Peugeot 508 2.0 BlueHDi 160: Uma grande ‘dor de cabeça’ para os alemães

06/11/2018

O novo Peugeot 508 quebra radicalmente com o legado do seu antecessor e mostra que a marca de Sochaux está mesmo empenhada em rivalizar com os Premium alemães (e de outras nacionalidades, como os suecos, italianos ou japoneses) naquela que é a uma das suas características principais: o requinte à primeira vista.

Poder-se-ia começar o ensaio de muitas formas, mas esta faz todo o sentido, uma vez que os olhos também ‘comem’: a nova geração do 508 utiliza um certo magnetismo para atrair atenções enquanto passeia o seu formato ‘fastback’ de coupé de cinco portas, com tejadilho curvilíneo e desenho agressivo.

Na frente, o entrosamento de grelha, faróis e assinatura luminosa (com tecnologia Full LED 3D) a ‘rasgar’ as laterais do para-choques apresentam um modelo radical, que embora avançado não esconde uma ligação com o passado na forma da sigla 508 incrustada no capot, evocando o ‘velhinho’ 504. Uma prova de que o ‘respeitinho’ pelos mais velhos é muito bonito.

Na traseira, há dois pontos de destaque. O primeiro é o portão de grandes dimensões com abertura elétrica que esconde uma bagageira ampla e versátil e o segundo é o desenho dos farolins integrados numa faixa preta disposta à largura do 508, dando-lhe uma pose mais larga e robusta. A tecnologia LED dos farolins simula os já característicos ‘rasgos’ das garras do leão.

No interior, o novo 508 aplica o conceito i-Cockpit que já é conhecido dos SUV como o 3008 ou o 5008, o que quer dizer que tem um desenho moderníssimo do habitáculo, sobretudo quando se olha para o painel de instrumentos totalmente digital personalizável com modos distintos – entre o mais simples, o clássico ou o dedicado à navegação, o condutor tem várias escolhas – que traduzem alta funcionalidade. O volante, de topo e base mais plana, tem dimensões reduzidas e haverá sempre que encontrar uma posição de condução que seja do agrado do condutor.

Na consola central, a integração intuitiva de teclas de estilo piano para ‘atalhar’ nas funções do ecrã tátil de 10 polegadas funciona bastante bem. Avançado, o sistema de infoentretenimento proposto pela Peugeot dá aos ocupantes acesso à navegação, multimédia ou partilha de smartphones. Abaixo das teclas e do ecrã tátil de ótima visualização aparece, em terceiro nível, um grupo de comandos funcionais, como os do aquecimento dos bancos ou o do desembaciador dos vidros. Ergonomicamente, reparo apenas para o botão dos modos de condução, situado atrás da alavanca da caixa, pelo que nem sempre é fácil aceder ao mesmo. De resto, ótima qualidade geral e montagem requintada de todos os painéis, com a Peugeot a surgir aqui em patamar muito elevado.

A habitabilidade é, no entanto, um misto, sobretudo quando se avalia o espaço disponível atrás. A linha de tejadilho descendente no ‘caminho’ para o pilar C obriga a baixar muito a cabeça na entrada e na saída desses lugares, ao passo que a altura do assento ao teto, pelos mesmos motivos atrás mencionados, podem limitar o conforto de adultos mais altos. Mas, existe muito espaço para as pernas e mesmo a largura é bastante interessante, pelo que o 508 assume-se como um bom familiar. A bagageira, com os seus 487 litros, é imensa e tem acesso facilitado pela tampa da bagageira

É também na estrada que se sente um grande progresso no 508. As ligações ao solo (com destaque para o eixo traseiro multibraços) permitem um ótimo equilíbrio entre conforto e dinâmica, sendo eficaz a absorver o mau piso, mesmo no mais rugoso, e ao mesmo tempo muito preciso na hora de ‘atacar’ percursos mais sinuosos. O rolamento da carroçaria é muito bem contido e a direção tem precisão adequada para transmitir ao condutor a segurança necessária para viagens feitas com mais ritmo quando assim for necessário. Em termos de ergonomia, a visibilidade para trás é limitada pelo visual fastback da carroçaria. Não há bela sem senão…

Claro que tudo isso não pode ser dissociado do motor 2.0 BlueHDi de nova geração com 160 CV e 400 Nm, aqui associado a uma muito competente caixa automática de oito velocidades (EAT8), que trata de extrair sempre o melhor nível de performance do bloco turbodiesel. Rápido nas respostas e bastante suave na subida de regimes, o motor deste Peugeot tem ‘alma’ e permite prestações desafogadas, sendo uma ótima solução para quem procura desafogo e energia para todas as situações.

