Cruzando temáticas estéticas diferentes, o Citroën ë-C4 X é uma proposta que pretende colocar a marca francesa num patamar mais cimeiro, entre as gamas do C4 e do C5 X. A aposta por uma única versão com motor elétrico deixa o modelo como clara aposta na transição energética.

Sabe-se que o C4 X dispõe de diferentes versões de motorização, com variantes a gasolina, gasóleo e elétrica, mas apenas esta última será disponibilizada em Portugal, bem como noutros 13 mercados. A ideia é sublinhar o cunho de sustentabilidade da Citroën e o seu compromisso para com a transição energética, o que tem pontos positivos e outros negativos, sendo que aqui aponte-se claramente o preço da versão de entrada acima dos 40 mil euros.

Não deixa de ser elevado, mesmo com a promessa de incentivos e de benefícios fiscais. No entanto, sabe-se também que esta aposta resulta da análise dos dados retirados da comercialização da gama ë-C4, a qual representa já 35% das vendas do C4.

Aspeto vencedor

Visualmente, o ë-C4 X é um vencedor, dada a boa confluência de linhas que advém da combinação do cruzamento de filosofias em termos estéticos e funcionais, misturando os conceitos de berlina, fastback e SUV, dando até alguns ares de Ford Mustang Mach-E quando observado de traseira.

Com 4600 mm de comprimento, o novo ë-C4 X é maior do que o C4, que mede 4360 mm de comprimento, ainda que a distância entre eixos seja a mesma, 2670 mm. O coeficiente aerodinâmico de 0.29 Cd ajuda também a obter números mais favoráveis de autonomia e de eficiência, prometendo até 360 quilómetros entre carregamentos. A distância ao solo elevada cifra-se nos 156 mm, ideal para trajetos de dificuldade reduzida fora de estrada, mas o que demarca o ë-C4 X é a sua proficiência no conforto.

Uma das grandes bandeiras da Citroën, o conforto, surge novamente aqui em grande foco, com a suspensão Comfort Advanced com batentes hidráulicos a ser extremamente eficaz a isolar os ocupantes do mau piso e de lombas agrestes, beneficiando ainda de um interior pensado para oferecer uma experiência mais serena, sobretudo por causa dos bancos compostos por uma espuma suplementar de 15 mm de espessura que tornam as viagens mais agradáveis. Para quem valoriza o conforto, o ë-C4 X é mesmo uma aposta ganha, até porque o silêncio durante a condução e a ausência de vibrações também ajuda. Por outro lado, a qualidade dinâmica em curva é colocada em segundo plano, denotando alguma inclinação da carroçaria nas curvas feitas em apoio, mas sem colocar em causa a noção de estabilidade. Apenas… não é o seu campo mais forte.

A ergonomia é correta, com boa posição de condução, sublimada pelos tais bancos, com volante de pega correta e painel de instrumentos digital de pequena dimensão que é complementado pelo head-up display no topo do tablier, que é de série nos níveis de equipamento mais elevados.

Ao centro do tablier encontra-se o novo sistema My Citroën Drive Plus com ecrã de 10 polegadas e funcionamento como num smartphone, dispondo de widgets personalizáveis, reconhecimento de voz natural, updates remotos sem fios e conexão a sistemas Android Auto e Apple CarPlay, a que se junta ainda o carregamento wireless de smartphones. Os materiais usados a bordo não são excecionais, com um misto entre revestimentos macios e plásticos rijos que se podem encontrar na zona inferior do habitáculo, mas não desiludem.

O espaço da bagageira é o principal beneficiado pelo incremento nas dimensões exteriores, já que oferece muito interessantes 510 litros e 1010 mm de distância entre as cavas das rodas no interior, possibilitando então o transporte de objetos mais largos com um bocal igualmente amplo.

Ainda dentro da categoria do conforto, a marca inclui todos os aspetos tecnológicos, como os diversos sistemas de assistência à condução com 20 ajudas disponíveis, entre as quais o Highway Driver Assist que permite auxiliar a condução em autoestrada.

