Será com grande semelhança a este concept que a nova geração da carrinha Audi A6 Avant e-tron chegará ao mercado em 2024, no prolongamento da ofensiva elétrica da marca alemã, aliada a uma linguagem estilística muito refinada e apelativa que terá por base a nova plataforma PPE para automóveis 100% elétricos da Audi.

Bastante bem recebido, o A6 Sportback e-tron apresentado pela Audi no Salão de Xangai de 2021 abriu o caminho para a versão carrinha, também ela equipada com motores elétricos e pensada para reforçar a ofensiva elétrica da marca dos quatro anéis. Orientada para a maior funcionalidade e para uma expressividade de alto nível, a carrinha ainda em forma de protótipo dá já uma grande ideia quanto à versão final, com Nikolai Martens, responsável da área de novos produtos da Audi, a explicar que cerca de 95% deste desenho irá transitar para o modelo de produção em série.

A base deste A6 Avant e-tron concept é a mesma do A6 e-tron concept mostrado em 2021, ou seja, a plataforma PPE (Premium Platform Electric), desenvolvida sob o comando da Audi. Por outro lado, representa também uma nova abordagem em termos de design, evoluindo ainda mais a identidade da Audi sem alterar as dimensões do A6 Sportback e-tron concept: 4,96 metros de comprimento, 1,96 metros de largura e 1,44 metros de altura.

As suas linhas são, porém, pautadas por uma simplicidade combinada com a agressividade, com elementos como a grelha ‘Singleframe’ tapada ou a faixa traseira de luzes LED a servirem a componente gráfica deste modelo, ao mesmo tempo dando um sinal de familiaridade com outros membros da gama e-tron.

Philipp Römers, responsável de Design na Audi, aponta como principais destaques visuais “as proporções bastante equilibradas, com distância entre eixos bastante grande, a altura e as extremidades curtas”, a que se juntam ainda as jantes de grandes dimensões. Esteticamente, o elemento cromado no tejadilho também ajuda a uma sensação de menor altura.

Na dianteira, a grelha ‘Singleframe’ está ladeada por tomadas de ar para o arrefecimento do sistema motriz, bateria e travões. Funciona, também, como uma uma máscara para esconder uma série de componentes tecnológicos, como os sensores para os sistemas de assistência à condução. Os faróis, completamente redesenhados e com tecnologia matriz LED digital, serão os mais finos alguma vez lançados num Audi, podendo o condutor selecionar a assinatura luminosa a partir do sistema de infoentretenimento – a marca não revelou, no entanto, qualquer imagem do habitáculo.

Na traseira, detalhes como o spoiler flutuante e o difusor na secção inferior são essenciais para a aerodinâmica, cabendo aos farolins traseiros com tecnologia OLED unidos por uma faixa estreita a tarefa de criarem uma sensação de maior largura. Num ‘piscar de olhos’ ao passado e à herança quattro, as cavas das rodas musculadas contribuem para o ar mais corpulento desta carrinha, albergando rodas de 22 polegadas.

Na zona inferior da carroçaria há uma secção identificativa esculpida para identificar a zona da bateria, dispondo ainda de uma pequena inserção em preto, agora um elemento característico da gama elétrica da Audi. Também típico dos modelos elétricos é sistema de retrovisores digitais com base em câmaras situadas na base dos pilares A.

O trabalho aerodinâmico feito na carroçaria foi particularmente aturado, com um coeficiente de arrasto de apenas 0.24 Cd (contra os 0.22 do Sportback mostrado em 2021), permitindo assim um menor consumo energético. “Uma combinação perfeita de funcionalidade e de beleza estética”, diz Römers.

Este protótipo destaca-se também pela cor cinzenta ‘Neptune Valley’ com pigmentação dourada, sendo assim capaz de variar a sua tonalidade consoante a incidência da luz.

Os responsáveis da Audi enfatizam que este concept ‘olha’, sobretudo, para o futuro, embora não se desapegando totalmente da herança oferecida por outras carrinhas, como a Audi 100. As carrinhas na Audi já existem desde 1977 e esta variante moderna e elétrica permitirá dar continuidade a esse legado, nomeadamente, com o termo ‘Avant’ em destaque.

Tecnologia LED e OLED funcional

A combinação de iluminação Digital Matrix LED à frente e OLED atrás permitem uma máxima luminosidade e funções diversificadas durante a condução. Na frente, três pequenos projetores LED de alta resolução estão embutidos em cada lado da carroçaria, transformando o piso num ‘palco’ quando as portas se abrem – mensagens e efeitos luminosos são apresentados no chão para saudar os ocupantes. Entre as funcionalidades permitidas está a apresentação de sinais luminosos no chão para alertar outros utilizadores da via para a sua presença.

