Novo Mazda CX-5 já disponível: Espírito ‘Mukainada’ contra as portagens

04/09/2017

Após uma espera mais longa do que seria de esperar, o novo Mazda CX-5 já está disponível para encomenda no mercado nacional, com preços a partir dos 33.311 euros para a versão com motor 2.2 Skyactiv-D com 150 CV de potência.

Atrasado devido ao processo de homologação especial para o nosso mercado devido ao sistema de portagens nacionais algo ‘peculiar’, o novo SUV da companhia nipónica traz no seu código genético um pouco do princípio japonês ‘Mukainada’, que é como quem diz ‘Não se passa nada’ ou, numa tradução mais literal, ‘realmente fácil’.

O que é que este espírito tem que ver com as portagens nacionais? Mais do que parece, conforme explicou Luís Morais, Presidente da Mazda Portugal.

Regresse-se um pouco atrás no tempo. Mukainada é uma localidade do Japão que, na sequência da queda da bomba atómica de Hiroxima em 1945, teve de suportar a adversidade e, graças à criatividade e esforço conjunto dos seus habitantes, ‘remendar’ o que havia sido danificado e criar novas oportunidades.

Até pela localização da marca, Mazda e Hiroxima têm uma grande intimidade e essa foi uma das características que ficou definitivamente vincada no pós-guerra, levando a que o renascimento de uma fosse sinónimo da recuperação da outra. Com efeito, após a queda da bomba, a Mazda perdeu 119 empregados e ficou com 335 trabalhadores feridos, mas a fábrica de Mukainada, tal como muitas das infraestruturas locais, sofreu poucos danos devido à ‘proteção’ do Monte Hijiyama. Do que se estragou, a força conjunta tratou de recuperar, mantendo a fábrica na mesma localização, a algumas dezenas de quilómetros do local de impacto da ‘Little Boy’, lançada pelo B-52 ‘Enola Gay’ tripulado por Paul Tibbets Jr, da Força Áerea dos EUA, no dia 6 de agosto de 1945.

“É bom saber. E as portagens?…, perguntarão agora os leitores. Vamos a isso.

É que esse foi o espírito agora recuperado pela Mazda quando, de Portugal, veio o pedido de uma adaptação especial para que pudesse ser Classe 1 nas portagens com Via Verde. Dito e feito. O novo CX-5 beneficia assim de alguns ajustes para ser Classe 1 nas portagens quando equipado com o dispositivo Via Verde, caindo no critério de peso bruto de 2.300 kg.

Uma boa notícia para a marca, uma vez que este é um critério que – enquanto não surge uma revisão dos meios de classificação de portagens, entretanto completamente obsoletos – pode ajudar ao sucesso (ou o oposto…) de um modelo. No caso do CX-5, trata-se de uma renovação profunda de meio de ciclo que acentua a filosofia ‘Jinba Ittai’ (condutor-e–carro-como-um-todo) da Mazda e um ponto mais evoluído do design dinâmico apelidado ‘KODO – Alma do Movimento’. Por tudo isso, este é um modelo que pretende dar continuidade ao sucesso de vendas do anterior, registando aproximadamente 25% das vendas anuais da Mazda (cerca de 1.5 milhões de unidades em todo o mundo).

Mudanças bem-vindas

Mas o CX-5 está diferente e tem muitas melhorias no interior e no exterior. Cresceu 5 mm no comprimento e apresenta grelha tridimensionais redesenhada a que se unem os faróis mais esguios, enquanto os pilares A foram recuados em 3,5 cm face ao anterior. O capô também cresceu e tudo foi criado para elegância visual, como se pode também perceber na traseira, em que ficou mais compacto e harmonioso. A nova cor de carroçaria Soul Red Crystal, uma evolução do Soul Red Premium Metallic, é outra novidade do CX-5.

No habitáculo, com espaço apreciável para cinco, o tablier está agora mais horizontal – para maior sensação de espaço, dizem-nos – e com consola central mais organizada na sua ergonomia para maior funcionalidade. Os materiais são igualmente um ponto de destaque, estando acima da média, elevando este modelo a um patamar superior, contando também com um ecrã central de sete polegadas no topo do tablier.

