Foi uma temporada repleta de emoções e de incidentes, parecendo a certa altura estar claramente inclinada para o lado de Verstappen. Porém, uma recuperação acentuada da Mercedes-AMG e uma série de prestações excecionais de Hamilton permitiram ao piloto britânico regressar à luta pelo título, aquele que poderá vir a ser o seu oitavo, um recorde absoluto se superar o número atual que detém em parceria com Michael Schumacher.
Para o neerlandês, esta é a sua primeira tentativa séria de chegar ao título, podendo queixar-se, de certa forma, de alguns azares que marcaram a sua temporada, como o rebentamento de um pneu quando liderava com folga o GP do Azerbaijão ou o incidente na partida do GP da Hungria, no qual Valtteri Bottas (Mercedes-AMG) levou à sua frente alguns oponentes. Apesar de tudo, Verstappen concluiu a prova, mas com imensos danos no seu carro, levando apenas um ponto. Mas, sobretudo, para o homem da Red Bull Racing fica a memória do contacto com Hamilton logo na primeira volta do GP da Grã-Bretanha que o levou ao abandono imediato.
Porém, as últimas provas, com destaque para o GP do Brasil e para o GP da Arábia Saudita, mostraram que Hamilton está mesmo disposto a vencer mais um título, exibindo-se a um nível excecional, claramente beneficiando também da melhoria substancial de competitividade do seu monolugar. No evento da semana passada, em Jidá, circuito novo para todos, a ‘guerra’ entre Verstappen e Hamilton atingiu novas proporções, não faltando acusações mútuas, defesas robustas e até contactos em pista que apimentaram a aproximação do último Grande Prémio da temporada, disputado no circuito de Yas Marina, onde a Red Bull e Verstappen dominaram o ano passado. No entanto, a Mercedes já adiantou que isso de pouco valerá este ano…
Se o duelo em pista foi ‘picante’, voltou a alimentar o imaginário da modalidade e a discussão entre os seus adeptos, esperando-se um acompanhamento como há muito não se via para a derradeira prova da época. Atendendo ao que se passou no Brasil e na Arábia, há quem não esconda mesmo o receio de um final como os de Suzuka 1989 (colisão entre Alain Prost e Ayrton Senna e título para o francês), Suzuka 1990 (os mesmos protagonistas, colisão semelhante mas desfecho diferente com título para o brasileiro), Adelaide 1994 (colisão entre Damon Hill e Michael Schumacher com título para este último) ou, ainda, Jerez 1997 (colisão entre Jacques Villeneuve e Schumacher, uma vez mais, mas com este último a abandonar e, pior, a ser desclassificado da própria temporada).
Isto porque a matemática é clara: será campeão aquele que marcar mais pontos na última corrida e, em caso de desistência de ambos, será coroado o piloto da Red Bull pois tem mais triunfos na temporada.
A disputa pelo título de construtores é outro dos pontos de interesse do Grande Prémio do próximo fim de semana, embora a Mercedes pareça muito mais encaminhada para revalidar um título que não lhe foge desde 2014, quando entraram em vigor as novas regras da modalidade com sistemas híbridos de propulsão. A diferença entre as duas equipas é de 28 pontos com vantagem para a Mercedes. Em contenda estão 44, o que torna a missão da formação de Milton Keynes praticamente impossível.
Os demais pilotos irão desempenhar o papel de atores secundários numa trama que se prevê enervante e tensa até ao seu desfecho, mesmo que Bottas e Sergio Pérez (Red Bull) possam ter alguma palavra a dizer na ajuda aos seus colegas de equipa na contenda pelo cetro máximo.
Adeus a estes carros e aos pneus de 13 polegadas
O próximo Grande Prémio de Abu Dhabi marcará também a despedida para estes carros, largamente semelhantes aos de 2020 depois de a pandemia ter levado a um adiamento da entrada em vigor dos novos regulamentos técnicos, inicialmente previstos para 2021. Assim, a partir do próximo ano, a aerodinâmica e o formato dos monolugares de Fórmula 1 serão totalmente novos, assim como os pneus, uma vez mais fornecidos pela Pirelli, mas com medidas diferentes. Os velhos pneus de 13 polegadas reformam-se e dão lugar a mais atuais pneus de 18 polegadas, numa medida mais condizente com a realidade da indústria automóvel.
‘Sayonara’ Honda
Kimi prepara o descanso
Quanto a despedidas, as únicas que ocorrem este fim de semana decorrem na mesma equipa, com Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi a deixarem a Alfa Romeo e, consequentemente, a modalidade. O primeiro, campeão em 2007 e veterano, deixa a competição rumo à reforma após uma carreira multifacetada em que, além do muito tempo que passou na Fórmula 1, andou também nos ralis e na NASCAR.
Já o italiano vai partir para outra modalidade de monolugares, mas bem mais silenciosos, esperando-se a sua participação na Fórmula E em 2022.
Em homenagem a ambos os pilotos, a Alfa Romeo irá competir neste último evento do ano com mensagens especiais para Raikkonen e para Giovinazzi.
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