DS7 Crossback 2.0 BlueHDi EAT8: Os diamantes nunca são de mais… nem o conforto

23/09/2018

Emancipando-se definitivamente da marca Citroën sob a qual foi erguida em 2015, a DS está numa fase de otimismo e expansão. Tal como já referimos por ocasião da apresentação internacional do DS 7 Crossback, a verdadeira história da DS começa aqui e agora, com este SUV de dimensões com que procura conquistar pela forma diferente de definir luxo.

Com efeito, o DS 7 Crossback tem uma aura de requinte que lhe é bastante particular, não havendo praticamente nada no mercado que lhe consiga rivalizar naqueles pequenos detalhes que ajudam a fazer a diferença. Um dos primeiros sinais de que estamos na presença de um modelo mais requintado surge no momento em que se pressiona o botão de destrancar no comando à distância (a palavra ‘chave’ já está ‘démodé’ ou ainda se pode usar?), momento em que o sistema de iluminação DS Full LED roda os seus três ‘diamantes’ nos faróis, numa movimentação que é cativante, parecendo um jogo de espelhos que é praticamente único.

Lá dentro, prosseguem os retoques únicos, como o relógio B.R.M. que se revela no topo da consola central, por cima do botão de ignição, ao passo que nessa mesma consola central entre os dois bancos da frente se podem encontrar os botões dos vidros elétricos cromados com o desenho incrustado da sigla DS da mesma forma que o símbolo… Pequenos detalhes que fazem a diferença. Bem menos interessante é o posicionamento do botão de travão de parque logo acima do de abertura do vidro do condutor, indiciando ao erro de carregar num quando se quer carregar no outro…

Concebido sobre a plataforma EMP2, o conforto é enorme seja em que lugar for, com bastante espaço à frente e atrás, nestes destacando-se a amplitude para as pernas e em altura, chegando bem até para os adultos em redor dos dois metros. Além disso, os encostos dos lugares traseiros têm ajuste elétrico podendo variar a inclinação dos mesmos e existe regulação independente da temperatura para esses. Mais um luxo. A bagageira disponibiliza 555 litros, o que é um valor bem interessante para um modelo do segmento, dispondo também de abertura e fecho do portão da bagageira de forma elétrica.

No geral, a DS conseguiu aliar de forma muito competente e apelativa o design com a funcionalidade própria de um SUV de requinte, merecendo também que se destaque a construção excelente e a utilização abundante de couro em revestimentos, tanto nos bancos, como nas portas.

Para o condutor, o painel de instrumentos digital é totalmente ajustável, com grafismos evoluídos e formas geométricas que replicam muitas das soluções aplicadas no interior ou até nos farolins posteriores, enquanto o ecrã central de 12.3 polegadas congrega em si todos os elementos do sistema de infoentretenimento, com teclas de atalho logo abaixo. É a partir do ecrã que se consegue aceder ao sistema de climatização ou ao sistema de áudio, uma solução que ainda gera algum foco de distração, mas que regra geral é fácil de utilizar.

Condução suave

Na estrada, o DS7 Crossback não renega à sua génese de conforto. Com um pisar extremamente sólido, este SUV proporciona doses massivas de suavidade, filtrando muito bem qualquer irregularidade da estrada. Se esse é o seu principal dom, também não deixa de ser um bom companheiro de condução, mostrando-se sempre muito equilibrado a curvar, mesmo que evidencie uma natural tendência para adornar a carroçaria, bem mais contida no modo Sport.

A suspensão adaptativa é uma mais-valia importante para uma condução que varia entre o conforto e o dinamismo, embora não se sinta uma diferença exagerada entre os modos Comfort e Sport (pelo meio há um Neutro). Porém, o modo Comfort promove um avanço tecnológico decisivo na forma de um modo preditivo de ‘leitura’ da estrada por diante (cinco metros), que consegue adaptar antecipadamente a suspensão para ‘lidar’ com os solavancos ou desníveis do piso. O sistema DS Active Scan Suspension funciona com recurso a uma câmara instalada sob o espelho retrovisor interior, sendo o segredo para atuação tão suave em percursos muito deteriorados.

