Revelado em Berlim, na semana passada, o novo smart #1 representa também uma nova abordagem para a marca em termos de presença comercial. Em declarações ao Motor24, Saskia Oboril-Klein, responsável pelo Desenvolvimento de Negócio da smart na Europa, explicou os novos moldes de comercialização, o potencial de partilha do novo #1 e destaca a parceria “frutuosa” entre a smart e a Geely.

Embebendo alguns dos conceitos apresentados anteriormente pela Mercedes-Benz para o seu modelo de negócio futuro, a smart prepara um novo modelo de vendas para a Europa, atuando de duas formas: ora como vendas diretas por intermédio de uma plataforma online simples, ora por meio de uma tradicional venda física a retalho com a participação de uma rede mais convencional.

“O que levámos connosco do passado é a cooperação com a rede de concessionários. Pudemos continuar com os parceiros mais estratégicos e importantes com os quais tínhamos uma relação duradoura. Vamos continuar a abordagem de compra dos e pontos de venda da Mercedes-Benz. A rede física é algo que vai ficar connosco, o que é muito importante”, explica Oboril-Klein, comentando sobre o legado da Mercedes-Benz para esta nova era. Embora a marca olhe para o digital como ferramenta essencial, não desvaloriza o processo físico.

“É claro que vão existir diferenças, mas penso que as vendas físicas vão continuar importantes. Penso que agora há muita mais pesquisa e mais preparação online, mas os clientes querem vir ao concessionário pelo menos uma vez, para ver o carro, fazer um test-drive ou para um conselho mais pessoal. Assim, [a vertente física] vai continuar uma parte fundamental”, assegura.

Na Europa, a smart trabalha em estreita colaboração com parceiros estratégicos para criar a rede mais adequada e com a dimensão exata. Com um novo visual, os espaços da smart irão refletir o ADN do novo design da companhia, esperando-se para Portugal a implementação de uma rede com cerca de 13 espaços comerciais, não se encontrando ainda definido o número definitivo.

A intenção da smart passa por promover uma relação direta e forte com o cliente, baseando-se em componentes como a transparência no preço e envolver também os concessionários no modelo de negócio do futuro, considerando que os clientes ainda não estarão preparados para uma transição puramente digital. Aborda-se, antes, uma noção de combinação entre dois mundos.

Dentro dessa ‘fusão’, é possível também esperar que a smart se envolva mais a fundo nos modelos de venda por subscrição, ainda que Saskia Oboril-Klein indique que os planos ainda estão a ser definidos.

“O modelo de subscrição vai ao encontro dos clientes que pretendem trocar de carro mais frequentemente, mas que não pretendem o leasing normal de 24 ou de 36 meses, mas mudar de seis em seis meses ou em 12 meses. Com isso, vamos ao encontro de uma audiência mais ampla e vemos os modelos de subscrição para o futuro, mas estamos a analisar como poderemos criar uma parceria para lidar com este modelo de negócio”, indica a responsável pelos modelos de negócio da marca.

Outra ideia para o futuro passa pela vertente de carsharing, sendo um modelo de negócio ainda difícil de rentabilizar por parte das marcas e que teve na pandemia de Covid-19 um revés, sobretudo com o receio de contaminação pelo coronavírus que, entretanto se alastrou ao mundo. No entanto, Oboril-Klein antevê o ressurgimento do conceito e explica que os novos modelos da smart, fruto da nova plataforma eletrónica de conectividade, estará preparada para o conceito.

“Penso que o carsharing vai voltar a subir novamente. A parte boa dos nossos carros é que têm a funcionalidade de partilha já incluída, pelo que podem já partilhá-lo com as pessoas que conhecem melhor como a família ou amigos. Mas estamos também preparados para parcerias com marcas como a ShareNow ou outras companhias de serviços de partilha”.

Parceiros para crescer

Uma das noções fundamentais da smart é também a do trabalho com parceiros estratégicos para a criação de serviços e de funcionalidades acessórias – a marca tem em curso parcerias com a ABB para o fornecimento de ‘wallboxes’ e com a ALD para a área de ‘leasing’, entre outras. A área do carregamento é uma das que reúne maiores esforços.

“O carregamento é, seguramente, um fator chave e algo que ainda mantém as pessoas afastadas da mobilidade elétrica. É por isso que temos duas parcerias chave já em vigor – com a ABB para o carregamento doméstico com instalação de ‘wallboxes’, bem como serviços de instalação, e com a DCS, a Digital Charging Solutions, que vai oferecer uma rede de carregamento muito ampla de pontos de carga na Europa. Com cada carro, cada cliente vai receber um cartão de carregamento da DCS, que poderá utilizar num posto de carregamento pela Europa”, reforça.

Troca cultural “frutuosa”

Sobre a parceria entre a Mercedes-Benz e a Geely, com o desenho e conceção feita pelos alemães e produção chinesa, a responsável da smart garante que a abordagem tem sido muito positiva e que os benefícios são bastante relevantes.

“Tem sido um relacionamento muito bom. Não foi fácil, especialmente nos tempos da pandemia, já que nunca tivemos a oportunidade de nos visitarmos mutuamente. Mas, com as ferramentas digitais atuais tornou-se bastante fácil estabelecer uma ligação. Temos uma diferença horária entre a China e a Europa, mas trabalhamos com eles num base diária e estamos constantemente a trocar ideias. Penso que esta troca cultural é bastante enriquecedora para a marca. Beneficia o que fazemos lá e o que fazemos aqui. Também na Europa temos tantas culturas e nacionalidades diferentes. É bastante frutuoso para a marca”.

smart #1 deixa-se ver em Portugal já em maio

Em breve, prevê-se que seja possível comprar um carro em seis passos, até porque a lista de equipamentos disponíveis será bastante simplificada – apenas serão propostos como opcionais a ‘wallbox’ e a um gancho de reboque, o que também antecipa a chegada futura de versões com tração integral (o modelo de apresentação, com 200 kW de potência, dispunha apenas de tração traseira). Além daqueles dois opcionais, o #1 terá três linhas de equipamento e nove cores de carroçaria disponíveis que se podem combinar com diferentes cores de tejadilho (que ganha a mesma relevância que a antiga célula ‘Tridion’ dos smart).

Antes de chegar ao mercado, em março de 2023, 0 smart #1 virá a Lisboa num périplo pelas capitais europeias já nos dias 12 e 13 de maio deste ano, dando-se a conhecer a potenciais clientes. A produção do smart para a Europa está prevista para o mês de agosto, com as pré-reservas (com um depósito simbólico recuperável ainda não definido) previstas para 1 de setembro. Até dezembro será anunciado o preço dos modelos de lançamento.

*Em Berlim, Alemanha

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