Hyundai i30 Fastback 1.4 T-GDI: Elegância e funcionalidade em casamento perfeito

20/04/2018

Há muito arrojo pelos lados de Seul, cidade berço da Hyundai. A marca quer tornar-se a maior das asiáticas na Europa e continua a dar passos decididos rumo a essa meta, com a diversificação de modelos a ser um argumento importante. Veja-se o caso do i30: o compacto já deu origem a um ‘hatchback’ de cinco portas, a uma carrinha e a um desportivo radical que estreou a gama ‘N’. Agora, deu também azo a um ‘Fastback’, uma berlina de cinco portas ao estilo coupé que premeia o casamento perfeito entre funcionalidade e elegância.

O primeiro dos méritos da Hyundai com esta sua nova proposta é o da diferença: o i30 Fastback é diferente de quase tudo o que se pode encontrar nas marcas rivais nesta faixa de preço. O conceito ‘fastback’, não sendo useiro e vezeiro, é assim uma refrescante adição à gama da Hyundai, com um estilo bem mais elegante, ficando a meio caminho entre uma berlina convencional e um compacto de cinco portas.

Há no i30 Fastback um pouco de sentimentos mistos quanto a esta solução em termos de funcionalidade: o facto de ter um tejadilho com uma linha curva mais pronunciada a partir do pilar B faz com que o espaço para os ocupantes atrás, nomeadamente em altura, seja um pouco menos interessante do que no ‘hatch’, embora compense pelo facto de oferecer mais 55 litros na capacidade (450 litros no total), graças também ao aumento do comprimento em 115 mm.

Não desaponta, porém, na forma como oferece aos ocupantes desafogo ao nível das pernas e em largura, de certa forma, mesmo que os três passageiros de trás tenham de ir aconchegados cotovelo com cotovelo.

Ao nível da construção e apresentação interior, vale a pena mencionar a precisão encontrada neste âmbito, com painéis sem folgas e elevada qualidade geral, mesmo que abundem os plásticos de tato rijo no tablier. Mais do que seria de esperar, mas o ambiente geral é mesmo de solidez. Os comandos estão bem situados e o ecrã tátil de 8.0 polegadas da nossa versão é fácil de manusear e de leitura quase perfeita, bem situado no topo da consola central. A posição de condução é boa, mas a visibilidade traseira é afetada pelo óculo posterior muito estreito e pelos pilares C volumosos. Concessões ao design…

Mais firme

Outra diferença face ao i30 de base, notória ao cabo de escassos metros, reside no amortecimento. De forma a oferecer um comportamento mais dinâmico, os engenheiros da Hyundai mexeram na suspensão, que é 15% mais firme, descendo igualmente a distância da carroçaria a solo em 5 mm.

Na prática, essa alteração resulta num modelo que tem uma estabilidade direcional muito elevada, conseguindo até mostrar-se divertido de conduzir em percursos sinuosos, uma vez que a frente é incisiva e a direção, com assistência correta, mostra precisão, levando a que a trajetória seja bem delineada. O chassis mostra-se bem-nascido, o que ajuda na sua dinâmica de condução, mudando de direção com rapidez e sem grandes dificuldades ou rolamento da carroçaria muito pronunciado.

Por outro lado, a maior firmeza no amortecimento significa que as imperfeições no asfalto ganham maior notoriedade a bordo, sobretudo naquelas de grande frequência. Não são demasiado incómodas, porém. Poder-se-á dizer que foi um bom ‘trade-off’ para se ter um pouco mais de pendor dinâmico na condução.

Motor ‘espigadote’

Para o modelo Fastback, a Hyundai tem – por enquanto – duas motorizações disponíveis – um 1.0 T-GDi de 120 CV de potência e um 1.4 T-GDi de 140 CV, sendo com esta última (associada a caixa automática de sete velocidades) que nos fizemos à estrada durante o ensaio.

O motor, de 140 CV de potência e 242 Nm de binário às 1500 rpm, tem como credenciais a elevada elasticidade e um ótimo refinamento – mercê também do bom isolamento acústico -, que torna esta unidade numa proposta com muita energia para oferecer ao condutor e acompanhar dessa forma a tónica mais dinâmica que se pretende inculcar no Fastback.