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Outros quatro projetores LED de alta resolução surgem integrados nos cantos do veículo para a indicação de mudança de direção.

Outra das potencialidades do sistema de iluminação Digital Matrix LED é a de projeção, por exemplo, de imagens de videojogos que os passageiros possam estar a jogar enquanto esperam por um carregamento, estando o carro estacionado em frente a uma parede.

Atrás, os farolins com tecnologia OLED dispõem de arquitetura tridimensional, adaptando-se ao formato da carroçaria da A6 Avant e-tron concept, para uma presença espacial robusta. As projeções a toda a volta servem também para comunicar com outros utilizadores da via, recorrendo à conectividade inteligente.

PPE para autonomia acima dos 700 quilómetros

O grande destaque técnico deste A6 Avant e-tron concept é a plataforma PPE, que irá permitir melhorar a dinâmica e a eficiência, além de acomodar a mais recente geração de sistema elétrico com funcionamento da bateria a 800 V, o que permite uma velocidade de carregamento superior até 270 kW em postos de carga ultrarrápida. Ou seja, em apenas dez minutos pode recarregar energia suficiente para percorrer cerca de 300 quilómetros. A autonomia esperada para a versão de maior alcance com uma carga completa supera os 700 quilómetros de acordo com o ciclo WLTP, havendo diferentes versões previstas em termos de motorização.

Já a versão mais potente (os responsáveis da Audi dizem que é possível criar uma versão RS a partir da plataforma PPE, mas escusaram-se a confirmar a existência de tal versão) poderá acelerar de zero a 100 km/h em menos de quatro segundos.

Static photo,
Colour: Neptune Valley

O elemento central desta arquitetura é a bateria integrada num módulo compacto e fino que pode ser posicionado entre os eixos, com uma capacidade de 100 kWh. Esta plataforma irá dar origem a uma série de modelos de gamas distintas, uma vez que permite variar não só a capacidade da bateria, como também a distância entre eixos e a própria distância ao solo. A tipologia de distância entre eixos mais longa e extremidades curtas será cada vez mais comum atendendo aos motores elétricos bastante compactos que permitem aproveitar melhor o espaço a bordo.

Este A6 Avant e-tron tem uma configuração de dois motores elétricos com uma potência máxima de 350 kW/476 CV e 800 Nm de binário máximo.

Tração quattro será mantida

Tradicional na marca alemã, a tecnologia quattro de tração integral será mantida, com os futuros modelos elétricos assentes na plataforma PPE a poderem dispor de versões com um motor elétrico em cada eixo com coordenação eletrónica para oferecer tração integral consoante a necessidade para um equilíbrio apurado entre dinamismo e eficiência.

A família e-tron também irá incluir versões básicas otimizadas para o consumo e para a autonomia maximizada, neste caso com um motor elétrico único situado no eixo traseiro.

O protótipo conta com suspensão pneumática com amortecimento adaptativo.

Nem só de elétricos será a gama A6

Se este concept tem por base a plataforma PPE e é 100% elétrico, prefigurando o futuro modelo elétrico previsto para 2024, os responsáveis da Audi deixaram claro em resposta ao Motor24 na apresentação internacional que existirão outras versões A6, recorrendo a motores de combustão interna.

Recorde-se que a Audi tem em curso um plano de eletrificação, que prevê que o último modelo com motor de combustão seja lançado em 2026 – com a sua vida útil a durar até 2033 –, pelo que o A6 será um dos automóveis integrados nesta estratégia, como nos explicou Nikolai Martens, da área de Produto da Audi.

“No início da década ainda vamos vender motores de combustão interna para oferecer uma escolha livre para os consumidores, pelo que teremos uma ampla oferta de versões. Mas, no caso do segmento superior, queremos ter uma presença forte na eletrificação”, responde, embora o estilo deva ser bastante semelhante ao da versão elétrica. Porém, prevê-se que alguns elementos sejam distintos, como a grelha dianteira, devendo passar a ser aberta para efeitos de refrigeração do motor.

Já a possibilidade de esta plataforma vir a acomodar baterias de estado sólido de nova geração, a resposta é de que o futuro está a ser preparado com vista a esse momento, mas o foco por enquanto é no desenvolvimento das baterias de iões de lítio.

“Sabemos que será o próximo passo na tecnologia das baterias. Creio que na nossa indústria ninguém esta a ignorar esta questão. Mas, nesta plataforma e neste momento, estamos muito focados nas baterias de iões de lítio. Quando for industrializada a produção [das baterias de estado sólido], iremos apostar nela. Quando é que esartá pronta… isso não sabemos”, afirma Martens.

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