Considerado por muitos como o responsável pelo sucesso massificado dos SUV na Europa, o Qashqai está prestes a conhecer uma nova geração, a terceira, que terá uma versão híbrida em lugar do Diesel, que sai de cena em definitivo. A Nissan sabe que tem agora um leque de concorrentes muito mais alargado do que no lançamento das duas anteriores gerações, pelo que todo o cuidado está a ser posto no novo Qashqai. Já conhecemos muitos dos segredos do novo SUV…

A importância do Qashqai está bem documentada – desde que a primeira geração chegou ao mercado, em 2007, este modelo, que foi responsável por criar a grande ‘febre’ dos SUV na Europa, já vendeu mais de três milhões de unidades no Velho Continente e mais de cinco milhões a nível global. Um registo que a Nissan quer engordar com a chegada do novo modelo, que está a ser pensado com o cliente europeu em mente.

Os protótipos do novo Qashqai estão já em fase avançada de testes nas estradas europeias, aprimorando alguns dos seus elementos principais como a suspensão ou a direção antes da sua chegada ao mercado, no arranque de 2021.

“O ponto de partida para o design e desenvolvimento do novo Qashqai foi uma análise profunda da relação que tivemos com todos os clientes dos nossos Qashqai nos últimos 13 anos. Permitiu-nos perceber as suas necessidades e, em particular, aquilo que valorizam num crossover que usem numa base diária”, afirmou Marco Fioravanti, Vice-Presidente de Planeamento de Produto da Nissan Europa.

Aquele responsável explica-nos ainda, exclusivamente ao Motor24, que “quando estabelecemos objetivos para um novo automóvel temos em conta um grande número de opiniões: o ‘feedback’ dos atuais clientes Qashqai (tanto os positivos como os pontos a melhorar), o ‘feedback’ dos utilizadores de rivais, a comparação com os rivais e a opinião da imprensa”, começa por dizer.

“A satisfação geral dos clientes é ainda muito boa, sem pontos significativos de insatisfação. No entanto, para manter a liderança do nosso crossover, identificámos um número de pontos a melhorar e alguns detalhes em particular. Alguns exemplos são a qualidade de rolamento e de condução (com resposta da direção mais rápida e estrutura mais sólida melhorada), silêncio de condução (índices reduzidos de ruído de rolamento e aerodinâmico) e espaço de arrumação na bagageira”, acrescentou.

Sobre pequenos detalhes em específico que foram entendidos como pontos a melhorar, Fioravanti dá conta de alguns exemplos, como a implementação de duas luzes na bagageira para facilitar a arrumação à noite, dois puxadores na tampa da bagageira e um computador de bordo que faça reset automático após um enchimento.

Plataforma de nova geração

Em destaque está a nova plataforma CMF-C, desenvolvida pela Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que permite diversas melhorias em termos de compactação de elementos, maior ligeireza geral e maior sofisticação técnica e tecnológica, algo que os responsáveis da Nissan salientam como um dos pontos fortes da nova geração do SUV de segmento médio. Por outro lado, manterá os princípios que orientaram as gerações anteriores, ou seja, a facilidade de utilização, o design elegante, a eficiência e a boa qualidade geral.

Com estilo europeu – o seu desenho será, novamente, liderado pela equipa de Design da Nissan na Europa, com base em Londres – e técnica pensada para o cliente da ‘velha’ Europa, graças ao centro técnico de Bedfordshire, também no Reino Unido, o novo Qashqai será o primeiro modelo na Europa a utilizar a plataforma CMF-C, que permitirá manter as atuais proporções do modelo, critério que é considerado como ‘chave’ para a ótima aceitação das duas gerações anteriores, ao combinar facilidade nas viagens urbanas com conforto nas longas distâncias e espaço interior reforçado.