Na sua essência, sem se aproximar de um desportivo (que também não procura ser, diga-se), o motor 1.4 Turbo a gasolina mostra-se desenvolto e competente para ritmos desafogados. Avaliando a sua performance, cumpre aquilo que promete, com prestações satisfatórias e suavidade elevada, em especial quando se parte para autoestradas.

No entanto, a caixa de dupla embraiagem não nos agradou tanto: nem sempre lê com a devida exatidão aquilo que o condutor pretende em cada momento, tardando, por exemplo, a reduzir a mudança para manter o ritmo – com exceção do modo Sport, mas aí também denota preferência para rotações mais elevadas, o que lhe retira méritos nos consumos.

A este respeito, a fasquia dos consumos está usualmente colocada na casa dos sete litros – no nosso caso, foi de 7,3 l/100 km, ficando algo longe dos 5,6 litros anunciados pela companhia coreana.

Equipamento a preceito

O i30 Fastback surge no nível de equipamento Style, que prefigura já uma série de tecnologias importantes, como a câmara de estacionamento traseira com linhas auxiliares dinâmicas, as jantes de 18″ com pneus Michelin Pilot Sport 4 em medida 225/40 (que também auxiliam na aderência à estrada) e o pacote de segurança Hyundai SmartSense, consistindo em sistema de alerta de fadiga do condutor (DAA), sistema de controlo automático dos máximos (HBA), sistema de manutenção à faixa de rodagem (LKAS), travagem autónoma de emergência (AEB) e Alerta de Colisão Dianteira (FCWS).

Dessa forma, os 28.350€ desta versão ficam bem defendidos…

VEREDICTO

Seria simplista dizer que o i30 Fastback apela, unicamente, ao lado emotivo, porque esta é uma proposta que também convence pelo lado prático. Antes de mais, regressando, de certa forma, ao que surge no início do texto, é importante dar-se o devido mérito à Hyundai por arriscar numa carroçaria que surge em nicho, mas que pode até surpreender, adaptando-se a quem procura um visual mais distintivo e uma condução mais envolvente, mercê de taragem mais firme e de maior controlo da carroçaria. Surge a troco de uma ligeira perda de conforto, mas é quase negligenciável este último aspeto pelo facto de se tornar mais interessante de levar em curva.

A funcionalidade acrescida da bagageira – embora alguns rivais sejam mais generosos – e o bom equipamento de série também são argumentos deste modelo que podem convencer os que já estão inclinados. Além disso, o motor 1.4 T-GDi é enérgico e competente, movimentando-se sem problemas e oferecendo prazer de condução. Votaríamos, no entanto, pela versão com caixa manual, que achamos poderá ser mais interessante do ponto de vista da condução (e mais acessível).

Por fim, também não será o preço a servir de obstáculo a quem olha para este modelo comparativamente com o i30 de cinco portas ‘curto’: por esse a marca ‘pede’ 27.640€, ao passo que este tem um preço base de 28.350€, o que não é muito diferente. A maior diferença em termos de vivência com os dois estará na habitabilidade traseira, já que no Fastback há menos altura atrás.

Contas feitas, o i30 Fastback é uma agradável surpresa e pode ser até a opção principal para uma pequena família, descontando algumas pequenas lacunas que são toleráveis pelo estilo. E, num mundo de racionalidade, desta vez, vamos pelo estilo.

FICHA TÉCNICA

HYUNDAI I30 FASTBACK 1.4 T-GDI STYLE DCT
Motor 1353 cc, 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler
Potência 140 CV às 6000 rpm
Binário 242 Nm às 1500 rpm
Transmissão Caixa automática de 7 velocidades, tração dianteira
Aceleração 0-100 km/h 9,5 seg.
Velocidade máxima 203 km/h
Consumo médio anunciado (medido) 5,6 l/100 km (7,3 l/100 km)
Emissões CO2 129 g/km
Comprimento/largura/altura 4455/1795/1425 mm
Distância entre eixos 2650 mm
Peso (c/ condutor) 1342 kg
Bagageira 450 – 1351 litros
Depósito de combustível 50 litros
Suspensão dianteira Independente McPherson
Suspensão traseira Suspensão multibraços
Pneus 225/40 R18
Preço base 28.350€

Mais: estilo, funcionalidade, condução, construção, motor enérgico e equipamento.

Menos: visibilidade pelo óculo traseiro, altura atrás e caixa.

 

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