Apenas com tração traseira e um motor elétrico situado também atrás, o novo Porsche Taycan de base pretende conquistar ainda mais clientes naquele que já é um dos modelos mais bem-sucedidos na marca. A autonomia na versão de maior bateria é de 484 quilómetros com uma única carga, sendo o recordista da gama Taycan.

Juntando-se aos Taycan 4S, Turbo e Turbo S, o Taycan de base (simplesmente Taycan, embora para efeitos do artigo lhe juntemos a sigla ‘RWD’) recorre a uma motorização apenas, dispondo de tração traseira e de duas opções de bateria. A Porsche vê o crescimento da aceitação dos modelos elétricos, pelo que o alargamento das suas ofertas – também com o Taycan Cross Turismo – é um exemplo do seu empenho para chegar a mais clientes, neste caso propondo uma versão mais simples no conceito (em comparação com os demais Taycan), mas longe de menos interessante de conduzir.

De série, a berlina elétrica desportiva surge com a bateria Performance, cuja capacidade bruta é de 79.2 kWh, para uma autonomia de 431 quilómetros. Opcionalmente, os clientes poderão optar pela bateria Performance Plus, com uma capacidade bruta de 93.4 kWh e autonomia de 484 quilómetros, tratando-se de uma opção de maior capacidade.

Os valores de potência também se alteram consoante a bateria selecionada: no caso da versão de base, a potência é de 300 kW (408 CV) em ‘overboost’ (com função de ‘launch control’), enquanto a opcional Performance Plus dispõe de potência ‘overboost’ de 350 kW (476 CV). Esses são os valores máximos quando as prestações são a prioridade, com a potência nominal a ser de 240 kW (326 CV) e 280 kW (380 CV), respetivamente.

Eficácia e prestações

O motor síncrono permanente, colocado no eixo traseiro, tem um comprimento de 130 milímetros, sendo o mesmo que é utilizado no Taycan 4S. O inversor opera até 600 amperes. Adicionalmente ao motor, a arquitetura da transmissão inclui também uma caixa de duas velocidades. Com um coeficiente aerodinâmico de 0,22, a sua aerodinâmica contribui significativamente para o baixo consumo de energia e elevada autonomia. A potência máxima de recuperação é de 265 kW.

Nesta configuração, o Taycan acelera dos zero aos 100 km/h em 5,4 segundos, seja qual for a especificação da bateria. A velocidade máxima é sempre 230 km/h, enquanto a capacidade máxima de carregamento é de 225 kW (bateria Performance) ou de 270 kW (bateria Performance Plus). Significa isto que ambas as baterias podem ser carregadas de cinco a 80% em 22,5 minutos e que a energia para percorrer 100 quilómetros é obtida em apenas cinco minutos.

Mais atual

Como mais jovem membro da família, o Taycan inclui, desde o início, as novas funcionalidades introduzidas nas outras versões com a recente atualização de meio de ciclo. Por exemplo, a função Plug & Charge permite carregamentos e pagamentos mais simples, sem a necessidade de utilizar um cartão ou app: assim que o cabo de carregamento é conectado, o Taycan estabelece uma comunicação encriptada com a estação Plug & Charge. Em seguida, o processo de carregamento inicia-se de forma automática. Os pagamentos são também processados automaticamente.

Tal como nas outras versões, a lista de equipamento opcional integra elementos como o head-up display a cores e o carregador de bordo com 22 kW de capacidade de carga. Com o serviço Functions on Demand (FoD), os proprietários podem adquirir variadas funcionalidades de assistência ou conforto. Em alternativa, têm a possibilidade de as solicitar por um período de tempo limitado. Esta solução funciona depois de o veículo ser entregue e para a sua configuração original. A ativação online significa que não é necessário visitar um Centro Porsche. Atualmente, isto é possível para o Porsche Intelligent Range Manager (PIRM), Direção Assistida Plus, Assistente Ativo de Manutenção na Faixa e Porsche InnoDrive.

Esteticamente, as semelhanças com as demais versões são evidentes e naturais, embora esta variante se demarque pelas jantes Taycan Aero de 19” otimizadas na aerodinâmica e pelas pinças de travão em preto. O spoiler do para-choques dianteiro, as saias laterais e o difusor traseiro em preto são os mesmos que encontramos no Taycan 4S. Os faróis em LED são de série.