Na construção, a redução de peso foi um grande foco de trabalho, pelo que muitos dos esforços da marca passaram pela redução da massa total. Uma dieta geral que não se coíbe de utilizar materiais compósitos para o portão da bagageira e para a porta do depósito de combustível. Só na tampa da bagageira poupam-se 2,6 kg, face à peça utilizada atualmente. Mas há mais. A utilização de aços de ultra elevada resistência (UHHS) aumentou em 50% na estrutura do Qashqai, permitindo maior resistência estrutural e maior ligeireza. Para contornar o problema usual de junções entre os materiais de elevada resistência na carroçaria em ‘branco’ (em inglês, ‘body in white’, o esqueleto do veículo, sem componentes agregados), a Nissan recorreu a um novo adesivo estrutural para reforçar os pilares A, B e C. As portas laterais, o capot e as cavas das rodas dianteiras são concebidas em alumínio, o que, em conjunto, dá mais uma poupança de 21 kg em comparação com o Qashqai atual. De forma realista, a Nissan espera uma maior resistência em caso de acidente e melhoria dinâmica graças ao peso reduzido e à maior rigidez torcional. Mas, como gostamos de números, a estrutura em ‘branco’ é 60 kg mais leve e 41% mais rígida do que no Qashqai que vai sair de cena.

O cuidado com a otimização eficiente do Nissan fica ainda patente pelo fundo plano para um fluxo de ar sem perturbações na área inferior do Qashqai, mas também pela grelha dianteira ativa, que pode fechar-se para que o ar na dianteira perturbe ao mínimo a eficácia aerodinâmica na superfície frontal do veículo. Apenas se abre quando as necessidades de refrigeração assim o determinam. O estilo do Qashqai contempla ainda uma espécie de cortina de ar que desvia o fluxo de ar para reduzir o arrastamento gerado pelas rodas dianteiras.

Peter Brown, engenheiro da Nissan para os veículos de passageiros da Nissan Europa, refroça a importância do reforço estrutural proporcionado pela plataforma mais rígida e rigorosa na sua conceção. A nível de dimensões, o novo Qashqai será ligeiramente maior em todos os sentidos. Terá mais 35 mm de comprimento (4429 mm), mais 32 mm de largura (1838 mm), mais 25 mm de altura (1615 mm) e mais 20 mm na distância entre eixos. Também a capacidade da bagageira foi aumentada em 50 litros.

Nova suspensão, nova direção

A suspensão foi atualizada na sua configuração McPherson, tanto à frente, como atrás. Para os modelos de duas rodas motrizes com jantes de até 19″ (incluídas), a suspensão traseira é composta por barra de torção, a qual foi também melhorada em termos dinâmicos, procurando oferecer conforto de rolamento e boa insonorização. Um dos parâmetros importantes é o facto de mola e amortecedor estarem montados de forma vertical, permitindo-lhes maior amplitude de funcionamento e melhoria do contacto com o solo também em piso mais degradado. Nos modelos com jantes de 20″ e tração integral, conta com suspensão multilink atrás, também melhorada para oferecer menos vibrações, menos ruído e melhoria do equilíbrio entre conforto e dinamismo. A direção foi igualmente melhorada para oferecer maior precisão e ser mais informativa.

Motorizações eletrificadas

Acompanhando as tendências da indústria automóvel, também as motorizações do novo Qashqai são eletrificadas, seja por meio de hibridação ‘suave’ com sistema mild hybrid, seja por intermédio de um sistema híbrido de nova geração, denominado e-Power, que fará a sua estreia europeia no Qashqai. O que já se sabe é que o motor Diesel desaparece, deixando o seu lugar para o híbrido e-Power de 188 CV de potência, dando seguimento à estratégia de eliminação dos motores Diesel das gamas do construtor.

Na base da gama estará o motor 1.3 a gasolina, desenvolvido ao abrigo da parceria com a Daimler, com duas variantes de potência, uma de 138 CV e outra de 155 CV, em ambos os casos com sistema mild hybrid, podendo ainda receber tração dianteira ou integral e caixa manual ou automática CVT, também de nova geração que vem substituir a DCT e que é apontada por Marco Fioravanti como um elemento de alto refinamento e de boas performances.

Esse motor tem um sistema mild hybrid de 12 V, que incorpora uma bateria de iões de lítio compacta situada sob o piso e um gerador/alternador que permite recolher a energia decorrente das travagens ou desacelerações para a bateria. Dessa forma, consegue, por exemplo, ter uma maior suavidade nos momentos de atuação do sistema start-stop ou fazer com que atue por mais tempo, por exemplo, nas funções de condução ‘à vela’, de acordo com Fioravanti. Em caso de necessidade nas acelerações, também pode oferecer um ligeiro acréscimo de binário para ajudar.

