 nem de MotoGP. O que deverá haver é quase uma cópia do calendário inicial deste ano e depois iremos assistir a uma reformulação do mesmo ao longo do ano em função da situação de cada país. Logo, o que temos de fazer é estar preparados para o caso de sermos chamados caso esta situação se venha a acontecer. Que é praticamente seguro”.

Numa análise mais técnica, Pedro Matos Chaves explicou quais serão os principais desafios que os pilotos irão encontrar no circuito de Portimão. “É uma pista muito divertida, que puxa muito pelos pilotos, é um desafio grande. Na volta de qualificação, que é mais rápida, a entrada na reta da meta deve ser espetacular. A curva 1 também vai ser engraçada, depois do gancho da reta por trás das boxes há ali uma primeira direita que acho que será muito gira, estes carros são fantásticos em curvas rápidas e fazem a diferença pelo peso e sobretudo pela aerodinâmica. Mas a volta de qualificação, em que os motores estão no auge, julgo que será dos momentos mais emocionantes para o público em geral”.