Por dentro, também muitas semelhanças, como o painel de instrumentos curvo e flutuante, a que se junta o ecrã central com 10.9” para o sistema de infoentretenimento e um ecrã opcional para o passageiro. De série, oferece um interior parcialmente em pele, assim como bancos dianteiros ‘comfort’ com regulação elétrica em oito vias e duas bagageiras: 84 litros à frente e 407 litros atrás.

Controlo central

Integrando diversas tecnologias para otimizar o dinamismo da berlina, a Porsche utiliza um sistema de controlo central, denominado Porsche 4D Chassis Control, o qual analisa e sincroniza todos os parâmetros do chassis em tempo real. Tanto a suspensão de série com molas em aço como a opcional suspensão pneumática adaptativa com tecnologia de três câmaras são complementadas pelo sistema de controlo eletrónico do amortecimento PASM (Porsche Active Suspension Management) com a função Smartlift. Isto permite que o Taycan seja programado para que a altura ao solo seja elevada em determinadas localizações de passagem frequente, como lombas ou entradas de garagem.

O Taycan está equipado, de série, com pinças monobloco em alumínio com seis êmbolos à frente e quatro êmbolos atrás. Os discos de travão ventilados são de 360 mm de diâmetro à frente e 358 mm de diâmetro atrás. Como opção estão disponíveis os travões Porsche Surface Coated Brake (PSCB) com discos de 410 mm de diâmetro à frente e 365 mm atrás.

Os preços para o novo modelo de base da Porsche arrancam nos 89.263€, mas conseguir um dos Taycan de tração traseira para este ano não será fácil. A aceitação dos elétricos está a ser tão boa em Portugal que o importador já não dispõe de unidades do Taycan RWD para entrega este ano, estando atualmente a negociar com outros mercados uma eventual cedência de unidades que não sejam necessárias em mercados onde a aceitação não tenha sido tão entusiástica.

Ao volante: Qualidade e velocidade num ‘porco rosa’ com história

Antes de pensar que se trata de um devaneio jocoso, passamos a explicar que a história do ‘porco rosa’ faz parte do legado da Porsche, devendo-se dar à Porsche Ibérica o mérito pela sua readaptação ao Taycan moderno num claro ‘aceno’ ao passado de competição da marca alemã.

Dita a história que uma das unidades do 917/20 que participou na edição de 1971 das 24 Horas de Le Mans tinha exatamente uma decoração cor de rosa, que lhe valeu a alcunha de ‘Pink Pig’, ou seja, porco rosa.

Embora alguns considerassem arrojada aquela decoração, a escolha foi feita pelo designer da Porsche, Anatole Lapine, que chegou mesmo a apelidar cada parte da carroçaria de acordo com os cortes de talho. Apesar da sua rapidez, o 917/20 ‘Pink Pig’ não chegaria ao final da prova, desistindo já perto do fim devido a um acidente quando era quinto classificado.

Foi precisamente essa decoração que foi replicada num dos Taycan de tração traseira disponíveis para um primeiro ensaio no evento de apresentação nacional, que decorreu entre Cascais e Óbidos. Acabou por ser a nossa ‘companhia’ para a viagem de ida entre aqueles dois pontos.

Tal como os demais Taycan, que desde logo se destacam pela robustez, solidez e qualidade reverencial de construção, o modelo de base em nada desaponta neste âmbito, sobretudo no interior, que prima pela vastidão de elementos tecnológicos com destaque para os dois ecrãs táteis ao centro.

Mas, como é que se conduz este modelo de tração traseira? Numa resposta muito sucinta, como um Taycan de qualquer outra competência. Naturalmente, sendo menos potente e não tendo a tração integral, perde ligeiramente no capítulo das prestações, mas em tudo o resto, o compromisso para com a eficácia de condução permanece imutável. Acelerações prontas e recuperações de elevado fulgor traduzem uma agradabilidade de condução que dão que pensar se esta não será uma versão com o essencial de tudo – de prazer de condução, de eficiência e de experiência sensorial como a dos demais modelos da marca.

Além disso, o silêncio e refinamento de viagem imperam, tornando as distâncias mais longas em tiradas de conforto.

Ainda assim, apesar da primeira abordagem em estradas lusas, faltou uma verificação mais detalhada das suas capacidades em troços sinuosos, onde a configuração de tração traseira poderá oferecer um comportamento distinto em relação aos modelos de tração integral, como o 4S que já ensaiámos.

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