“Não pensamos em veículos autónomos, continuamos focados no prazer da condução”

27/11/2019

Antonino Labate, responsável do concept-car Cupra Tavascan assume que a marca continuará a apostar em desportivos. Mesmo que sejam 100% elétricos

Dois anos depois do nascimento da marca Cupra, dentro do universo Seat, o balanço é muito positivo. Antonino Labate, diretor de Estratégia, Desenvolvimento de Negócio e Operações, em entrevista ao Motor 24, garante que a marca está focada, acima de tudo, no “prazer de condução”. Será essa a premissa do caminho, alimentado, apenas, a combustão interna. Até agora. Com o Tavascan, o primeiro 100% elétrico de raiz da Cupra, o jogo muda.

Mas muito mais há a contar nesta (ainda) curta história da identidade própria da Cupra. “A decisão foi tomada em fevereiro de 2018. E muito aconteceu nestes dois anos. A marca está muito bem. Nestes primeiros 20 meses introduzimos diferentes modelos no mercado, e temos tido, todos os meses, novos recordes de vendas. Nestes primeiros nove meses deste ano, vendemos mais de 19.700 carros do que no ano passado. Um crescimento de 75% comparado com as vendas anteriores”, avança.

E acrescenta. “Mas mais importante do que isto é o facto de a marca se estar a afirmar e a atrair clientes nos targets que esperávamos”, diz. Qual o perfil do cliente Cupra? “Pessoas que, tal como eu, gostam de carros desportivos. Que gostam de desfrutar da condução”, acrescenta.

Tavascan: resposta elétrica
Numa conjuntura que aponta para a eletrificação da indústria automóvel, como poderá uma marca de cunho essencialmente desportivo – e procurada pelos amantes dos motores de combustão interna – adaptar-se? “Essa é uma boa reflexão. Sempre dissemos que a ambição da Cupra era reinventar a performance e a desportividade.

O que fizemos para aproveitar essa evolução da eletrificação? Primeiro, apresentámos o primeiro carro de competição de turismo 100% elétrico. Com isso estabelecemos que poderá ser o futuro da competição. No próximo ano, vamos introduzir no mercado o primeiro híbrido plug-in de alto rendimento com 145 cv – a nova família do Leon (cinco portas). Há uma evolução. Mas creio que o desafio é maior: quem queira ir contra a corrente, como nós, não fala de condução autónoma; nós continuamos a falar do prazer da condução desportiva. O maior desafio, neste percurso de eletrificação, será transmitir ao carro agilidade de condução”, afirma.

O Cupra Tavascan surge como resposta a esta questão. Trata-se do concept de um SUV coupé 100% elétrico. Além do design impactante, dominado por asas, apêndices e jantes de 22’’ (com peças de cobre e coberturas sobrepostas em fibra de carbono para ajudar a canalizar o ar e arrefecer os travões), este protótipo construído em fibra de carbono e conta com baterias alojadas sob o piso. O interior mantém a filosofia, com quatro bancos desportivos, dispõe de abas flutuantes e duas consolas centrais. A napa branca aplicada nos bancos e topo do painel combina bem com a iluminação exclusiva e com o piso neopreno preto. Segundo a marca, o Tavascan tem muitas diferenças face a um Cupra equipado com motor de combustão, mas reflete a mesma paixão: a mais recente tecnologia, cores e materiais exclusivos, faróis visíveis, painel central flutuante de 13’’ de orientação dupla, bancos com conectividade individual e até uma scooter elétrica como forma complementar de locomoção.

“O concept-car que foi mostrado em Frankfurt, Tasvacan e estamos muito orgulhosos. Representa a visão futura e elétrica da Cupra. Uma combinação de SUV-Coupé, com um estilo muito exclusivo e contemporâneo, onde a linha exterior e também os materiais exteriores mostram os valores do Cupra: ligeireza, performance, design, estilo. A ambição que a Cupra tem é produzir um carro seja completamente elétrico… e desportivo”, revela.

Antonino Labate acredita que é possível desmistificar a ideia de que os veículos elétricos não possam ser emotivos. “Isso é o que queremos mudar. O Tavascan é um exercício que mostra que é possível desenhar um carro emocional, com capacidade de aceleração importante. Mas o que transmite a emoção é o conjunto de tudo. Essencialmente a agilidade. É elétrico, sim. Mas com potência e aceleração. Tem o feeling de vida. A capacidade de balançar os pesos distribuídos na parte da bateria e um grande comportamento em curva. No fundo, é tudo isso que transmite emoção quando estamos ao volante de um desportivo”, remata.