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Lembra-se do… Ferrari F50: Comemorar os 50 anos com um F1 de estrada!

1. O Ferrari F50 dispunha de muita tecnologia derivada da Fórmula 1. Era quase como um monolugar para estrada. O mais importante era, como muitas vezes considerava Enzo Ferrari, o motor, um V12 derivado da unidade que equipou os 640 e 641 da temporada de 1990, pilotados por Alain Prost e Nigel Mansell. Contudo, detinha grandes alterações, como o aumento da cilindrada dos 3.500 cc para os 4.698 cc, num esforço para aumentar a fiabilidade. A sua potência era de 520 CV às 8.500 rpm e o binário de 471 Nm às 6.500 rpm.
2. Apresentando algumas das mais recentes tecnologias da época em termos de construção, o motor V12 (com ângulo a 65º) estava diretamente montado sobre a parte posterior do chassis, o mesmo sucedendo com a caixa de velocidades. O motor tinha posicionamento central longitudinal e, num detalhe curioso, era onde as suspensões posteriores do tipo push-rod estavam conectadas. É possível olhar para o motor através da janela traseira.
(A família de hiperdesportivos da Ferrari, da esquerda para a direita - 288 GTO, F40, LaFerrari, Enzo e F50)
(O motor V12 derivado do monolugar de Fórmula 1)
3. O desenho foi concebido pela Pininfarina, parceira de longa data da Ferrari, optando por uma longa asa traseira e por um fundo plano completo que produzia o denominado ‘efeito-solo’ que conseguia assim colar o modelo ao solo a velocidades mais elevadas. A 300 km/h, o eixo traseiro era pressionado a 190 kg contra o solo, enquanto na frente o trabalho aerodinâmico gerava 120 kg para um total de 310 kg.
4. O chassis tinha uma conceção avançada, com recurso a fibra de carbono que lhe permitiu aumentar a rigidez e baixar o peso geral. Aqui, não havia elementos supérfluos, apenas o essencial. Assim se manteve o peso nos 1.230 kg. O depósito de combustível com 105 litros de capacidade estava concebido em material emborrachado que derivava diretamente da indústria da aeronáutica.
5. Colocar os 520 CV de potência no asfalto poderia ser complicado sem pneus desenvolvidos à medida. Foi o caso dos Goodyear Eagle Fiorano, pensados exclusivamente para este Ferrari. Recorde-se que a marca era a fornecedora de pneus na Fórmula 1, pelo que a simbiose era mais profunda entre as duas companhias, havendo transposição da tecnologia das pistas para o F50. À frente tinha medida 245/35 ZR18 e atrás 335/30 ZR18.
6. Limitado a apenas 349 exemplares, o F50 ganhou estatuto de modelo exclusivo com a passagem dos anos. Disponível em dois tipos de carroçaria, o F50 podia ser comprado como coupé tradicional ou como um roadster com dois arcos de segurança atrás do habitáculo. Ambos estavam dotados de elevada rigidez estrutural, no entanto.
7. A Ferrari chegou a ensaiar o F50 para competir no campeonato de resistência da época, o BPR Endurance, onde teria pela frente carros como o McLaren F1 ou o Porsche 911 GT1. Dario Benuzzi, piloto de testes da marca, chegou a testar o carro em Fiorano, uma vez mais recorrendo à F1 para a sua tecnologia: o motor V12 era doutro F1, desta feita derivado do F93A de 1993 (com 750 CV às 10.500 rpm), pilotado por Jean Alesi e Gerhard Berger.
Contudo, o projeto foi abortado, ficando apenas três exemplares de testes para a história. O visual ainda mais agressivo ficava marcado pela ausência da asa traseira conectada à carroçaria, passando a ser um aileron de duplo pilar.
O peso deste F50 GT estava contido aos 870 kg em vazio.

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Estávamos em 1995 e a Ferrari comemorava o seu 50º aniversário, revelando no Salão de Genebra, em toda a sua glória, o herdeiro do legado de superdesportivos criado pelo F40. No entanto, o ‘fardo’ de suceder a tão ilustre modelo foi bastante pesado para um superdesportivo, que na apreciação com os demais membros da mesma linhagem – F40, Enzo e LaFerrari – sempre foi olhado com algum sentido de rejeição.

O F50 foi o sucessor direto do icónico F40, último dos carros comissionados pelo Comendador Enzo Ferrari antes da sua morte, em agosto de 1988, acabando por ser um expoente daquilo que já então se considerava ser um Fórmula 1 de pista. Em comparação, o F50, até tinha mais elementos derivados das pistas, mas a sua receção não foi tão positiva como a do F40, que tratou de revolucionar a indústria à sua chegada em 1987.

Muitos apelidaram o carro de feio, outros consideraram-no demasiado lento para ser um digno sucessor do F40, mas com a passagem dos anos também houve alguma reconsideração dessas ideais, passando-se a olhar para o F50 com outros olhos. Um dos seus ‘problemas’ esteve na concorrência da época: a McLaren havia também lançado algum tempo antes o F1, um carro de três lugares e muita competência técnica que também foi inspirada na Fórmula 1. Foi, durante muito tempo, o carro mais rápido do mundo e essa aura seguiu-o sempre ao longo dos anos, perdurando até aos dias de hoje.

Face a isto, o F50 teve uma existência pouco pacífica, mesmo que o seu ‘coração’ até tivesse um bater de competição. Com efeito, tratava-se de um motor V12 diretamente derivado do monolugar de 1990, mas com mudanças para se adaptar à sua vivência nas estradas públicas. As prestações, embora entusiasmantes, terão falhado no objetivo de se demarcar vincadamente do antecessor: os 0 aos 100 km/h cumpriam-se em 3,87 segundos, enquanto a velocidade máxima estava cifrada nos 325 km/h.