A sigla GTX anuncia a nova abordagem desportiva entre os elétricos da Volkswagen, com o ID.5 a ser o mais recente exemplo de como os elétricos podem também acarretar alguma emotividade na condução. Sem nunca adotar uma postura extrema, é um ponto de partida. Mas, sempre mais racional do que emocional.

A gama de elétricos da Volkswagen vai crescendo e, ao mesmo tempo, vão-se multiplicando as apostas, com o ID.5 a representar uma abordagem mais dinâmica ao estilo de um SUV coupé compacto, mas com as mesmas ‘ferramentas’ tecnológicas que os ID.3 e ID.4, nomeadamente o recurso à plataforma elétrica MEB para veículos elétricos, que tem como principal benefício o maior aproveitamento do espaço a bordo.

Partilhando a grande maioria dos componentes com o ID.4, este SUV e-Coupe destaca-se pelo visual mais dinâmico, sobretudo a partir do pilar B rumo à secção traseira, otimizando assim o seu desempenho aerodinâmico. Não falta mesmo uma pequena asa integrada no óculo traseiro para complementar o esforço de maior eficiência aerodinâmica. Os grupos óticos, com recurso à tecnologia IQ. Light LED, acentuam também o visual mais desportivo, com iluminação adaptativa, animações de chegada e ‘adeus’ e efeito 3D tipo ‘escama’ nas óticas traseiras.

De resto, nota ainda para a presença de jantes de 20 polegadas ‘Ystad’ que reforçam o aspeto do conjunto e também o lado dinâmico.

Já o interior denota cuidados adicionais com os acabamentos e materiais melhorados, não faltando até os pespontos contrastantes no tablier e nos painéis interiores das portas para dar um toque suplementar de classe. Os bancos dianteiros desportivos com encostos de cabeça integrados também oferecem ótimo apoio do corpo, ao mesmo tempo que dá aquele aspeto desportivo que é tão procurado pelos entusiastas. A zona inferior do habitáculo não evita, ainda assim, a presença de plásticos mais rijos – mas de boa aparência.

No lado funcional, o ID.5 GTX merece excelente nota, tanto nos espaços de arrumação, como na habitabilidade. Medindo 4599 mm de comprimento e 2766 mm de distância entre eixos, quatro adultos acomodam-se sem problemas, beneficiando de ótimas cotas nos lugares posteriores, com piso plano para os pés e muito espaço para os joelhos. O que não evita é o posicionamento de estilo anfiteatro, em que o banco traseiro está num plano mais elevado do que os dianteiros, o que lhe retira algum espaço do assento ao tejadilho, mas nada significativo. Já a bagageira acomoda entre 549 litros e 1561 litros com o rebatimento dos bancos traseiros.

A disposição do interior segue de perto aquilo que já se conhece, por exemplo, dos ID.3 e ID.4, com uma configuração minimalista do painel de instrumentos digital, com o seletor da caixa logo ao lado em posição superior. Bastante polarizador nos gostos é o recurso aos comandos táteis na consola central, no volante e nas portas. Ainda que ofereça um sentimento vanguardista, não convence, tal como nos outros modelos da marca, porque nem sempre respondem da forma desejada e é fácil cometer erros, por exemplo, tocando num dos botões do volante de forma involuntária ou num dos botões táteis das portas sem a devida intenção – a opção pelo comando ‘Rear’ para alternar entre o manuseamento dos vidros dianteiros e traseiros é aquilo que menos convence.

O ambiente sofisticado ganha força com o ecrã de infoentretenimento de 12″ que estreia mais uma evolução do software, neste caso, na geração 3.0, que permite já algumas novidades em termos de conectividade e de digitalização (com integração dos sistemas Android Auto e Apple CarPlay).

O ID.Software 3.0 oferece assim maior conectividade e mais sistemas de assistência à condução, Park Assist com função de memória de cinco manobras distintas, sistema Travel Assist com dados por enxame (‘swarm’) e mudança de faixa assistida em autoestrada a velocidades superiores a 90 km/h.

Se o potencial está lá, o sistema é, por vezes, pouco lesto a responder, naquele que é um ponto a melhorar.

Condução é fator positivo

O cunho desportivo na condução fica a cargo de dois motores elétricos, um síncrono de íman permanente no eixo traseiro e outro assíncrono no eixo dianteiro, para uma potência combinada máxima de 299 CV e 460 Nm de binário máximo. Valores que já incutem algum ânimo na condução, providenciando prestações bastante interessantes, mesmo que não sejam de cortar a respiração nos modos menos desportivos.

O condutor pode selecionar entre os modos de condução ‘Eco’, ‘Comfort’, ‘Sport’, ‘Traction’ e ‘Individual’, com diferenças notórias entre cada um deles. O primeiro é aquele que mais se preocupa com a eficiência e a autonomia, oferecendo prestações mais suaves, enquanto o modo ‘Sport’ coloca a potência no asfalto de forma bem mais decidida e intensa, dando uma excelente impressão de vivacidade, sobretudo nas recuperações.

