Teste Alfa Romeo Tonale 1.5 Hybrid 160 TCT Veloce: Serão só mais 30 CV?

Enquanto não chega a versão plug-in, o Alfa Romeo Tonale 1.5 Hybrid com 160 CV é o mais potente da gama e aquele que promete emoções mais fortes. Face à versão de 130 do mesmo motor, este junta mais uns pozinhos de desportividade ao pacote. São mais 30 CV e a suspensão adaptativa que faz toda a diferença.

Com o Tonale, a Alfa Romeo entrou na era da eletrificação e num segmento que até agora nunca tinha explorado. Os SUV de segmento C arrebatam o mercado e a marca do biscione quer um pedaço desse território, por isso, este modelo é perfeito para o conseguir.

O mais evidente de tudo é o design deste Alfa Romeo, apelativo como sempre e emocional como poucos. Os faróis dianteiros Matrix Full LED, de série, escoltam a típica grelha em “V”, enquanto as jantes de 19” (podem ser de 20”), escondem pinças de travão em vermelho. Os guarda-lamas marcados e as linhas fluidas da carroçaria, criam a imagem de um SUV tão elegante como desportivo.

O interior assume um estilo à altura da casa d ́Arese. O objetivo foi combinar a tecnologia, com os dois ecrãs, do painel de instrumentos e do sistema de infoentretenimento, com o clássico, tipo neo-retro. Neste particular destacam-se os números finais do velocímetro ao contrário, o botão de arranque do motor à esquerda e as formas circulares do painel de instrumentos. Felizmente, a Alfa Romeo não abdicou dos botões físicos no posto de condução para acionar as funções mais importantes. Faltam alguns, mas podem perdoar-se até porque não se esqueceram do botão do volume nem os da climatização.

Curiosamente, este Alfa Romeo Tonale não partilha nenhum dos seus comandos e botões físicos com nenhum dos outros modelos do Grupo Stellantis, o que é de louvar.

Ainda no habitáculo, podemos destacar três elementos: o volante, as patilhas e os bancos. O primeiro está forrado a couro e tem um design típico da marca. Tem o botão de arranque incorporado que lhe dá um aspeto mais desportivo. As patilhas são enormes, mas são ideias para controlar a caixa de forma manual. São fixas e metálicas e permitem passagens muito rápidas. O comando da caixa também permite fazer passagens em modo manual.

Por fim os bancos, que “agarram” bem o corpo e, apesar e serem de corte desportivo, são confortáveis. Em relação ao espaço disponível, não é dos maiores do segmento, até porque tanto o BMW X1 como o Mercedes-Benz GLA são mais desafogados, mas está dentro daquilo que o segmento procura. Atrás, conseguem acomodar-se três passageiros, pois o túnel da transmissão é baixo.

Na bagageira, encontramos 500 litros de volumetria ao nosso dispor, um bom valor tendo em conta a concorrência. Só é pena que o banco traseiro não regule longitudinalmente.
Anda em modo elétrico Uma das novidades é o motor a gasolina com ajuda elétrica e que viu a potência subir 30 CV.

Funciona a 350 bar e tem uma taxa de compressão de 12.5:1. Destaca-se o facto de possuir um turbo de geometria variável, onde as hélices da turbina permitem otimizar a potência de saída, tanto a baixas como a altas rotações. Para além disso, é possível manter o binário máximo de 240 Nm entre as 1500 e as 3000 rpm, o que no de 130 CV só está disponível às 1500 rpm e depois baixa a partir daqui.

É assistido por um motor elétrico (o mesmo que encontramos na versão de 130 CV) de 135 Nm e 15 kW. Recebe energia de uma bateria de 0.8 kWh de capacidade que consegue locomover por si o Tonale, detalhe que outros automóveis eletrificados da concorrência não possuem. Está integrado na caixa de velocidades, pelo que se existir bateria e energia suficientes, o Tonale pode andar em modo elétrico (mas apenas nos modos “A, Y e N”, nunca em “D”) até aos 30 km/h.

