O conceito Polestar já foi abordado no recente ensaio do Motor 24 à variante carrinha deste mesmo modelo, a V60 Polestar, mas não é demais recordar que se trata do braço desportivo da Volvo, adquirido recentemente pela marca de Gotemburgo e oficializado para conceber opções mais extremas. Ou seja, a Polestar está para a Volvo como a AMG está para a Mercedes-Benz ou como a M Performance está para a BMW.
O S60 partilha assim o mesmo motor 2.0 de 367 CV de potência com a carrinha, surgindo associado a uma caixa automática de oito velocidades num conjunto que merece elogios por uma abordagem que, tão extrema quanto eficaz, é ao mesmo tempo amistosa em utilização normal. Entroncando na já conhecida tendência de uniformização dos seus motores, a marca recorre, uma vez mais, a uma unidade de dois litros e quatro cilindros com um sistema de sobrealimentação duplo em que um turbo e um compressor se associam para uma atuação mais explosiva. Num motor que conta ainda com outras novidades, como a admissão de maiores dimensões e bomba de gasolina com maior capacidade, a primeira nota saliente prende-se com a sonoridade capaz de impressionar.
Aliás, é fácil esquecer que estamos num carro com motor de quatro cilindros, quando bem audível está uma sonoridade grave que parece de V6, sendo um dos que melhor sonoridade emite a partir do sistema de escape no que a quatro-em-linha diz respeito. Não há parque de estacionamento em que este ‘Dolph Lundgren’ azul não force um rodar de cabeça. Sobretudo no modo Sport.
Velocidade algo furiosa
O motor T6 a gasolina é tremendamente eficaz na forma como disponibiliza os seus 367 CV de potência no modo mais desportivo de utilização. As respostas são decididas e há aquela interessante capacidade de colar os passageiros ao banco. Com uma faixa de utilização muito ampla em termos de regimes, esta unidade de 2.0 litros tira, também, grande partido da caixa de velocidades automática Geartronic, a qual se caracteriza por trocas rápidas entre relações mantendo o motor no seu regime mais ‘doce’ em termos de entrega de potência. Pressione-se o acelerador a fundo e o impulso que se obtém (470 Nm de binário são de respeitar) é elucidativo de uma competência muito elogiável na forma como ganha velocidade. Note-se, além disso, que a tração integral serve para uma aceleração mais pronunciada, mas também para um comportamento dinâmico acima da média, tendo sido revisto para oferecer mais binário às rodas traseiras.Com aceleração dos 0 aos 100 km/h em 4,7 segundos e velocidade máxima de 250 km/h, o S60 Polestar deixa bem patentes os seus principais argumentos na luta pelas berlinas desportivas Premium. Em modo Normal de utilização, tudo parece mais calmo: as suas respostas são menos fulgurantes, sobretudo em baixas rotações, o que até ajuda se se quiser poupar ou circular de forma descontraída, sem ter de estar sempre a olhar para o velocímetro.
Já os consumos acompanham a tendência desportiva do motor: em condução relaxada, irão rondar os 9.0-10 l/100 km, mas seja-se um pouco mais ambicioso com o pedal da direita e as médias sobem… muito. No final, obtivemos um consumo médio de 10,1 l/100 km, bem longe dos 7,8 litros anunciados pela Volvo.
Trabalho oculto
O chassis, muito bem concebido e reforçado para maior rigidez torsional, permite uma agilidade considerável e reações seguras, com passagens velozes em curva sem que a confiança do condutor seja beliscada. O rolamento de carroçaria é praticamente eliminado e há, efetivamente, uma noção de prazer ao volante que sobressai em estradas secundárias. Contudo, nem tudo são pontos positivos: a sensação oferecida pela direção retira algum brilho ao conjunto, não oferecendo a devida perceção do que se passa no asfalto. Em adição, o volante tem uma dimensão maior do que seria desejável.
Visual requintado e equilibrado
O interior fica, de resto, marcado pelos apontamentos mais desportivos tradicionais da Polestar, mesmo que seja mais comedido e comece a evidenciar o peso da idade. Nota para o volante com combinação de pele perfurada e Alcantara (no aro interno) e para os bancos desportivos com regulação elétrica com igual combinação de materiais de revestimento. A rematar o volante e os bancos surgem os pespontos em cor azul Polestar. A consola central recebe acabamento em carbono e a alavanca da caixa automática é igualmente exclusiva com iluminação e com o logótipo da Polestar bem visível. De resto, a tradicional qualidade de construção e excelente escolha de materiais para o habitáculo.
Quanto à estética exterior, a mesma receita da carrinha: cor azul Rebel Blue, para-choques dianteiro e traseiro diferentes, à frente com o spoiler e grelha inferior mais ampla e atrás com as duas ponteiras de escape a indicarem… muito músculo. Outros elementos dignos de nota são as jantes de 20 polegadas com desenho específico (‘enroladas’ em pneus Michelin Pilot Super Sport) e o spoiler traseiro na tampa da bagageira. Com excelente nível de equipamento, os 79.996 euros da versão base acabam por se adequar a todo o conjunto proposto pela marca e situa-se na média do que se pede no segmento. É mais barato do que um BMW M3 (embora este seja mais potente), mas apenas ligeiramente mais barato do que um Mercedes-AMG C43 com igual nível de potência. Vivemos tempos impressionantes…
VEREDICTO
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