BMW Z4 M40i: Velocidade furiosa, sim, mas em modo suave

19/10/2020

Roadster da BMW recupera uma imagem e um estatuto que são seus por direito. Com 340 cv, um design guerreiro, um capot longo e uma capota têxtil, o Z4 M40i cumpre com tudo o que se espera de um desportivo de dois lugares. Look e potência. Mas em modo suave, se faz favor. A idade já não é a mesma.

Até o mais perfeito dos roadsters consegue dar um tiro ao lado das suas ambições. Por vezes, basta uma capota rígida e demasiado complexa. Ou umas linhas muito ousadas, mas pouco inspiradas, para que o modelo não vingue. Ora, o BMW Z4 M40i que o Motor 24 ensaiou está determinado em apagar as impressões menos conseguidas da anterior geração. E poderá ter acertado em cheio em quase todos os desejos dos amantes dos desportivos de dois lugares. Quase sempre, a receita é apontar para uma fórmula simples. Combinar modernidade com elegância clássica. Imagem e potência. Neste caso, potência em modo muito suave, como a idade começa a reclamar. Esta talvez tenha sido a primeira grande surpresa ao volante do Z4 M40i: a subtileza com que coloca no asfalto os seus 340 cv, contornando transferências de massa e acelerando sempre de uma forma bastante equilibrada e controlada.

Centro da ação

Mas vamos por partes. Não há como começar pelo visual. Nunca será um detalhe num modelo com estas características. Capot longo e atraente e uma imponente capota têxtil, que demora 10 segundos a abrir e a fechar (ação que pode ser feita até uma velocidade de 50/km/h), parece fazer as pazes com as suas próprias raízes. Os tons de cinza e preto, da versão ensaiada, casam na perfeição. Sobriedade de cores, numa estética agressiva.

Em relação ao antecessor, o Z4 M40i cresceu em todos os sentidos: 85 mm mais comprido (4,32 m), 74 mm mais largo (1,86 m) e 13 mm mais alto (1,30 m). Por sua vez, a distância entre eixos encolheu 26 mm (para os 2,47 m), uma redução que não interfere, de forma alguma, com o habitáculo nem destabiliza a sua distribuição de peso. Algo que se vê do exterior e que se sente no interior é que todo o conjunto foi pensado e concebido a pensar no condutor.

Por falar no habitáculo, não há como deixar de mencionar a qualidade dos acabamentos. Tudo num estilo premium e conectado com o sistema operativo BMW 7.0, sendo apenas de criticar a total ausência de espaços de arrumação. Meros detalhes, perante as virtudes da posição de condução, dos bancos desportivos de apoio perfeito e do volante ajustável em altura e profundidade. O painel de instrumentos, elegante, é todo ele digital. A informação é apresentada pelo sistema BMW Live Cockpit Professional e projetada no para-brisas pelo head-up display – em opção, o passageiro também poderá ter acesso a esta informação, através da consola central.

O som e a fúria

A voz rouca do duplo escape é tudo. Ou muito. Imagem, potência e a banda sonora adequada. Num roadster como o BMW Z4 M40i, tudo tem de ser coerente. E é. O seu longo capot também não esconde a pujança deste motor de seis cilindros em linha, montado em posição longitudinal. São 340 cv a fazer-se ouvir bem alto, embora sempre domesticados. Apesar da tração traseira, o Z4 nunca é traiçoeiro. Não com a eletrónica (leia-se controlo de estabilidade) ligada. É possível antecipar os seus movimentos sem perder o gozo. Com os sistemas desligados? Bom, aí já será mais sobre a competência das nossas mãos.

O controlo de movimentos do chassis foi aperfeiçoado com a adoção de uma nova suspensão dianteira, de duplos triângulos, e uma revisão ao eixo traseiro, de cinco braços. O amortecimento adaptativo M Sport integra o equipamento de série, tal como os travões desportivos M Sport, tornando o Z4 M40i extremamente fiável. A sua energia sente-se logo nos regimes mais baixos. Acelera e recupera com um dinamismo só ao alcance dos predestinados. Sempre em controlo do momento, mesmo em curvas apertadas. O binário máximo é de 500 Nm, mantendo-se constante entre as 1600 e as 4500 rpm.

Os modos de condução permitem-nos assumir várias personalidades e estados de espírito: EcoPro, Comfort, Sport, Sport+ e Adaptative são as propostas deste roadster. Enquanto o EcoPro, tal como o nome sugere, tem preocupações com a economia e consumos e o Comfort procura, acima de tudo, a estabilidade e o conforto, já o Sport e ainda mais o Sport+ apontam à diversão e a uma condução mais nervosa. A mais coerente de todas as opções é a Adaptative, uma espécie de mix entre todas e que consegue adaptar-se a vários registos de condução. Por outras palavras, este é o modo a que regressamos, depois de algum tempo a experimentar o Sport+, aquele que permite perceber alguns números, como, por exemplo, os 4,6 segundos que demora no arranque dos 0 aos 100 km/h. Optar pelo modo Sport+ também é uma oportunidade de percebermos que os consumos de 7,4 l/100 km, anunciados pela marca, são uma mera miragem.

Por falar em números, falta referir o preço: 99.597 euros, já com todos os extras que se possa conceber e desejar, opcionais esses que encarecem em quase 30.000 euros o BMW Z4 M40i.

Fotos de Fernando Marques