A aceleração dos zero aos 100 km/h em 6,3 segundos permite-lhe rivalizar com a grande maioria dos desportivos e assim transmitir uma excelente impressão atrás do volante, mas vale também a pena indicar que nem sempre a potência máxima está disponível, estando dependente da carga entre acima dos 88% e de temperatura da mesma entre os 23º e os 50º C. Ou seja, condições muito específicas. O modo ‘Traction’ valoriza as condições de tração integral para condições de piso muito escorregadio, como em neve.

Porém, se a ambição é ser desportivo, falta-lhe algum arrojo emocional. Efetivamente, acelera depressa e trava bastante bem, mas o comportamento não oculta por completo os 2200 kg de peso, sendo muito interessante sobretudo em estradas com curvas mais abertas do que em encadeados sinuosos de montanha. Por outro lado, fruto de amortecimento adaptativo (que pode ser também ajustado pelo condutor), proporciona uma dose muito boa de conforto para os passageiros.

A bateria de 82 kWh (total) anuncia uma autonomia de 512 quilómetros, sendo exequível atingir essa distância, até porque o consumo energético do nosso ensaio foi de 17.0 kWh/100 km, ligeiramente abaixo dos 17.1 kWh anunciados pela marca. Será sempre necessário jogar com a regeneração do modo ‘B’ no seletor de condução e dependerá sempre também do tipo de trajeto, mas o indicador é muito positivo. Adicionalmente, o ID.5 GTX pode ser recarregado a 135 kW nos postos de carga rápida.

Por um preço base de 61.110€, o ID.5 GTX surge bem equipado, com elementos de série como os bancos desportivos com estofos em tecido “GTX”, luz interior ambiente com 30 combinações, pára-brisas aquecido, comunicação ‘Car2X’, cruise control adaptativo (ACC), sistema áudio com sete altifalantes, sistema de navegação Discover Pro, jantes de liga Leve ‘Ystad’ de 20 polegadas e faróis LED Matrix com comutação automática de máximos, entre outros.

Entre os opcionais, destaque para a pintura de duas cores Vermelho Kings/Preto por 169€, o Pacote ‘Interior Top Sport Plus’ por 3483€ (que inclui os bancos ergoActive à frente com ajuste elétrico, apoio lombar e apoio de coxas e função de memória, apoios de cabeça dos bancos dianteiros integrados, ajuste do apoio lombar pneumático à frente com massagem e bancos dianteiros aquecidos), o Pacote Assistência por 1169€ (que inclui câmara traseira e luzes LED nos puxadores das portas), o Pacote Infotainment “Plus” por 1404€ (inclui Head-up Display, sistema de Navegacão Discover Pro, rádio “Ready 2 Discover Max” e sistema áudio de seis altifalantes, com amplicador digital de 12 canais, subwoofer e 450W de saída total) e o Pacote Sport “Plus” por 1249€ (inclui suspensão desportiva, direcão progressiva e suspensão adaptativa DCC com seletor de perfil de condução). No total, a unidade ensaiada chegava aos 69.808€.

VEREDICTO

Caminhando inexoravelmente rumo à eletrificação, a variação nas gamas como a da Volkswagen é bem-vinda. O ID.5 GTX é um misto de ambições, entre a racionalidade do formato elétrico sustentável e o conceito desportivo que é reminiscente da irreverência do desportivo GTI de antigamente. Os conceitos tocam-se aqui. Mas não se abraçam totalmente.

As prestações estão muito bem defendidas – afinal, no formato elétrico, as prestações são intensas e pujantes, dando ao condutor o nível de ritmo desejado –, mas no comportamento fica um pouco aquém do entrosamento oferecido por um dos GTI com motor de combustão, muito por obra do peso elevado que lhe retira agilidade.

Todavia, é um adorável mundo novo também no aspeto tecnológico, com o ID.5 GTX a munir-se de ferramentas importantes na conectividade e na utilização quotidiana (mesmo que a abundância de comandos táteis não convença). Um bom partido para quem deseja um desportivo não radical.


MAIS
Estilo apelativo
Espaço a bordo e arrumação
Prestações
Vertente tecnológica
Eficiência
Estabilidade e segurança

MENOS
Dinâmica pouco emotiva
Comandos táteis nem sempre obedientes
Pouca diferença estética face ao ID.5

Ficha técnica
Volkswagen ID.5 GTX
Motor Dois motores elétricos; síncrono de íman permanente (T) e assíncrono (F)
Potência 220 kW/299 CV
Binário máximo 460 Nm
Bateria Iões de lítio, 82 kWh (77 kWh úteis)
Transmissão Tração integral, caixa de 1 vel.
Acel. 0-100 km/h 6,3 segundos
Vel. máxima 180 km/h
Consumo médio (WLTP) 17,1 kWh/100 km
Emissões CO2 (WLTP) 0 g/km
Autonomia (WLTP) 512 km
Tempo de carregamento 35 min. de 0-80% a 135 kW (CC); 7h30 de 0-100% a 11 kW (AC)
Dimensões (C/L/A) 4599/1852/1607 mm
Distância entre eixos 2766 mm
Peso 2297 kg
Bagageira 549-1561 litros
Pneus 235/50 R20 (D) – 255/45 R20 (T)
Preço 61.110€ (ensaiado: 69.808€)
Gama desde 51.110€

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AVALIAÇÃO
Qualidade geral
9
Prestações
9
Espaço
8.5
Segurança
9
Condução
8.5
Consumos
9
Preço/equipamento
8.5