A Volkswagen atualizou o T-Roc R muito ligeiramente, a exemplo do que fez com a restante gama deste SUV produzido em Portugal. Divertido e exemplar na sua abordagem, este modelo desportivo consegue ser o melhor de dois mundos, pois à vertente confortável de um familiar alia a nobreza de condução que, neste segmento, poucos rivais podem oferecer.

Sem mexer no capítulo técnico (não há alterações no chassis ou na suspensão), o renovado T-Roc beneficia das mesmas evoluções que a restante gama, destacando-se a nova grelha do radiador com letra ‘R’ incluída, para-choques desportivos com luzes diurnas LED, jantes em liga leve de 18″ Jerez (de série) ou jantes em liga leve de 19″ Estoril (opcionais), suspensão desportiva rebaixada em 20 mm, spoiler R, sistema de escape Akrapovic com quatro saídas (opcional) ou discos de travão com logótipo ‘R’.

Visualmente, o T-Roc R cumpre com o seu pressuposto de um modelo desportivo, mas que não perde alguma discrição.

No interior, também recebe as mesmas novidades que os outros T-Roc, destacando-se, no entanto, a luz ambiente em azul, o volante desportivo com patilhas integradas de maiores dimensões e o botão tátil no volante para ativar o modo ‘R’ sem passar pela ‘casa de partida’. Ou seja, o condutor pode logo, sem tirar os olhos da estrada, ativar o modo mais desportivo, ficando com o máximo de competência ao dispor.

E que competência! Embora sem alterações no motor 2.0 TSI turbo de 300 CV de potência e 400 Nm de binário máximo, o T-Roc R é balístico nas prestações, com um desempenho muito redondo, mas que não se coíbe de demonstrar ainda mais ímpeto em rotações mais elevadas. Acompanhado de uma sonoridade evocativa no modo ‘R’, nomeadamente quando equipado com o escape Akrapovic, este SUV acompanha cada passagem de caixa com um ‘borbulhar’ entusiástico.

A aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em 4,9 segundos, com um entusiasmo e ritmo muito intensos, sendo preciso salientar a importância da caixa automática DSG de sete velocidades que consegue não só ler com exatidão os desejos do condutor quando em condução normal, como também obedecer a ritmos mais elevados, embora o controlo por intermédio das patilhas atrás do volante adicione um cunho de emotividade bem-vinda para o condutor.

Valorosa polivalência

Se o motor é um exemplo nas respostas, mesmo em baixos regimes, quando é conduzido de forma mais empenhada, a sua suavidade e até a elasticidade com que aborda o dia-a-dia é digna de registo, havendo até modo de desativação de dois dos quatro cilindros quando o acelerador não é pressionado para poupar nos consumos (que dificilmente ficarão abaixo dos 9,0 l/100 km) no modo ‘Eco’.

Quanto aos modos de condução, estão disponíveis o já citado ‘Eco’, mas também os ‘Comfort’, ‘Normal’ e ‘Race’ (ou ‘R’), além de um personalizável que permite ajustar diversos parâmetros a gosto do condutor. Cada um deles altera de certa forma a personalidade do R-Roc R, incidindo sobre a resposta do motor, as passagens de caixa, a sonoridade, o amortecimento (quando equipado com a suspensão adaptativa, como era o caso) e a transmissão de potência entre os dois eixos por obra do sistema de tração integral 4Motion. Mas há ainda outros modos que permitem adaptar a tração integral a outros pisos de difícil motricidade, como neve ou areia, a partir de comando rotativo entre os dois bancos.

Essa sua polivalência vale-lhe muitos pontos: alia uma postura sólida e capaz para as viagens em família, com alguma firmeza no amortecimento, mas sem excessos, com uma dinâmica muito precisa e capaz de entusiasmar, oferecendo confiança e um tato de condução muito comunicativo, dando para perceber, por exemplo, a maior dose de potência entregue ao eixo traseiro para provocar algum desequilíbrio.