SEGURANÇA DE NOTA ALTA

Um dos pontos de destaque em matéria de segurança neste novo 508 é a Night Vision Technology. Graças a uma câmara montada na grelha dianteira (junto ao leão), a condução noturna é facilitada com a transmissão de imagens para o painel de instrumentos, o que é particularmente útil em condições de visibilidade débeis e quando na via se encontram peões ou animais. Funcional, a imagem transmitida na instrumentação digital surge acompanhada de um som. Opcional, tem um custo de 1200€.

Os modos de condução presentes neste 508 em versão GT Line alteram ligeiramente alguns parâmetros da condução, havendo cinco à escolha: Normal, ECO, Comfort, Desporto e Manual. Na prática, a diferença entre eles é pouco nítida, embora o modo desportivo seja um pouco mais reativo – ainda que atue essencialmente ao nível da caixa.

Os consumos, apesar de tudo, são contidos, com esta mecânica a apresentar uma média na casa dos cinco litros (5,6 l/100 km), o que atesta bem a eficácia em termos de eficiência.

Vamos a contas…

Contas feitas, os 47.300€ pedidos por este 508 com motor 2.0 BlueHDi ficam na média daquilo que é típico no segmento para este nível de equipamento e de performances, mas em alternativa, o 508 está também disponível com motor 1.5 BlueHDi de 130 CV, portanto ligeiramente menos eficaz, a partir dos 35.300€ (Active). Porém, o equipamento desse é mais parco… O mesmo se aplica à versão de entrada deste motor 2.0 BlueHDi (Active), que está disponível por 41.700€, sendo que aqui sempre poderá beneficiar da desenvoltura da mecânica turbodiesel.

No nível GT Line, conta com a tecnologia Peugeot Full LED, acesso e ligação mãos livres, espelhos com rebatimento elétrico e iluminação de acolhimento em LED, travão de estacionamento elétrico com ajuda ao arranque em plano inclinado e travão automático, ar condicionado automático bi-zona com saída de ventilação para os lugares traseiros, vidros laterais traseiros e óculo traseiro escurecido, volante em couro perfurado com elementos cromados e monograma GT Line, Pack Safety Plus (reconhecimento dos sinais de trânsito, alerta de veículo, deteção de fadiga e assistente de iluminação de máximos) ou o Pack City 1 que aporta assistentes de estacionamento à frente e atrás, câmara de marcha-atrás e visão superior 360 graus. Além disso, há recarga de smartphones wireless e jantes de 18” Hirone bi-ton diamantadas e verniz cinzento Dust.

VEREDICTO

O novo 508 é uma proposta fortíssima no seu segmento, posicionando-se como uma alternativa realista aos ‘suspeitos do costume’ teutónicos. Com um visual que se pode considerar bastante arrojado (apenas os senhores da Lexus costumam ousar tanto), o novo 508 chama a atenção por onde passa e traz consigo o apelo emocional que, por vezes, ajuda a pesar nestas decisões de compra.

Com o motor 2.0 BlueHDi em associação à caixa automática, o condutor ganha em prestações e eficácia, tirando ainda partido de um desafogo ao volante que se habilita mais ao estatuto Premium. O nível de equipamento GT Line é um dos mais recheados, trazendo consigo um misto de desportividade e elegância que os 47.300€ justificam plenamente.

FICHA TÉCNICA

Peugeot 508 2.0 BlueHDi 160 EAT8 GT Line
Motor: Turbodiesel, quatro cilindros, injeção direta, TGV, intercooler
Cilindrada: 1997 cm3
Potência: 160 CV/3750 rpm
Binário máximo: 400 Nm/2000 rpm
Tração: Dianteira
Caixa: Automática de oito velocidades (EAT8), conversor de binário
Aceleração (0-100 km/h): 8,4 segundos
Velocidade máxima: 230 km/h
Consumo médio: 4,5 l/100 km
Emissões de CO2: 120 g/km
Peso: 1530 kg
Preço base da versão (ensaiado): 47.300€ (54.490€)

MAIS: Requinte; visual arrojado; prestações e eficácia do motor 2.0 BlueHDi; condução equilibrada entre conforto e dinamismo.

Menos: Visibilidade para trás; Habitabilidade em altura no banco traseiro.

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