Pensar em Citroën é evocar uma noção muito concreta e específica de conforto pela qual a marca francesa nutre um grande carinho. Com o novo C5 X, essa ideia de conforto e graciosidade em viagem é elevada a um novo patamar, fruto de diversas evoluções técnicas neste aspeto. A vertente da eletrificação e da tecnologia também é peça determinante deste novo modelo que é igualmente uma nova abordagem estilística para a marca.

O mais recente membro da família Citroën é um regresso ao segmento superior, conhecido na Europa por segmento D, do qual a marca francesa guarda boas recordações, mas do qual saiu com a anterior geração do C5. Agora, numa combinação entre crossover, berlina e carrinha, o C5 X recoloca a Citroën numa posição interessante, sobretudo atendendo a que responde às tendências de eletrificação e de conectividade elogiadas por muitos.

O visual é imponente, graças aos 4805 mm de comprimento, 1865 mm de largura e 1485 mm de altura, denotando um modelo de grandes dimensões, sendo os 2785 mm de distância entre eixos benéficos para a habitabilidade. Efetivamente, o espaço nos bancos traseiros é amplo e acolhedor para dois adultos, mesmo de maior estatura. As jantes de 19 polegadas sublinham a sua presença robusta, enquanto os 194 mm de distância ao solo apontam para a versatilidade de um crossover, mas não vale a pena contar muito com essas virtudes.

O interior prima pelo ambiente num misto de qualidade e modernidade, valendo-se do ecrã central de 12 polegadas que congrega quase todas as funções do veículo, mas que mantêm os comandos da climatização isolados em comandos próprios mais abaixo. Uma boa decisão que facilita o manuseamento durante a condução. A posição de condução é bastante boa e oferece uma boa visibilidade geral, com o condutor a beneficiar de bancos bastante confortáveis e com ajuste elétrico. À sua frente, o painel de instrumentos digital é minimalista, mas é complementado de forma certeira pelo head-up display que simula uma visualização em ecrã de 21 polegadas, sendo a cores e com efeito tridimensional. A marca adianta ainda que as informações do head-up display são personalizáveis.

Imbuídos do verdadeiro espírito de conforto a bordo, os bancos ‘Advanced Comfort’ do C5 X são apresentados como referências em termos de conforto, mimetizando a sensação de relaxar na sua própria sala de estar, algo que cumprem com bastante mérito.

PureTech 130: Um bom aperitivo

Na apresentação internacional, realizada em Barcelona, pudemos efetuar um primeiro contacto com dois modelos da gama C5 X, nomeadamente com os 1.2 PureTech 130 S&S e com o híbrido plug-in de 225 CV. A primeira abordagem foi com o motor exclusivamente a gasolina, uma unidade de 1.2 litros com três cilindros e turbo, oferecendo 131 CV (embora seja definido como 130 CV) e 230 Nm logo às 1750 rpm, estando associado a uma caixa automática EAT8.

Atendendo a que o C5 X é um modelo volumoso e apresenta um peso ligeiramente acima dos 1400 kg, esta combinação surpreende pela disponibilidade bastante elástica da mecânica. Competente a ganhar velocidade e nas retomas, o motor 1.2 PureTech está disponível durante uma ampla faixa de rotações, destacando-se também o desempenho da caixa, hábil na apreciação de cada momento. Os modos de condução, entre o ‘Eco’ e o ‘Sport’ permitem variar ligeiramente o acerto da direção e a resposta do binómio motor/caixa, mas a diferença não é abismal.

Graças a uma estrutura mais rígida e a uma suspensão evoluída, a condução é também um atributo muito positivo, dando ao C5 X uma excelente postura em todo o tipo de estradas. Vale-se de um conforto de nível superior e de uma agilidade muito agradável, não escondendo algum rolamento da carroçaria em curvas mais apertadas e feitas mais depressa, mas sem desvirtuar a trajetória. No entanto, é o conforto que deixa água na boca…

Hybrid 225: Conforto de referência

…sendo que o ‘prato principal’ na área do conforto está no modelo híbrido Plug-in de 225 CV de potência e 360 Nm de binário em conjunto. Esta versão conta com um motor 1.6 PureTech a gasolina de 180 CV e 250 Nm associado a um motor elétrico de 81 kW/100 CV e 320 Nm, o qual está montado no eixo dianteiro e integrado na caixa eletrificada ë-EAT8. A bateria é de 12.4 kWh.

