Contacto Skoda Kamiq: Tantas razões para o sucesso

02/09/2019

Quanta qualidade neste pequeno Kamiq! A gama SUV da Skoda completa-se (para já, pois ainda falta lançar variante de produção do Vision X) com este modelo de dimensões mais compactas do que o Karoq que tem por base a plataforma MQB A0 e muitas das formulações dos outros dois SUV maiores (o já referido Karoq e o Kodiaq), mas envolto aqui numa premissa de maior acessibilidade.

Neste momento, já poucos se lembrarão, mas as marcas do Grupo Volkswagen, no qual se inclui a Skoda, não foram das mais lestas a ‘abraçar’ a tipologia SUV como tendência de mercado absoluta. Mas, com a diversificação massiva de carroçarias e segmentos, deitou-se mãos à obra e nasceram SUV para todos os gostos.

No caso da Skoda, a aposta começou há cerca de três anos com o Kodiaq, de maiores dimensões, chegando depois o Karoq, mais compacto. Agora, junta-se este Kamiq, mais um modelo de nome a homenagear a tribo Inuit, à qual são referentes também os outros dois modelos. Chegando ao mercado no início de 2020, o Kamiq não terá propriamente vida fácil, posicionando-se em segmento superpovoado, mas após o primeiro contacto com o novo carro da marca checa em França (com passagens por Suíça e Alemanha), ficámos plenamente convictos de que este é um dos carros de topo do segmento.

O primeiro ponto por que se destaca é o da qualidade geral. Seja na construção, seja nos materiais utilizados no habitáculo, o Kamiq tem uma presença de bom nível (só se lhe podendo apontar alguma falta de irreverência por dentro). Superfícies macias no tablier (em toda a sua extensão) e nas portas são um bom cartão-de-visita para este modelo, que tira partido ainda de um conceito de ergonomia estreado no Scala – com o qual partilha muitos dos componentes, ou não fossem primos afastados… –, bastante simples, em que o ecrã central tátil assume primazia: este tem três dimensões distintas, 6.5, 8.0 e 9.2 polegadas, sendo este último (Amundsen) o mais avançado em termos de funcionalidades.

Na nossa primeira experiência, encontrámos um sistema de fácil manuseamento, com menu de configuração não muito distinta daquele que se pode encontrar num dos outros modelos do Grupo Volkswagen, mas que tem como mais-valia a possibilidade de receber os sistemas Apple CarPlay e Android Auto sem fios, uma inovação para o segmento. Depois, outros itens bastante interessantes, como o Virtual Cockpit de 12.3 polegadas, um opcional muito bem-vindo, a loja de aplicações online, a função hotspot ou a assistente virtual a que a Skoda deu o nome de ‘Laura’. Nota positiva ainda para a bagageira, com 400 litros de capacidade, que pode ser ampliada para os 1395 litros com o rebatimento dos bancos traseiros.

Quanto ao estilo, desenho notoriamente distinto do que se encontra num Karoq, com faróis bipartidos e luzes diurnas em cima, ao passo que as jantes variam entre as 16 e as 18 polegadas. Também os indicadores de mudança de direção ganham atributo de sequencialidade.

Condução evoluída

Além da ótima impressão deixada pelo interior, a condução é outro ponto a destacar, sobretudo por obra da elevada rigidez torsional (recorreu-se a uma imensidão de aços de alta resistência) e pela afinação específica do chassis para este SUV, ao nível da direção e amortecimento, procurando combinar conforto e eficácia dinâmica, juntando-se ainda a posição de condução, quase mais ao jeito de um turismo do que de um SUV.

Experiência positiva, pois, aquela que registámos no percurso traçado pela Skoda para mostrar as capacidades deste Kamiq, sobressaindo no grande troço sinuoso de curvas pela sua estabilidade e segurança oferecida ao condutor seja nas curvas mais apertadas, seja nas mais velozes, além de mostrar ainda uma boa postura em mau piso, mesmo quando ativado o modo Sport dos perfis de condução, uma particularidade do chassis Sport, que rebaixa a suspensão em 1 mm e que oferece a possibilidade de contar com estes modos distintos de funcionamento – Eco, Normal, Sport e Individual. Atuando ao nível da resposta do acelerador e da firmeza de amortecimento, em termos práticos, não nos pareceu que a diferença entre eles fosse muito grande, mesmo que exista, naturalmente. Mas, certamente, a opção por esse acerto mais desportivo serve para tornar este modelo mais reativo aos comandos do volante e, sobretudo, mais ‘comunicativo’ na relação com o condutor.

Registada com agrado a impressão dinâmica, também as mecânicas sobressaem pela positiva, mesmo que já sejam ‘velhas’ conhecidas: a entrada na gama faz-se com o 1.0 TSI de 95 CV e 175 Nm, associado a caixa manual de cinco velocidades, seguindo-se variante de 115 CV e 200 Nm com caixa manual de seis velocidades ou automática DSG de sete velocidades. Ainda entre os blocos a gasolina, opção final para o 1.5 TSI de 150 CV e 250 Nm de binário (embora este não vá estar no lançamento) com caixa manual de seis velocidades ou DSG de sete. Depois, a gama a gasóleo conta com uma única opção, na forma do 1.6 TDI de 115 CV e 250 Nm, também com idêntica escolha de transmissões.

Pelas estradas do centro da Europa, pudemos experimentar os motores TSI de 95 e de 115 CV e o turbodiesel de 115 CV (este com caixa DSG), sobressaindo desde logo a ideia de que todos eles estão bem calibrados para as necessidades do Kamiq. O primeiro, sem ser um poço de força, regista valiosa elasticidade que lhe permite não estar dependente das reduções de caixa para manter o ritmo. Naturalmente, com maiores inclinações e mais peso a bordo, tende a ressentir-se um pouco mais, elevando até o ruído rouco e não estridente como se poderia esperar de um motor de três cilindros. Mas, as mecânicas TSI de três cilindros do grupo multinacional ganharam já uma reputação de refinamento, que se replica aqui, uma vez mais. Mas, fica a ideia de que o motor é ‘curto’ para as potencialidades do chassis do Kamiq.

Mais agradável pela disponibilidade em baixos regimes, o motor TSI de 115 CV permite já um pouco mais de dinamismo, dando maior andamento aos diversos momentos de condução deste Skoda, que sendo relativamente ligeiro, também aproveita para exibir a sua agilidade de forma mais evidente. Com 200 Nm de binário, pode muito bem ser a escolha da gama.

A opção turbodiesel também permite grande desenvoltura e equilíbrio entre prestações e economia, sobretudo quando aliada à eficiente caixa automática de dupla embraiagem DSG, que torna o motor mais reativo na condução.

Ponto a seu favor é ainda o dos muitos sistemas de segurança: tem a possibilidade de receber até nove airbags, contando ainda com o assistente de saída de faixa, alerta traseiro de trânsito cruzado, cruise control adaptativo (até aos 210 km/h), Front Assist com travagem autónoma de emergência e proteção dos peões, além de travões multi-colisão.

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Falta saber ainda o seu posicionamento em termos de preços, com a marca a indicar que terá um valor semelhante ao do Scala. No entanto, independentemente do que venha a ser escalado para o mercado nacional, o Kamiq afigura ter todos os atributos para batalhar com os ‘habitués’ do segmento, como o Peugeot 2008, Renault Captur ou os primos SEAT Arona e Volkswagen T-Cross.

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