A melhoria no turbo em conjunto com a modificação eletrónica acaba por permitir melhores prestações, como os 0 aos 100 km/h em 8,8 segundos e uma velocidade máxima de 210 km/h, mais 15 km/h que o de 130.

Suspensão adaptativa milagrosa

Ao volante, a versão de 160 CV do Tonale Hybrid tem um andamento que se evidencia, ainda assim a diferença para o menos potente não é imediata. Conta com uma caixa de velocidades de dupla embraiagem que, infelizmente, não se caracteriza pela rapidez. Sente-se, inclusivamente, algum escorregamento que pode ser, até certo ponto, desconfortável.

Será, por ventura, um dos elementos a melhorar nesta versão. Em modo manual, a transmissão muda automaticamente de relação de caixa assim que o motor se aproxima do corte.

Em relação ao sistema de propulsão híbrido, o que sobressai é a transição entre o motor a gasolina e o elétrico que raramente se sente. Que se ressente são os consumos. Apesar dos valores anunciados serem baixos, é sempre difícil cumpri-los, mesmo com uma condução cuidados não é fácil baixar dos 7,5 l/100 km.

Mesmo partilhando a plataforma com o Jeep Compass, apresenta um dinâmica totalmente diferente deste. A marca d ́Arese trabalhou afincadamente a suspensão, que neste caso é adaptativa de série e o dispositivo ideal para garantir uma dinâmica mais assertiva, até porque se vai moldando à estrada, sempre de acordo com o modo de condução eleito para o momento, a direção e os travões, com o objetivo de criar um SUV desportivo, sem esquecer o conforto. Curva bem, é rápido e não aparenta pesar os 1600 kg que no fundo… pesa.

Só é pena que a entrega de potência e a rapidez da caixa não acompanhem os predicados mais dinâmicos do chassis. Muito melhor trabalham os travões, Brembo de quatro pistões (de série na versão Veloce). Imobilizam o Tonale de forma tão efetiva que fazem dele o melhor no segmento neste requisito. A direção é rápida mas acaba por ser demasiado leve para uma condução mais empenhada, independentemente do modo de condução selecionado. Seja em modo “Normal” ou “Dynamic” não parece mudar muito o peso.

E o preço? A versão Veloce, com uma lista bastante completa e de acordo com a concorrência, está disponível a partir dos 47.800 euros nesta versão de 160 CV.

VEREDICTO

Com um design emocional e um sistema eletrificado que lhe permite registar prestações muito boas, o Tonale 1.5 Hybrid 160 TCT consegue dar à Alfa Romeo uma presença muito boa num segmento que é cada vez mais populado por propostas de todos os tipos. Neste caso, registo ainda para uma faceta mais premium e pela particularidade de se manter fiel a alguns dos preceitos que eram característicos à marca em termos de ergonomia.

O facto de dispor de suspensão pneumática ajuda bastante a tirar um melhor partido deste SUV italiano.

FICHA TÉCNICA
ALFA ROMEO TONALE 1.5 HYBRID 160 TCT VELOCE
Motor: Gasolina, 1468 cc, 4 cilindros em linha, turbo + elétrico
Potência: 160 CV às 5750 rpm
Binário: 240 Nm entre as 1500 e as 3000 rpm
Motor elétrico: 20 CV/15 kW; 55 Nm de binário, 48 V
Bateria: Iões de lítio, 0.77 kWh
Transmissão: Dianteira, caixa auto. dupla embraiagem 7 vel. (TCT)
Aceleração 0-100 km/h: 8,8 seg.
Velocidade máxima: 210 km/h
Consumo (WLTP): 5,9 l/100 Km
Emissões CO2 (WLTP): 135 g/km
Dimensões (C/L/A) 4528/1841/1601 mm
Distância entre eixos: 2636
Pneus: 235/45 R19
Peso: 1600 kg
Bagageira: 500-1550 litros
Preço: 47.800€
Gama desde: 38.800€

AVALIAÇÃO
Qualidade geral 8.5
Prestações 8.5
Espaço 8
Segurança 9
Condução 8
Consumos 7
Preço/equipamento 8.5
	8.2 PONTUAÇÃO GERAL