Peugeot Rifter 1.5 BlueHDi 130: Ter família é uma aventura

22/07/2019

Por certo que já lhe aconteceu uma vez na vida experimentar o conceito de ‘ir à terra’ e regressr com o carro mais atafulhado do que na viagem de ida. Se isso já lhe aconteceu é normal. É o conceito a que se chama família e envolve muita aventura à mistura.

Geralmente, uma parte da ‘aventura’ é encaixar todas as bagagens no carro ao estilo Tetris para poder seguir caminho sem deixar nada para trás. E é nesses momentos que se pensa como seria bom ter um veículo multiusos. É a ‘deixa’ para a entrada em cena de um MPV como o Rifter da Peugeot…

Se na anterior geração, a marca do leão tinha uma denominação única para a sua gama de veículos profissionais e particulares, a Partner (a Tepee referia-se à gama para uso particular), a chegada de uma nova geração de comerciais ligeiros deu à Peugeot uma forma de começar do ‘zero’. Pelo menos, em termos de identidade, diferenciando o modelo Partner destinado a atividades profissionais do Rifter, vocacionado para a família e para atividades lúdicas fora de casa.

Com esta ideia, quis propor uma alternativa aos SUV ou às carrinhas, que podem nem sempre servir os propósitos de quem tem família avantajada em termos numéricos e muito material de ‘apoio’ para levar em associação.

O principal conceito deste Rifter é mesmo esse, o da versatilidade, desde logo na arrumação de objetos, havendo diversos locais espalhados pelo habitáculo para guardar ‘tralha’. De tal forma que, se for distraído(a), pode muito bem perder artigos dentro deste versátil aventureiro.

Há compartimentos no tablier (o passageiro tem porta-luvas duplo), atrás do ecrã tátil, na consola central (aqui com um alçapão profundo) entre os dois bancos da frente, na parte dianteira do tejadilho e nas portas, além doutros espaços de arrumação disponíveis.

Em destaque está a ‘caixa’ muito bem pensada colocada na zona traseira interior do tejadilho, junto à bagageira. Extremamente útil para guardar objetos mais pequenos ou delicados. Já o enorme portão traseiro não é assim tão interessante de manusear, sendo pesado a levantar e a fechar (por ação de uma pega).

A bordo também há espaço de sobra para todos, com a sua largura a permitir então que viajem cinco passageiros com relativo desafogo, sendo os bancos traseiros igualmente individuais, deslizáveis longitudinalmente e rebatíveis, para modularidade mais avançada.

Ainda assim, se o espaço é imenso face às dimensões exteriores enganadoras (parece ser mais pequeno do que é), o Rifter não esconde a sua proveniência: os plásticos duros são classe dominante no habitáculo, mesmo que aparentem robustez. Pedia-se um pouco mais, mas em última instância alinhas-se com o espírito aventureiro do Rifter e com a sua ideia de funcionalidade e conveniência.

Ao volante, depois de arrumadas todas as quinquilharias possíveis, a sensação é de que temos um posto de comando elevado, muito associado ao de um SUV, mas proposto com filosofia i-Cockpit da Peugeot, ou seja, com volante de dimensões reduzidas (semelhante ao do 508) e um painel de instrumentos em posição elevadas, mas com manómetros analógicos em detrimento dos mais evoluídos conceitos de digitalização na apresentação das informações de condução.
O Rifter também tem uma ‘costela’ portuguesa, uma vez que tem ‘berço’ na fábrica do Grupo PSA em Mangualde.

Chegado o momento de viajar, não há engano: o Rifter recorre ao motor 1.5 BlueHDi de
130 CV com prestações muito convincentes que permitem viagens com bom ritmo, mesmo com mais carga a bordo. Embora não tenha propriamente um funcionamento discreto, este bloco assegura competência na grande maioria das situações, não obstante a necessidade de recorrer ocasionalmente à caixa de seis velocidades para garantir recuperações mais lestas. Note-se que o escalonamento das últimas relações privilegia a economia nos consumos, que se situou nos 5,9 l/100 km no nosso ensaio, com 100 quilómetros divididos entre cidade (cerca de 55) e os restantes entre via rápida e autoestrada, onde naturalmente o formato mais quadrangular não joga muito em seu favor na eficiência aerodinâmica. No entanto, o valor obtido foi igual ao da medição obtida no novo ciclo WLTP, o que é um dado muito positivo.

A condução promove uma toada mais orientada para a pacatez e sensatez de utilização, dada a maior altura ao solo, embora o amortecimento firme procure compensar a tendência para o adornamento da carroçaria, que não é totalmente dissipada. A direção, embora com volante mais pequeno, também não é propriamente informativa. Seja como for, um modelo que é despachado e competente no cômputo geral, sendo familiar agradável e pouco dado a exageros quando atrás do volante, o que também não surpreende.

Tecnologicamente, o sistema de conectividade está presente, permitindo que o modelo se ligue aos smartphones via Bluetooth, beneficiando ainda de navegação. Além disso, a segurança é garantida pelos assistentes como o de manutenção na faixa de rodagem e de travagem automática, a que se junta o assistente de ângulo morto, oferecido como opcional. O nível de equipamento GT Line dota esta unidade de jantes de 17 polegadas diamantadas de belo efeito, barras do tejadilho e o volante de reduzidas dimensões, além de diversas insígnias alusivas à versão, com um custo base de 32.550€ com IVA mas sem ISV, o que é proposta familiar interessante para um familiar versátil. Para facilidade de acesso, a entrada na gama faz-se com o motor 1.2 Puretech 110 Active por 24.250€.

VEREDICTO

Enquanto proposta mista de turismo com monovolume, os MPV como este Rifter têm diversas vantagens, ganhando pontos ao nível do espaço e da modularidade, que são, com efeito, grandes trunfos deste modelo da Peugeot, agraciado com algumas das mais recentes tecnologias da marca francesa, nomeadamente em matéria de segurança e conectividade.

Dotado também de visual que ‘pisca o olho’ aos adeptos de uma vida radical, o Peugeot Rifter acaba por ser uma alternativa funcional e muito agradável de conduzir e de manter, graças a consumos bastante frugais deste motor 1.5 BlueHDi de nova geração, neste caso com 130 CV. Para ‘voos’ mais baixos, há versão turbodiesel com o mesmo motor, mas de 75 CV. Tudo para ser aventureiro, mas sempre com a família por perto…

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