Logo aos primeiros metros, há uma sensação mais refinada e requintada de condução, num resultado evidente não só das potencialidades do sistema híbrido que permite 55 quilómetros com recurso apenas ao motor elétrico, mas também pelo próprio ajuste da direção, mais direta, e da suspensão Advanced Comfort que resulta num amortecimento verdadeiramente brilhante em termos de conforto. Aliás, no modo ‘Comfort’, o refinamento e desempenho do amortecimento ecoam as sensações de modelos de segmentos superiores e bem mais dispendiosos.

Com três modos à escolha do condutor, o sistema eletrónico de controlo da suspensão reforça a eficácia dos Batentes Hidráulicos Progressivos ao contribuir com ainda mais suavidade ao rolar na estrada e ao oferecer um maior controlo da carroçaria em curva. Altera-se, pois, o seu equilíbrio geral e fornece também uma confiança muito interessante ao condutor para percursos sinuosos, mas, tal como na versão 1.2 PureTech, não se pode dizer que se converte num desportivo.

Essa combinação entre os batentes hidráulicos progressivos e o controlo eletrónico do amortecimento é uma estreia: cada amortecedor tem sensores para avaliar os movimentos de carroçaria, a velocidade do veículo e o estado do piso, adaptando assim o amortecimento ao tipo de condução.

Em associação, o desempenho do conjunto motriz é muito bom, com respostas prontas e desportivas quando o acelerador é pressionado com mais força (acelera dos zero aos 100 Km/h em 7,8 segundos), valendo-se da ajuda aportada pelo motor elétrico. Fácil de rolar a velocidades mais elevadas e consistentemente eficiente em ambientes urbanos, valoriza-se o consumo baixo, sendo que no caso do nosso percurso de teste, com 117 quilómetros e uma média de velocidade de 54 km/h foi alcançada uma média de consumo de 3,5 l/100 km. Promissor. Os consumos homologados em ciclo combinado WLTP limitam-se a 1,3 l/100 km em modo híbrido e as emissões iniciam-se nos 29 g/km de CO2.

Esta versão conta com dois modos de condução suplementares face às duas versões de motor de combustão de 130 CV e de 180 CV, tratando-se dos ‘Hybrid’ para gestão automática dos motores térmico e elétrico e ‘Electric’, que usa apenas a máquina elétrica para movimentar as rodas da frente.

Os tempos de carregamento variam consoante o tipo de carregador de bordo (há de 3.7 kW e de 7.4 kW) e de ponto de ligação. Numa tomada doméstica, o tempo de carga será sempre de 7h05, reduzindo-se para as 3h55 numa tomada reforçada de 16A ‘Green’Up’. No caso de dispor de uma ‘wallbox’ de 16A, o tempo de carregamento é de 3h25, enquanto numa ‘wallbox’ de 32A o tempo de espera reduz-se para 1h40.

Em suma

O novo Citroën C5 X é um bem-vindo retorno da Citroën à época do conforto de qualidade superior, sendo particularmente envolvente na versão híbrida pela insonorização a bordo, pela tranquilidade, pelas respostas e, fundamentalmente, pela sensação quase única neste segmento de conforto a bordo, ‘flutuando’ sobre as imperfeições do asfalto. Uma primeira impressão muito positiva para este cruzamento de espécies que é também funcional e tecnológico.

Este modelo chegará aos concessionários em junho, com cinco níveis de equipamento (um é, na verdade, uma declinação para se adequar aos clientes empresariais): Feel, Feel Business S, Feel Pack, Shine e Shine Pack. Os preços arrancam nos 34.857 € no caso da versão 1.2 PureTech 130 S&S Feel. Já a versão híbrida tem um preço a arrancar nos 44.653 € no nível Feel Pack.

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