Contribuindo para uma condução bem viva, o motor 2.0 BlueHDi de 177 CV e 400 Nm de binário surge associado a uma caixa automática de oito velocidades (EAT8) da Aisin, que se revela bastante competente no aproveitamento da energia do bloco turbodiesel, uma unidade de nova geração que é bastante eficaz nas respostas, promovendo igualmente ganhos na eficiência.

Com efeito, este motor mostra uma resposta muito satisfatória a qualquer regime, sobressaindo logo desde rotações muito baixas. O seu carácter é alterado consoante o modo de condução eleito, sendo que no modo Sport consegue extrair-se um pouco mais do seu potencial, pela alteração do mapa de entrega da potência e o momento das passagens de caixa. Em baixas rotações, o motor é audível, mas em viagem a velocidades de cruzeiro, o isolamento acústico bem executado torna o DS7 Crossback silencioso a bordo.

O consumo obtido no ensaio variou entre os seis e os sete litros (7,0 l/100 km no final de 100 quilómetros) – longe dos 4,9 homologados, mas não totalmente desfasado do que é uma utilização realista.

Pacote completo

Algo que poderia ser simplificado é a conjunção de níveis de equipamentos e inspirações. No caso do modelo ensaiado, tratava-se de um DS7 Crossback de nível So Chic com inspiração ‘DS Opera’ (4500€). Esta combinação traz consigo soluções como os faróis LED, o ecrã tátil de 12.3″, os sensores de estacionamento ou o painel de instrumentos digital.

Além disso, o conjunto de sistemas de assistência à condução (DS Advanced Safety Pack) é fundamental para reduzir os riscos de distrações ou acidentes. Exemplo disso é o sistema de travagem autónoma de emergência, reconhecimento de sinais de trânsito ou o detetor de veículos no ângulo morto.

De base, o DS7 Crossback tem um custo de 52.357€ com o motor 2.0 BlueHDi. Nesta configuração, com opcionais como Gold Byzantin (400€), o sistema de som HiFi Focal Electra com 14 altifalantes (900€), o teto de abrir panorâmico (1000€) ou o DS Sensorial Drive (300€), o valor a pagar aproxima-se dos 60.000€, um valor elevado que reflete o posicionamento mais Premium desta proposta, mas que no contexto atual das propostas do segmento, faz com que tenha uma batalha árdua pela frente.

VEREDICTO

O primeiro passo da DS de nova geração deu-se, de forma decidida, com este 7 Crossback (os modelos anteriores eram derivações de Citroën) e, como proposta inicial, este SUV cumpre perfeitamente o que promete. Sobretudo, pela inspiração requintada do mundo faustoso gaulês, demarcando-se de forma evidente de todos os outros modelos do género no segmento, como os mais clássicos BMW X5 ou Audi Q5. A condução é suave e o conforto quase reverencial, sendo ainda pela tecnologia embarcada que este modelo pretende marcar o seu próprio lugar numa categoria muito concorrida.

Para quem procura algo vincadamente diferente e requintado, o DS7 Crossback é um modelo que pode encher todas as medidas. Para os que preferem uma condução mais dinâmica e um pouco mais de discrição, o segmento tem outras propostas que podem ser igualmente interessantes. Seja como for, um ótimo esforço por parte da marca de luxo da PSA e uma declaração de intenções de ótimo nível.

FICHA TÉCNICA

DS7 Crossback BlueHDi 180 EAT8 So Chic
Motor: Diesel, quatro cilindros, injeção direta, TGV, intercooler
Cilindrada: 1998 cm3
Potência: 180 CV/3750 rpm
Binário máximo: 400 Nm/2000 rpm
Tração: Dianteira
Caixa: Automática de oito velocidades (EAT8), conversor de binário
Aceleração (0-100 km/h): 8,9 segundos
Velocidade máxima: 207 km/h
Consumo médio: 4,9 l/100 km
Emissões de CO2: 129 g/km
Peso: 1535 kg
Preço base da versão (ensaiado): 52.357€ (59.457€)

Mais: Conforto, requinte a bordo, prestações, espaço a bordo, equipamento.

Menos: Consumos, desenho pode não agradar a todos

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