Desempenho multifacetado

O ë-C4 X aposta unicamente numa versão elétrica com um motor de 100 kW/136 CV de potência e 260 Nm de binário máximo, com a aceleração dos zero aos 100 km/h a demorar 9,5 segundos e a velocidade máxima (quando no modo ‘Sport’) de 150 km/h. A bateria de 50 kWh permite uma autonomia de até 360 quilómetros.

O condutor tem à sua disposição três modos de condução, entre o mais retraído ‘Eco’, ‘Normal’ e o mais espevitado ‘Sport’, que altera o registo de condução de direção, climatização e entrega da potência, ao passo que o modo ‘B’ (de ‘Braking’) junto aos seletores de condução permite um efeito de regeneração maior ao desacelerar, dispensando em muitos casos a utilização do pedal do travão.

Efetivamente, há uma diferença percetível nos desempenhos do motor (uma vez que há limites de potência distintos), com a entrega da potência a fazer-se forma muito mais moderada no modo de condução ‘Eco’, numa opção que privilegia sobremaneira a eficiência e a autonomia, que pode mesmo ser incrementada em cerca de dezena e meia de quilómetros neste modo. Mesmo que cumpra os seus objetivos, o condutor tirará melhor partido do ë-C4 X no modo ‘Normal’, que disponibiliza já um desempenho melhorado e prestações mais animadas para todos os tipos de ocasiões.

Por outro lado, caso pretenda a entrega máxima, deve escolher o modo de condução ‘Sport’, no qual se consegue extrair o máximo de potência, ou seja, os 100 kW e os 260 Nm de binário, mas julgamos que o modo ‘Normal’ servirá como melhor equilíbrio entre consumos e prestações, oferecendo 90 CV e 220 Nm de binário como patamar intermédio.

Num trajeto com 91 quilómetros pela zona em redor da cidade espanhola de Madrid, conseguimos obter um valor médio de 16 kWh/100 km, o que é muito apreciável.

No momento de recarregar a bateria, admite até 100 kW nos postos de carga rápida, o que lhe permite repor de 10 a 80% da carga em apenas 30 minutos. Num posto de 7.4 kW (‘wallbox’), o tempo de espera para uma carga completa é de 7h30, enquanto num posto trifásico AC com o carregador de bordo opcional de 11 kW (por 400€) o tempo é reduzido para 5h para uma carga completa. A bomba de calor de série também melhora a eficiência da climatização e diminui grandemente o impacto da mesma na autonomia do veículo.

A bateria tem uma garantia de oito anos ou 160.000 quilómetros para 70% da sua capacidade de carga.

Em suma

O Citroën ë-C4 X é um automóvel que permite à marca aceder a um novo nicho de mercado no qual o estilo e a funcionalidade andam de mãos dadas. No caso deste modelo, o conforto continua a ser um dos pilares fundamentais, tanto em termos de rolamento, como de experiência sensorial a bordo.

As prestações são bastante agradáveis, embora não excecionais, inserindo-se naquilo que se pode esperar para um modelo de segmento C, contribuindo para uma condução simples e desenvolta com mais racionalidade que imaginação para andanças desportivas.

Os preços começam nos 40.191€ para o caso da versão de entrada, naquele que é um dos seus pontos menos interessantes, como já atrás foi indicado, mas é um risco que a Citroën está disposta a correr em prol de uma melhoria de perceção ecológica dos seus modelos.

FICHA TÉCNICA
Citroën ë-C4 X Shine Pack
Motor elétrico: síncrono de íman permanente
Potência: 100 kW/136 CV
Binário: 260 Nm de 300 a 3700 rpm
Bateria: Iões de lítio, 50 kWh
Transmissão: Dianteira, caixa automática de relação única
Aceleração 0-100 km/h: 9,5 s
V. Máxima: 150 km/h (modo ‘Sport’)
Consumo médio (WLTP): 16 kWh/100 km
Autonomia elétrica (WLTP): 360 km
Carregamento (0-100%): 7h30 a 7.4 kW (AC); 5h a 11 kW (AC); 30 min. de 0-80% a 100 kW
Dimensões: (C/L/A) 4600/1834/1525 mm
Distância entre eixos: 2670 mm
Pneus: 195/60 R18
Peso: 1706 kg
Bagageira: 510-1360 litros
Preço: 44.191€

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.