Com o Model 3 a revelar-se determinante para o futuro da Tesla, a marca americana tem demonstrado dificuldades para acelerar a produção do seu novo elétrico, cujas encomendas superaram as 400.000 unidades em agosto (455.000 naquela data).

Com tanta procura e expectativa criada desde o momento da sua revelação, o Model 3 é assumido como um dos modelos que pode fazer a diferença na companhia criada por Elon Musk, dando-lhe potencialmente o impulso para um modelo de negócio rentável, algo que até aqui ainda não foi alcançado. Isto porque, ao contrário dos Model S e Model X, o Model 3 é uma berlina de custo mais acessível para os consumidores.

Com apenas 260 unidades produzidas no terceiro trimestre, este é um valor que fica “aquém do esperado”, conforme é assumido pela própria Tesla, que aponta, sem grandes explicações, que existem “constrangimentos na produção”. Inicialmente, a Tesla pretendia produzir 1500 unidades neste período, pelo que se percebe que nem um terço do objetivo pretendido foi concretizado. A Tesla deverá ter assim de acelerar bastante o ritmo de produção para conseguir cumprir a sua expectativa de produção de 10.000 exemplares por semana já em 2018.

Aço como dificuldade

A razão do atraso poderá estar, de acordo com o Wall Street Journal e com o Automotive News, no processo de soldadura com aço da carroçaria, a qual é substancialmente distinta daquela apresentada pelos dois outros modelos da marca, que recorrem a carroçarias maioritariamente em alumínio, mais leve, mas também mais dispendioso. Será esta diferença na vertente de produção que estará a obrigar a Tesla – a aprender a trabalhar com um novo processo de soldadura – a atrasar a saída de mais exemplares da linha de montagem.

O mesmo é explicado, também, por Rob Harbour, consultor de produção na Oliver Wyman, empresa especialista no apoio a construtores automóveis na área do modelo de negócio, em declarações citadas pelo Automotive News: “Há uma grande diferença naquele ponto. Não fazem muita soldadura por pontos nos dois outros modelos porque são todos em alumínio. A curva de aprendizagem é muito acentuada”, referiu Harbour, apontando ainda que a Tesla corre o risco de perder a vantagem de surgir no mercado com uma berlina de carácter Premium 100% elétrica, na medida em que outras companhias, como a Daimler, Audi, BMW e Volvo começam a preparar a sua entrada em força neste campo.

O mesmo especialista indica, ainda, que isto é algo “que uma fábrica atravessa geralmente nos quatro a seis meses antes de um lançamento de [veículo para] produção”.

Confiança persiste

Por outro lado, Mark Platshon, diretor geral da Icebraker Ventures, uma empresa de fundos de capitais, demonstra confiança de que a Tesla irá superar estes problemas iniciais e que os mesmos não irão afetar o sucesso do Model 3.

Um porta-voz da Tesla é citado naquele mesmo artigo, explicando que o Model 3 está a ser produzido numa linha de montagem altamente automatizada que está ainda em expansão e desenvolvimento contínuo: “Tal como sempre soubemos, vai levar tempo até afinarmos a produção para volumes mais elevados, mas como também já dissemos, não existem problemas fundamentais com a produção do Model 3 ou com a sua cadeia de fornecimento e estamos confiantes na abordagem aos constrangimentos de produção a curto-prazo”, lê-se no Automotive News.

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