O que não é fácil, pois o T-Roc R é muito estável e responde com muita obediência a praticamente todos comandos do volante, num chassis que é claramente um trunfo. Tudo bem feito: emotivo e confiante, com movimentos de carroçaria muito contidos e poucos queixumes nas transferências rápidas de massas, o que é particularmente bem-vindo em percursos de montanha.

Quando é preciso apontar os pontos menos bons é fácil olhar para os consumos como capítulo mais difícil, sem que por isso seja um pecado capital. Afinal, os 9,4 l/100 km em condução mista são elevados, mas não são terríveis.

Mais tecnologia

A bordo, onde a qualidade foi ligeiramente melhorada face à versão precedente, destaque para o sistema Digital Cockpit Pro com ecrã de 10.25″ personalizável e altamente funcional, ou para a nova moldura para o ecrã de infoentretenimento de 10″ nesta versão equipada com o sistema Discover Pro opcional por 1682€ (que inclui navegação, Streaming & Internet, App-Connect Wireless, reconhecimento de sinais de trânsito e voice control, entre outros sistemas).

O espaço a bordo é adequado para uma família de quatro pessoas, havendo espaço mais do que suficiente até para dois adultos nos bancos traseiros. O túnel central elevado limita as opções para um terceiro ocupante.

No campo das tecnologias de assistência à condução, há também um conjunto muito completo de sistemas que ajudam o condutor na sua tarefa.

O preço de base é adequado à proposta em si, com um valor a pagar de 57.772€. Porém, lamenta-se que alguns dos equipamentos desportivos, como o controlo adaptativo do chassis DCC (1016€), as jantes de 19″ ‘Estoril’ com pneus 235/40 R19 (797€), ou o escape Akrapovic (3813€) façam parte apenas do leque de equipamento opcional, elevando assim o custo para valores perto dos 70.000€.

VEREDICTO

Enquanto SUV desportivo, o T-Roc R assume uma posição muito especial, quanto mais não seja por ser produzido na Autoeuropa. Mas, mais do que isso, é um modelo divertido de conduzir, que combina potência e eficácia mecânica e motriz de forma muito competente, recompensando o condutor quer em condução mais desportiva, quer em toadas mais aguerridas, quando é preciso extrair o máximo dos 300 CV.

Perde por pouco para o seu ‘primo’ CUPRA Formentor VZ, com que partilha muitos dos componentes, mas todas as faculdades deste T-Roc R fazem dele um modelo a ter em conta quando se procura dinamismo e conivência com as práticas familiares do dia-a-dia sem perda de conforto.

Menos interessante é o valor pedido por muitos dos opcionais, sobretudo tratando-se já de automóvel muito especial.

MAIS
Dinamismo de excelência
Desempenho do motor
Componente tecnológica
Não é impeditivo de utilizar por famílias
Imagem desportiva

MENOS
Amortecimento seco em mau piso
Espaço nos lugares posteriores
Preço de alguns opcionais

Ficha Técnica
Volkswagen T-Roc R 2.0 TSI 4Motion
Motor: Gasolina, 1984 cc, 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler
Potência: 300 CV entre as 5300 e as 6500 rpm
Binário: 400 Nm entre as 2000 e as 5200 rpm
Transmissão Tração integral 4Motion, caixa automática de 7 vel.
Aceleração 0-100 km/h 4,9 s
Velocidade máxima 250 km/h
Consumo de combustível (WLTP) 8,5 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP) 194 g/km
Dimensões (C/L/A): 4236/1819/1559 mm
Distância entre eixos: 2595 mm
Pneus 215/50 R18
Peso 1578 kg
Bagageira 392-1237 litros
Preço 57.772€ (ensaiado: 69.638€)
Gama desde 29.114€

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AVALIAÇÃO
Qualidade geral
9
Prestações
9.5
Espaço
9
Segurança
8.5
Condução
9
Consumos
7
Preço/equipamento
8