Em primeiro lugar, o estilo deste Lexus é algo de notoriamente diferente, destacando-se pela ousadia num segmento em que o pragmatismo de linhas e o classicismo vão dando cartas. Pode não ser do agrado de todos, mas o desenho da Lexus é cativante pela sua robustez e agressividade, com especial destaque para as duas pontas do carro. Na dianteira, a grelha de grandes dimensões elipsoidal marca uma presença vincada na estrada, enquanto na traseira são os farolins, rasgados e de aparência dramática, a marcarem o tom de agressividade.
No interior, a Lexus atualizou apenas alguns dos detalhes deste modelo na sua renovação de meio de ciclo, com especial destaque para a melhoria dos materiais nalguns dos pontos. Num ambiente em que se está com notável tranquilidade, merece menção a grande profusão de elementos revestidos em pele nas portas, tablier e consola central, além dos bancos, naturalmente, que contam com aquecimento e ventilação.
O sistema de infoentretenimento com ecrã de 10.3 polegadas (uma novidade) é controlado a partir de um joystick situado na parte direita da consola central o que, com o carro em movimento, acaba por não ser uma solução ideal, já que se tem de se ter alguma pontaria para acertar com a ‘seta’ no item pretendido no ecrã. Merece pontos pela inovação, mas terá mesmo de ser aperfeiçoada. Mesmo que a inclusão do botão ‘Enter’ torne o seu manuseio um pouco mais fácil.
O que é também muito interessante é o sistema de áudio da Mark Levinson, que transforma o habitáculo do IS300h numa pequena sala de espetáculos, sobressaindo pela potência sonora. Uma mais-valia relevante…
Quanto ao espaço, eis algo que não falta a bordo. Atrás, os ocupantes podem estar à larga e não existem compromissos de habitabilidade, seja na altura dos bancos ao tejadilho, seja em termos de largura, que está também num patamar elogiável. Reconheça-se o nível muito bom da habitabilidade para um modelo que tem, igualmente, uma elevada quota de conforto, sendo fiel ao princípio ‘Omotenashi’ que a companhia tanto apregoa, que mais não é do que um conceito japonês de bem receber. Com efeito, ‘vive-se’ bem a bordo deste Lexus.Suavemente híbrido
Ao volante, este Lexus tem como grande destaque o seu conjunto híbrido, que alia um motor a gasolina de quatro cilindros em linha e 181 CV de potência, de ciclo Atkinson (reconhecido pela sua maior eficiência e suavidade de funcionamento) e uma unidade elétrica de 105 kW (143 CV), para uma potência total de 223 CV. Note-se que o valor da potência não reflete o total dos dois motores, uma vez que a potência máxima não está disponível ao mesmo tempo, daí surgindo um valor total de 223 CV e não os 324 CV que seriam a soma de ambas as potências. Um esclarecimento que resolve assim a questão que muitos poderiam colocar.
Com um ideal ecológico muito vincado, o IS300h é, na maior parte das vezes, um ‘eco-rolador’, ou seja, um modelo em que o motor elétrico assume as despesas da movimentação, poupando por isso o motor de combustão interna do gasto de gasolina.
Mais do que se falar na capacidade de fazer 16 quilómetros em modo 100% elétrico, o conjunto híbrido merece destaque por dar primazia, quase sempre, ao modo EV, aproveitando os momentos de rolamento em plano, desaceleração ou travagem para recuperar energia para as baterias. É neste jogo que se vive uma parte da condução do IS300h, que apela à eficiência e à tentativa de se ser poupado. No modo ECO, a suavidade é fundamental, com respostas um pouco mais atenuadas para maior eficiência, mas sem que isso ponha em causa a sua prontidão de resposta caso seja necessário.
Por outro lado, a caixa de variação contínua (CVT) volta a ser elemento presente, uma vez mais escolhida pela sua eficiência. Contudo, num apontamento recorrente, eleva o ruído quando em aceleração forte, além de que o modo sequencial da caixa é pouco entusiasmante, já que as passagens de relação são simuladas e não tanto uma exigência para se aumentar o ritmo.
Mas é nesta conjugação de feitios – entre o híbrido poupadinho e o despachado de estilo Premium – que reside a principal força do IS300h, aliando dois universos à partida tão díspares, mas hoje cada vez mais passíveis de serem associados. Depois, os consumos: podendo rodar muitas vezes em modo elétrico, o Lexus tem um consumo médio (testado em condições reais) de 5,8 l/100 km, o que se aproxima de forma muito interessante dos 4,7 l/100 km anunciados.
Saudável revisão comportamental
Em termos de comportamento, a Lexus fez um bom trabalho ao nível das suspensões, as quais foram revistas de forma profunda, havendo braço inferior em alumínio forjado, novas taragens de molas, novos amortecedores e os novos casquilhos superiores, proporcionando assim um aumento da rigidez, ao passo que atrás a suspensão multilink e a barra estabilizadora foram também alteradas para maior aprumo no comportamento. Assim, esta é uma vertente que torna o IS300h num modelo confortável e, ao mesmo tempo, competente no lado dinâmico, mesmo que nunca deixe de ostentar uma postura mais orientada para o refinamento do rolamento. Destaca-se, sobretudo, pela impressionante solidez geral, ainda que a entrega da potência em modo Sport, o acerto da direção e a suspensão eficaz permita adotar ritmos elevados em percursos sinuosos com elevada segurança e confiança. Pode não ter o dinamismo em estado puro de um Classe C ou de um Série 3, mas rivaliza com esses pelo cômputo dos seus atributos de qualidade de vida a bordo.
VEREDICTO
A Lexus mostra que tem nos seus sistemas híbridos total e plena confiança e este IS300h com renovação de meio de ciclo volta a fazer alarde dos trunfos da suavidade, refinamento e potência ‘à medida’ das necessidades, deixando-se guiar entre um modo mais ecológico de zero emissões e a maior competência desportiva do modo Sport. Aprimorado e com um amplo leque de utilização, o IS300h assume-se como uma forte alternativa a quem procura uma carta ‘fora do baralho’ face aos três fabricantes Premium alemães, apostando em imagem arrojada, eficiência elevada e um conforto a bordo que o coloca entre os melhores do seu segmento.
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