As motorizações Diesel já não são as grandes impulsionadoras de vendas que eram há apenas uma década, sobretudo nos segmentos inferiores, como o dos utilitários, no qual se insere o Peugeot 208. Mas, a marca francesa é inclusiva e não quer excluir do leque de oportunidades quaisquer opções, pelo que mantém a vertente Diesel para a nova geração do 208.

Aliás, essa é mesmo uma das características da nova plataforma CMP, utilizada pela marca francesa no 208 – mas também nos novos DS3 Crossback e Opel Corsa – o que lhe permite acomodar produção de versões a gasolina, Diesel e elétrica. No caso da unidade ensaiada, recorre-se ao já conhecido motor 1.5 BlueHDi, aqui com 100 CV de potência e 250 Nm de binário.

Unidade de nova geração, este motor turbodiesel mostra desenvoltura mais do que suficiente para uma utilização diária com correspondente economia de utilização, fruto de consumos bastante baixos, que facilmente se cifram na fronteira entre os quatro e os cinco litros por cada 100 quilómetros. É nesta combinação que reside o grande trunfo da mecânica 1.5 BlueHDi, que mostra energia e elasticidade bastante elogiável, até porque beneficia ainda das suas dimensões compactas e do baixo peso do conjunto.

As recuperações são eficientes e apenas em situações pontuais é necessário recurso à caixa manual de seis velocidades (com as duas últimas relações – quinta e sexta – de escalonamento mais alargado) para retomas mais rápidas. Ainda assim, numa apreciação geral, um motor muito competente, enérgico e resoluto nas suas prestações, com o benefício dos consumos baixos. Aliás, o consumo WLTP apontado é de 4,2 l/100 km e o resultado do nosso ensaio – 4,6 l/100 km – atesta exatamente essa condição.

De igual forma, também ajuda na condução, com uma dinâmica muito eficaz, mercê não só do acerto rigoroso do chassis – destaque para a precisão da direção –, mas também da escolha por pneus Michelin Pilot Sport que permitem uma motricidade muito boa, dando confiança e estabilidade em percursos sinuosos. Fá-lo sem ser desconfortável, mostrando também bons dotes de amortecimento, ainda que existam propostas mais confortáveis no seu segmento.

Interior avançado

O exterior é dominado pelas linhas agressivas, com iluminação LED em destaque nos faróis e luzes diurnas dianteiras em formato de ‘dente de leão’ (ou será um tigre de sabre?), que ladeando uma grelha ampla de leão no centro lhe concede uma postura agressiva e inconfundível. Na traseira, farolins ligados por faixa preta e contornos negros que lhe reforçam o visual desportivo. As jantes de 17″ desta unidade concluem a aparência distintiva no formato GT Line.

A bordo, a configuração evolutiva do i-Cockpit obriga a alguns concessões, nomeadamente com o posicionamento mais baixo do volante de pequenas dimensões, mas na unidade ensaiada com o nivel de equipamento GT Line, a instrumentação digital com perfil tridimensional (configurável) que, de acordo com a Peugeot, oferece maior segurança na condução, sobretudo em caso de alerta. Este nível de equipamento oferece ainda alguns elementos particulares, como o tejadilho forrado a preto ou os bancos com maior apoio ao corpo.

De resto, a consola central é dominada pelo ecrã tátil de 10” (opcional integrado no pack de navegação conectada 3D), que congrega uma grande parte das funcionalidades do veículo, com teclas de atalho por baixo para o sistema de áudio ou navegação, que se revelam úteis, mas que não eliminam por completo a necessidade de desviar o olhar do ecrã central. Valiosos, ainda, os diversos espaços para arrumação de objetos no habitáculo, destacando-se a ‘plataforma’ para colocar o smartphone na consola central.

Regra geral, a boa aparência dos materiais é acompanhada pela qualidade muito agradável dos mesmos, num bom equilíbrio entre plásticos rijos e macios. Mesmo assim, poder-se-á dizer que fica ligeiramente atrás do novo Clio, que estabeleceu um padrão referencial para a classe. Também a habitabilidade não é brilhante, sobretudo nos lugares posteriores, com abertura estreita para entrada e saída dos passageiros e pouca largura para um terceiro ocupante. Sobressai, em contraponto, no espaço para as pernas, que é bom, e na altura do assento ao tejadilho, que é aceitável para adultos de estatura média.

O motor BlueHDi revela-se um bom companheiro para todas as utilizações, sendo muito responsivo e económico em utilização quotidiana.

No capítulo do equipamento, o novo 208 fica num patamar muito bom quando no nível GT Line, que o coloca, no entanto, num patamar de preço mais exclusivo – 26.524€ –, embora com itens de série como o Pack Safety Plus (com travagem de emergência por câmara e radar), acesso mãos-livres com botão de arranque Start & Stop, ar condicionado automático, jantes em liga leve de 17 polegadas ‘Camden’, função ‘Mirror Screen’ com Android Auto e Apple CarPlay, sistema de ajuda ao estacionamento Visio Park com ajuda gráfica e sonora à frente e atrás, a que se juntam ainda os faróis em Full LED. Mas a versão ensaiada contava ainda com mais alguns opcionais, como a pintura de três camadas (610€), ligação mãos-livres com sistema Proximity (300€), navegação conectada 3D com ecrã tátil de 10” e seis altifalantes (640€) e Park Assist com ajuda gráfica e sonora atrás e ajuda ao estacionamento dianteiro (500€). Contas feitas, um total de 28.574€.

Veredicto

O Peugeot 208 transita de uma geração para a outra com os méritos de qualidade e de prestações inalterados, permanecendo como um paradigma de eficiência, qualidade de rolamento e rigor de construção, tirando partido também de uma base mecânica Diesel que lhe prefigura economia de utilização muito interessante, além de condução que se permite a ser divertida. Por outro lado, também repete alguns dos aspetos menos positivos do anterior 208, nomeadamente em termos de habitabilidade nos bancos traseiros e a ergonomia proporcionada por uma posição de condução que exige algum compromisso devido ao i-Cockpit de nova geração – mesmo que este segundo ponto não seja obviamente igual para todos os condutores, pois variam as preferências de posicionamento ao volante.

Na soma de todos os pontos, um utilitário com argumentos para lutar pelo lugar cimeiro do seu segmento, nutrindo a mesma postura confiante que o seu desenho agressivo sugere. Ainda assim, se esta versão Diesel é económica, convém fazer as contas comparativamente a uma versão equivalente a gasolina, que é desde logo mais barata na compra.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
Peugeot 208 1.5 BlueHDi 100 GT Line
Motor: Turbodiesel, 1499 cc, quatro cilindros em linha, injeção direta, turbo de geometria variável
Potência: 100 CV às 3500 rpm
Binário: 250 Nm às 1750 rpm
Transmissão: Caixa manual de seis velocidades; tração dianteira
Acel. 0 aos 100 km/h: 11,4 s
Velocidade máxima: 188 km/h
Consumo médio (WLTP): 4,2 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP): 109 g/km
Comp/Lar/Alt: 4055/1745/1430 mm
Distância entre eixos: 2540 mm
Peso: 1228 kg
Bagageira: 311 litros
Pneus: 205/45 R17
Gama GT Line a partir de: 22.750€
Preço da versão ensaiada: 28.574€

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