Íamos espreitar os meninos presos na casa gigante de Santa Clara. Por vezes, subindo pela igreja, pendurados nos muros, víamos o pátio interior onde jogavam e se enfureciam para vencer sem poderem dizer palavrões. Os padres tomavam-lhes conta das virtudes. Os meninos presos estavam a perder as maldades à força de orações e penitências. Jogavam e, quase sempre, davam com os nossos modos espias e perguntavam coisas até que viesse alguém descobrir-nos e berrar. Perguntavam se tínhamos cigarros ou dinheiro. Respondíamos que não. Rogavam-nos pragas. Éramos imprestáveis. Inventavam que nos batiam. Se nos apanhassem, se tivéssemos o azar de lhes […]
Crónica de Valter Hugo Mãe: A vista de Santa Clara
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