Com a mais recente geração do seu compacto familiar Ceed, a Kia não fez por menos. Em vez de se limitar à criação de duas carroçarias distintas, como é mais usual, optou por criar quatro derivações, que vão do compacto de cinco portas à mais recente versão crossover XCeed, apontando a uma franja de clientes que aposta mais num visual robusto do que numa verdadeira intenção de lides fora da estrada. E, como tal, acertou em cheio…

A Kia pretende tornar-se numa das marcas do pelotão da frente na Europa e, depois de ter inovado com o Stinger, criou declinações distintas do Ceed, demonstrando arrojo sobretudo com a criação de variante carrinha estilizada ProCeed, juntando agora mais uma alternativa para o concorrido segmento dos SUV compactos, o XCeed.

Com um bom conceito visual, que denota agressividade q.b. para um desenho apelativo e funcional, o XCeed assume um pendor otimizado de qualidade de rolamento, combinando de maneira eficaz o conforto – não obstante as jantes de 18 polegadas, únicas na gama em Portugal – e o dinamismo, mercê de um chassis muito bem afinado, com direção capaz de responder com precisão e rapidez aos desejos do condutor, oferecendo dessa forma uma experiência bastante segura e ágil (o rolamento da carroçaria é bem contido) para todos os tipos de percursos quotidianos. Merece, por isso, muito boa nota esta variante de ‘saltos altos’, que não tem grandes pretensões a aventuras ‘off-road’: apenas tração dianteira e, neste caso, motor 1.0 T-GDI a gasolina de três cilindros e 120 CV, aliado a caixa manual de seis velocidades.

Uma explicação para essa boa solução dinâmica reside na adoção de batentes hidraúlicos na suspensão, que suaviza o amortecimento em mau piso, sobretudo nas fases de compressão em mau piso, além de que as molas são igualmente mais macias para uma abordagem mais orientada para o conforto, uma opção contrária à tomada na ProCeed, mas que resulta bem no XCeed.

Com uma altura ao solo de 184 mm, que até é bastante apreciável, o XCeed está pensado mais para percursos urbanos e, quanto muito, estradões de terra batida e pequenas dificuldades que não obriguem a muito mais do que saber onde se colocam as rodas…

Este SUV merece ainda destaque pelas suas dimensões generosas no interior, refletindo, de certa forma, o crescimento exterior (mede 4,40 m de comprimento, 1,83 m de largura e 1,48 m de altura) face ao compacto de cinco portas de que deriva. Assim, beneficiam os passageiros dos lugares posteriores, três com algum aperto, que podem tirar partido de bastante espaço para a colocação das pernas e em altura, mesmo que a curva descendente do tejadilho junto ao pilar C torne mais reservada a ‘admissão’ de ocupantes com mais de 1,85 m. Face a outras propostas do segmento, tem ainda o benefício de ser mais luminoso e de ter vidros traseiros com maior visibilidade. Por outro lado, crescimento significativo da bagageira, que passa a oferecer 426 litros, mais 31 litros do que um Ceed de cinco portas.

A construção do interior recorre de forma acertada a uma combinação de materiais macios ao toque e plástico mais duro, sobretudo na zona inferior do tablier e portas, o que se pode considerar normal e não desvirtua uma apreciação muito positiva do habitáculo. Na consola central, o grande ecrã tátil de 10.25 polegadas permite maior funcionalidade e ambiente mais moderno, com a possibilidade de associar sistemas operativos Apple CarPlay ou Android Auto, além de apresentar informações exclusivas da condução em ecrã dividido (ou tripartido…) com outras funções, como a navegação.

Motor convincente

Na versão de entrada, podemos encontrar um competente motor a gasolina de três cilindros e injeção direta, que é bem mais do que apenas esforçado. Com elasticidade já elogiável, esta mecânica permite ânimo q.b. em condução mais empenhada, mesmo que dotado de naturais limitações quanto mais se sobe o ponteiro das rotações.

Embora o valor do binário não seja muito elevado (172 Nm), o facto de estar disponível logo em redor das 1500 rpm permite desafogo na condução em baixos regimes, correspondendo às expectativas e parecendo até mais veloz em aceleração do que os 11,3 segundos (homologados) dos zero aos 100 km/h afirmam. A caixa de velocidades tem escalonamento curto e manuseamento suave. Pelo lado menos positivo, embora seja uma característica inerente, a sonoridade tricilíndrica é facilmente detetável a frio, desvanecendo-se depois com os minutos e a velocidades médias.

O consumo médio centra-se na casa dos seis litros com relativa eficiência do pé esquerdo, aumentando para os sete litros por cada 100 quilómetros se o ritmo foi incrementado. Numa toada média, o nosso percurso de 100 quilómetros entre cidade, nacionais e vias rápidas devolveu um valor de 6,5 l/100 km, o que fica dentro do valor homologado por WLTP, o que se pode considerar meritório.

Bem equipado com itens como sensores de luminosidade e de chuva, estacionamento ou instrumentação digital com ecrã de 12.3″, o preço de arranque do XCeed a gasolina é de 21.990€ (já com desconto incluído de 4750€) na versão Drive, enquanto a versão ensaiada Tech já atinge os 24.490€ (também após desconto). Entre os opcionais, a pintura metalizada (430€) e o Pack ADAS (1100€), com Alerta Colisão Frontal Peões, Detetor de Ângulo Morto e Alerta de Tráfego à Retaguarda, acrescentam valor.

VEREDICTO

A Kia procurou jogar pelo seguro e, no segmento da moda, no dos SUV compactos, ‘atira’ o XCeed para a luta com fortes e válidos argumentos, sobressaindo não apenas pela estética, que é, definitivamente, um trunfo, mas também pela condução envolvente, precisão dos comandos, habitabilidade e dinamismo geral, sendo esta versão de 1.0 litro perfeitamente adequada para uma pequena família. A entrega da potência feita de forma ‘redonda’ (enérgico em baixas e em altas rotações) torna este motor T-GDI num bom companheiro de viagem. Arriscamos a dizer que a receita da Kia voltou a ser bem medida neste XCeed.

FICHA TÉCNICA

Kia XCeed 1.0 T-GDI 120 CV Tech

Motor 998 cc, 3 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler
Potência 120 CV às 6000 rpm
Binário 172 Nm às 1500-4000 rpm
Transmissão Caixa manual de 6 velocidades, tração dianteira
Aceleração 0-100 km/h 11,3 seg.
Velocidade máxima 186 km/h
Consumo médio 6,6 l/100 km
Emissões CO2 WLTP 150 g/km (130 g/km NEDC)
Comprimento/largura/altura 4395/1826/1495 mm
Distância entre eixos 2650 mm
Peso 1332 kg
Bagageira 426-1378 litros
Depósito de combustível 50 litros
Suspensão dianteira Independente McPherson
Suspensão traseira Independente
Preço base 29.240€ (com campanha: 24.490€)

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