Dacia Duster mudou tudo para que tudo continue igual

22/12/2023

Terceira geração chega em maio para ocupar uma liderança que reclama sua. O design radicalizou-se e a personalidade está mais forte do que nunca.

 

O Dacia Duster mudou tudo para que tudo possa continuar na mesma. Na sua terceira geração (2,2 milhões de unidades vendidas nas duas anteriores, tendo sido, em 2022, o SUV mais vendido na Europa a particulares), apenas conserva a sua personalidade forte.

Foi um trabalho (quase) em folha branca aquele que os designers e engenheiros da Dacia realizaram no Duster. E o motivo foi simples: garantir que o modelo continua a ser o mais emblemático da marca. Tal como o pioneiro, que, quando surgiu, em 2010, obrigou muitos a pensarem, pela primeira vez, no conceito de value for money. Seria possível que este SUV com ar de jipe fosse tão acessível?

Na nova geração, o objetivo foi deixar cair tudo o que é acessório e artificial. Simplicidade e pureza são os conceitos aplicados ao design. Exemplos? A dianteira vertical acentuada, as proteções estriadas das cavas das rodas, a porta da bagageira de enormes dimensões e as janelas laterais que se estendem de uma ponta à outra da carroçaria. A envolver o modelo a toda a volta, está uma longa faixa. E as proteções laterais na zona inferior da carroçaria ligam-se aos guarda-lamas e, depois, às cavas das rodas, que, por sua vez, se conjugam com os para-choques dianteiro e traseiro. O resultado é um estilo bastante agressivo que promete continuar a fazer fãs.

As proteções inferiores dianteiras e traseiras são tingidas na massa. A dispensa da tinta para este efeito, segundo a marca, além da componente ambiental, contribui, também, para a felicidade dos clientes, uma vez que os eventuais riscos e arranhões não alteram a cor original do Duster. Os faróis e as luzes traseiras do novo Duster estão dispostos em “Y”, e a mesma forma é visível nas jantes de liga leve (que também não têm crómio) e a forma como os materiais são polidos conferem-lhe um brilho notável.

Por sua vez, as proteções laterais da parte inferior da carroçaria, das cavas das rodas, bem como as marcas de identificação, os guarda-lamas, os triângulos no para-choques dianteiro e a proteção da zona traseira, são fabricados com um material resistente concebido pelos engenheiros da Dacia e pelos químicos da LyondellBasell, o Starkle. Trata-se de um material já conhecido do concept-car “Manifesto” e que é até 30% reciclado.

Equilíbrio interior

O Dacia Duster recorre agora à plataforma CMF-B do Grupo Renault, novidade que tem em vista a melhoria de vida a bordo. Mas não só. As dimensões exteriores são quase idênticas e o aspeto de todo-o-terreno parece ainda mais robusto e de linhas pronunciadas do que antes.

O habitáculo procura manter a filosofia exterior, dando primazia ao essencial. Nada lá está por acaso. Conta com um ecrã central de 10,1” posicionado no campo de visão do condutor e com um ângulo de 10° na sua direção. Os controlos da transmissão automática são novos e encontram-se associados ao motor Hybrid 140.

Ainda no interior, destaque para a superfície das saídas de ar em forma de “Y” (e em tom de cobre na versão Extreme), que também aparece à volta dos apoios de braços dos painéis das portas. O nome da marca no centro do volante foi substituído pelo logótipo da Dacia.

Graças ao recurso à (já referida) plataforma CMF-B, existe, agora, mais espaço para passageiros e bagagem do que a geração anterior e é apenas ligeiramente mais comprido. Além do acréscimo de espaço a bordo para os passageiros, sobretudo para quem viaja nos bancos traseiros, também a mala aumentou a sua capacidade: de 445 para 472 litros.

Segundo a marca, a plataforma CMF-B reduziu as vibrações e o ruído de rolamento, permitindo ao novo Duster embarcar na sua “viagem para a eletrificação”, dado que permite acomodar grupos motopropulsores que utilizam tecnologias híbridas moderadas (mild-hybrid) e totalmente híbridas (full-hybrid).

Opções híbridas

O novo Duster não tem apenas um visual aventureiro. Continua a ser um modelo com versões 4×4, contando, inclusivamente, com o sistema Terrain Control, com vários modos: “Auto”, “Snow”, “Mud-Sand/Off-Road” e “Eco”. As unidades 4×4 têm 217 mm da altura ao solo, ângulo de ataque de 31° e ângulo de saída de 36°.

As motorizações eleitas para esta terceira vida do Duster são três. A aposta híbrida é evidente. A primeira versão é Hydrid 140. Um conjunto já incorporado no Jogger no início de 2023 e que engloba um motor a gasolina de quatro cilindros, 1,6 litros de 94 cv, dois motores elétricos (motor de 49 cv e gerador/motor de arranque de alta tensão) e uma caixa de velocidades automática.

A travagem regenerativa e a elevada capacidade de recuperação de energia da bateria de 1,2 kWh (230 V), permitem circular em modo 100% elétrico até 80% do tempo em cidade, reduzindo os consumos entre 20% (ciclo misto) e 40% (ciclo urbano). Além disso, o Duster arranca sempre recorrendo a energia elétrica.

A segunda proposta é uma estreia: TCe 130. Conjuga um motor a gasolina de três cilindros, 1,2 litros turbo de nova geração, que utiliza o ciclo Miller (perdas reduzidas na bomba otimizam a eficiência) e uma solução híbrida ligeira (mild-hybrid) de 48 V. Este ajuda o motor de combustão interna em arranques e acelerações, reduzindo o consumo médio e as emissões de CO2 em cerca de 10%, segundo valores da marca. De realçar que o sistema de travagem regenerativa carrega a bateria de 0,8 kWh sem fazer uma diferença percetível para o condutor. Já agora, esta unidade Duster TCe 130 está disponível com uma caixa de seis velocidades nas versões 4×2 e 4×4.

A terceira proposta é o Duster ECO-G 100. A Dacia continua a apostar forte no GPL. Quando funciona em modo GPL, o Duster liberta, em média, menos 10% de CO2 do que um motor a gasolina comparável. Pode percorrer até 1.300 km com os seus dois depósitos de 100 litros – 50 litros de gasolina e 50 litros de GPL – que se encontra escondido sob o piso da bagageira para não afetar a capacidade de carga. Para mudar de um modo de combustível para o outro, basta carregar num botão integrado no painel de instrumentos.

Ainda sem preços definidos para o mercado nacional (embora seja de prever que o preço de entrada ande próximo dos €20.000), o Duster chegará a Portugal em maio com quatro níveis de equipamento: Essential, Expression, Extreme e Jouney. As variantes mais elitistas contam com jantes de 18”, ar condicionado automático, cartão de acesso mãos livres, travão de estacionamento elétrico, sistema de som com seis colunas, carregador de smartphone sem fios e infoentretenimento com navegação conectada, entre outros predicados.