De resto, o volante é novo, assim como os bancos, sendo que atrás, podem ser aquecidos e contar com saídas de ventilação diretas (até aqui não existiam) e duas portas USB no encosto de braços central. Aquilo que também será sempre de série é o seu head-up display, ainda que o sistema varie consoante o nível de equipamento: nos níveis mais elaborados, as informações de condução (a cores e com visual 3D) são refletidos no para-brisas, ao passo que nos outros surgem apresentados numa pequena lâmina colocada à frente do condutor. O portão traseiro ganhou também a possibilidade de abertura elétrica.

Outro ponto em que a Mazda se empenhou a fundo – e com repercussões notórias – foi na melhoria daquilo que se convencionou chamar NVH – Noise, Vibration, Harshness -, que é como quem diz, ruído, vibrações e aspereza. Com recurso a diversos materiais de isolamento nas portas, interiores, inferiores e até com o rebaixamento das escovas de para-brisas para ‘baixo’ do capô em vez de estar mais acima, perturbando a aerodinâmica, conseguiu-se melhorar o silêncio a bordo, aumentando a qualidade de vida no habitáculo. Esse mesmo reforço em termos de isolamento teve, por outro lado, o condão de aumentar o peso total em cerca de 40 kg, mas que não afeta a condução ou a dinâmica porque a rigidez torsional foi aumentada em 15% para comportamento mais direto, o mesmo se aplicando aos sistemas de direção, suspensão e travões do chassis Skyactiv.

Falando-se tanto do ‘Jinba Ittai’, o que os cavaleiros da época feudal no Japão não tinham à sua disposição era o sistema G-Vectoring Control (GVC), a primeira das tecnologias Skyactiv-Vehicle Dynamics, que ajusta a entrega do binário do motor para otimizar a carga que cada roda recebe. Ou seja, atendendo ao decurso da curva, o sistema GVC analisa a posição do volante e do acelerador para reduzir momentaneamente a quantidade de binário que é entregue às rodas dianteiras, passando assim um pouco mais de peso para essas mesmas rodas. Ou seja, desacelera de forma muito sensível e impercetível. Com isso, o peso é transmitido para a frente e a sua aderência aumenta, com as rodas traseiras a poderem girar com maior precisão, ajudando a estabilidade dinâmica.

Tudo Diesel

Sem mudanças, a gama de motores para Portugal volta a apostar na vertente Diesel. A entrada faz-se com o 2.2 Diesel de 150 CV (380 Nm às 1.800 rpm), passando ainda pelo mesmo motor mas em versão de 175 CV (420 Nm às 1.800 rpm).

A versão de 150 CV com tração dianteira surge associada a uma melhorada caixa manual (podendo também receber caixa automática), o mesmo acontecendo com a variante de tração integral i-ACTIV AWD.

No caso do motor de 150 CV com caixa manual e tração dianteira, a média de consumos está nos 5.0 l/100 km e 132 g/km de CO2 de emissões poluentes. As motorizações tiram ainda partido de três tecnologias avançadas: ‘High-Precision DE Boost Control’, ‘Natural Sound Smoother’ e ‘Natural Sound Frequency Control’, que trabalham de forma combinada para melhorar a resposta do motor durante a condução (os dois primeiros) e também os níveis de ruído e vibrações (a última).

A gama de equipamentos volta a dividir-se entre a mais básica Essence, passando pela intermédia Evolve e culminando na mais recheada Excellence. No caso do 2.2 Skyactiv-D 150 4×2, os preços começam nos 33.311€ do Essence, subindo para os 36.360€ do Evolve (que pode ir até aos 44.146€ com caixa automática) e terminam nos 40.404€ do nível Excellence (que pode ir até aos 43.274€). Curiosamente, de acordo com a Mazda, que não se quer posicionar como uma marca generalista, mas também não num patamar premium puro, a versão mais vendida em Portugal tem sido a de topo Excellence.

No que diz respeito ao motor de 175 CV e AWD, apenas existe uma versão, precisamente a de topo, com preço a partir de 46.431€.

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