Poder elétrico

Em estreia na Europa, o sistema e-Power – que teve grande sucesso desde que foi lançado no Japão com o Note – representa mais um passo na ideia de eletrificação de uma marca que foi pioneira na expansão dos elétricos com o Leaf. No caso do sistema e-Power, a ideia é que o motor de combustão forneça a sua energia ao motor elétrico, para que a condução seja tão linear e suave como um elétrico. Ou seja, o motor elétrico está constantemente a alimentar as rodas, com uma bateria de iões de lítio de alta capacidade e um motor a gasolina (cujos detalhes são escassos) a servirem de fontes de energia. Aliás, garante a marca que o motor de combustão não está ligado às rodas, apenas carrega a bateria. O sistema motriz conta ainda com uma unidade de controlo e um inversor.

Para Marco Fioravanti, os clientes dos Diesel não vão ficar desapontados, “porque tivemos em mente a diversão de condução quando desenvolvemos o sistema e-Power. Num Diesel, o binário elevado estava disponível muito cedo e no Qashqai e-Power isso também vai acontecer. Tivemos em conta a suavidade, a eficiência, mas também a diversão de condução, que foi fundamental para nós”.

Ou seja, o motor elétrico é do mesmo tamanho dos que são tipicamente encontrados nos veículos 100% elétricos, proporcionando por isso boa aceleração e boa resposta em recuperações. O gerador alimentado pelo motor de combustão mantém a bateria carregada, mas também pode fornecer energia diretamente ao motor elétrico para potência adicional. Por outro lado, mantém a ideia de suavidade e refinamento, sem vibrações.

“A tecnologia e-Power será colocada como a versão mais importante para nós. Quando se fala da tecnologia de eletrificação e do sistema e-power estamos sempre muito confiantes, não porque somos arrogantes, mas porque temos a certeza e a confiança de que podemos ser inovadores. Somos diferenciadores neste capítulo, muitos falam de eletrificação e com diferentes soluções, mas acreditamos que temos uma ótima solução”, garantiu Fioravanti.

Quanto a dados de consumos e de emissões, a marca ainda não os submeteu naturalmente a testes de homologação, mas espera uma elevadíssima eficiência.

Tecnologias de alto nível

Fazendo parte da ideia de Mobilidade Inteligente da Nissan, a panóplia de sistemas de assistência à condução e de segurança foi bastante reforçada para o novo Qashqai, com a marca a destacar uma série de funcionalidades relevantes.

Neste sentido, o futuro Qashqai irá contar com uma nova geração do sistema ProPilot de assistentes à condução, passando a denominar-se ProPilot com Navi-link, que permite assumir o comando das operações em condução nas autoestradas. O sistema poderá acelerar, manter uma velocidade estável quando definida pelo condutor e travar totalmente, reacelerando depois se o carro precedente se movimentar num período de três segundos.

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O sistema de direção e a câmara estão constantemente a avaliar a posição do veículo na faixa, mantendo-o centrado, ao mesmo tempo que mantêm igualmente a distância de segurança para o automóvel precedente. O novo Qashqai poderá ainda adaptar a velocidade automaticamente em locais de velocidade inferior na autoestrada (por exemplo, em zonas obras), recorrendo à leitura dos sinais de trânsito e à navegação. A direção consegue agora dispor de uma maior competência em curvas, resistindo melhor a curvas fechadas quando o sistema ProPilot está navegado.

O ProPilot com Navi-link consegue agora comunicar com os radares de assistente de ângulo morto, atuando sobre a direção caso o condutor queira mudar de via com um outro carro no ângulo morto. Há ainda um sistema de proteção de flanco para situações urbanadas, alertando o condutor caso exista o risco de contacto com um objeto na área lateral do Qashqai, por exemplo, um pilarete ou marco de curva num estacionamento do hipermercado (quem nunca?…). O sistema de travagem automática também atua caso seja detetado um obstáculo em aproximação.

O ProPilot deverá estar disponível a partir do nível de equipamento médio N-Connecta.

Outro ponto que a Nissan destaca é o do sistema de iluminação inteligente com as luzes LED a conseguirem adaptar-se consoante as condições da estrada e dos restantes utilizadores. O feixe de luz está dividido em 12 elementos individuais que podem desativar-se no caso de deteção de um veículo no sentido contrário, prevenindo dessa forma o encandeamento de condutores que circulem na faixa oposta.

Gama de motores
1.3 MHEV 138 CV MT 2WD
1.3 MHEV 155 CV MT 2WD
1.3 MHEV 155 CVT 2WD
1.3 MHEV 155 CVT 4WD
E-Power 188 CV 2WD

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