A rivalidade que começou cordial entre Max Verstappen (Red Bull) e Lewis Hamilton (Mercedes-AMG) foi-se deteriorando ao longo da temporada de 2021 da Fórmula 1, fragilizada a cada embate mais árduo entre os dois pilotos, que este ano estiveram um nível acima de todos os demais, mesmo dos seus companheiros de equipa. À partida para o GP de Abu Dhabi, este fim de semana, Verstappen e Hamilton têm o mesmo número de pontos (395.5), mas no final da corrida apenas um poderá sorrir com a glória máxima a repousar nos seus ombros.

Foi uma temporada repleta de emoções e de incidentes, parecendo a certa altura estar claramente inclinada para o lado de Verstappen. Porém, uma recuperação acentuada da Mercedes-AMG e uma série de prestações excecionais de Hamilton permitiram ao piloto britânico regressar à luta pelo título, aquele que poderá vir a ser o seu oitavo, um recorde absoluto se superar o número atual que detém em parceria com Michael Schumacher.

Para o neerlandês, esta é a sua primeira tentativa séria de chegar ao título, podendo queixar-se, de certa forma, de alguns azares que marcaram a sua temporada, como o rebentamento de um pneu quando liderava com folga o GP do Azerbaijão ou o incidente na partida do GP da Hungria, no qual Valtteri Bottas (Mercedes-AMG) levou à sua frente alguns oponentes. Apesar de tudo, Verstappen concluiu a prova, mas com imensos danos no seu carro, levando apenas um ponto. Mas, sobretudo, para o homem da Red Bull Racing fica a memória do contacto com Hamilton logo na primeira volta do GP da Grã-Bretanha que o levou ao abandono imediato.

Porém, as últimas provas, com destaque para o GP do Brasil e para o GP da Arábia Saudita, mostraram que Hamilton está mesmo disposto a vencer mais um título, exibindo-se a um nível excecional, claramente beneficiando também da melhoria substancial de competitividade do seu monolugar. No evento da semana passada, em Jidá, circuito novo para todos, a ‘guerra’ entre Verstappen e Hamilton atingiu novas proporções, não faltando acusações mútuas, defesas robustas e até contactos em pista que apimentaram a aproximação do último Grande Prémio da temporada, disputado no circuito de Yas Marina, onde a Red Bull e Verstappen dominaram o ano passado. No entanto, a Mercedes já adiantou que isso de pouco valerá este ano…

Se o duelo em pista foi ‘picante’, voltou a alimentar o imaginário da modalidade e a discussão entre os seus adeptos, esperando-se um acompanhamento como há muito não se via para a derradeira prova da época. Atendendo ao que se passou no Brasil e na Arábia, há quem não esconda mesmo o receio de um final como os de Suzuka 1989 (colisão entre Alain Prost e Ayrton Senna e título para o francês), Suzuka 1990 (os mesmos protagonistas, colisão semelhante mas desfecho diferente com título para o brasileiro), Adelaide 1994 (colisão entre Damon Hill e Michael Schumacher com título para este último) ou, ainda, Jerez 1997 (colisão entre Jacques Villeneuve e Schumacher, uma vez mais, mas com este último a abandonar e, pior, a ser desclassificado da própria temporada).

Isto porque a matemática é clara: será campeão aquele que marcar mais pontos na última corrida e, em caso de desistência de ambos, será coroado o piloto da Red Bull pois tem mais triunfos na temporada.
Hamilton contra Verstappen: No final do GP de Abu Dhabi apenas um dos dois terá maiores motivos para celebrar.

A disputa pelo título de construtores é outro dos pontos de interesse do Grande Prémio do próximo fim de semana, embora a Mercedes pareça muito mais encaminhada para revalidar um título que não lhe foge desde 2014, quando entraram em vigor as novas regras da modalidade com sistemas híbridos de propulsão. A diferença entre as duas equipas é de 28 pontos com vantagem para a Mercedes. Em contenda estão 44, o que torna a missão da formação de Milton Keynes praticamente impossível.
Os demais pilotos irão desempenhar o papel de atores secundários numa trama que se prevê enervante e tensa até ao seu desfecho, mesmo que Bottas e Sergio Pérez (Red Bull) possam ter alguma palavra a dizer na ajuda aos seus colegas de equipa na contenda pelo cetro máximo.

Adeus a estes carros e aos pneus de 13 polegadas

O próximo Grande Prémio de Abu Dhabi marcará também a despedida para estes carros, largamente semelhantes aos de 2020 depois de a pandemia ter levado a um adiamento da entrada em vigor dos novos regulamentos técnicos, inicialmente previstos para 2021. Assim, a partir do próximo ano, a aerodinâmica e o formato dos monolugares de Fórmula 1 serão totalmente novos, assim como os pneus, uma vez mais fornecidos pela Pirelli, mas com medidas diferentes. Os velhos pneus de 13 polegadas reformam-se e dão lugar a mais atuais pneus de 18 polegadas, numa medida mais condizente com a realidade da indústria automóvel.

Foto: Steven Tee / LAT Images/Pirelli Media

‘Sayonara’ Honda

Nome sonante da indústria automóvel e da competição, a Honda prepara o seu adeus à Fórmula 1, deixando a modalidade no final de 2021, com a sua unidade de motores a ser entregue à própria estrutura da Red Bull, que estabeleceu uma nova divisão para desenvolver os sistemas híbridos V6 a partir de 2022. O que é certo é que a Honda fará em Abu Dhabi a sua derradeira aparição na carenagem dos Red Bull e dos AlphaTauri e mesmo que a base e a tecnologia seja a mesma no próximo ano, a imagem será outra. Para todos os efeitos, com a marca japonesa a focar-se na eletrificação dos seus automóveis, fecha-se um ciclo que os apaixonados pela modalidade certamente lamentarão.

Kimi prepara o descanso

Quanto a despedidas, as únicas que ocorrem este fim de semana decorrem na mesma equipa, com Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi a deixarem a Alfa Romeo e, consequentemente, a modalidade. O primeiro, campeão em 2007 e veterano, deixa a competição rumo à reforma após uma carreira multifacetada em que, além do muito tempo que passou na Fórmula 1, andou também nos ralis e na NASCAR.

Já o italiano vai partir para outra modalidade de monolugares, mas bem mais silenciosos, esperando-se a sua participação na Fórmula E em 2022.

Em homenagem a ambos os pilotos, a Alfa Romeo irá competir neste último evento do ano com mensagens especiais para Raikkonen e para Giovinazzi.

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