Alexandre Videira (Mobi.e): “Esperamos que aumente o investimento dos privados na rede de carregadores”

20/09/2018

O início do pagamento nos carregamentos de veículos elétricos na rede Mobi.e marca o início de uma nova era no que diz respeito à mobilidade elétrica em Portugal depois de cerca de uma década de responsabilidade do Estado nesta área. Contudo, reunidas as condições para que os operadores possam dar início aos pagamentos, a 1 de novembro, os proprietários dos veículos elétricos terão de pagar para ‘abastecer’ seu carro.

O desenvolvimento dos procedimentos para o processo de pagamento, como explica Alexandre Videira, Presidente da Mobi.e, acabou por motivar o atraso no início dos pagamentos, sendo este um trabalho que está em fase de conclusão com vista à definição de tarifários em meados de outubro.

No Lisbon Mobi Summit, evento no qual se discutiu a mobilidade nas suas diversas formas, falámos com o responsável máximo da Mobi.e, que tem tido a seu cargo o desenvolvimento da rede de carregadores de Portugal.

Motor24: Foi feito o anúncio que os carregamentos vão ser pagos a partir de 1 de novembro? O que é que levou ao atraso no início dos pagamentos?

Alexandre Videira: Tem que ver com os trabalhos que estão a ser desenvolvidos. Como sabe, temos um modelo novo e inovador em Portugal. Esse modelo implica um forte trabalho e interação entre um conjunto muito alargado de entidades. Portanto, há um conjunto de trabalhos que estão ainda as ser desenvolvido com essas entidades e que, de alguma forma, se tem atrasado um pouco. O atraso tem que ver com isto. Todas as entidades que estão neste ecossistema de mobilidade elétrica têm que estar prontas e confortáveis para fazerem o seu negócio e desenvolverem a sua atividade. É isso que estamos a fazer com eles: a desenvolver tudo o que é necessários do ponto de vista de sistemas, de procedimentos e de comunicação. Os trabalhos estão praticamente fechados.

M24: Foi preciso uniformizar todos os standards de pagamento?

AV: O pagamento, quer do ponto de vista dos operadores, quer do ponto de vista dos comercializadores, é feito em regime de mercado. Eles têm liberdade total para definirem as suas tarifas, as suas propostas comerciais e as propostas de mercado. Aquilo que é importante é garantir, do ponto de vista da Mobi.e de que há condições do ponto de vista das infraestruturas, para que todos os operadores e entidades possam desenvolver a sua atividade comercial, quer sejam operadores, quer sejam comercializadores. E no fundo é esse trabalho que está a ser feito. Está a ser terminado. Houve de facto um atraso nesses trabalhos e é o problema de estarmos a desenvolver algo completamente novo.

M24: Existe algum prazo limite para o anúncio dos tarifários?

AV: Iremos comunicar os preços em meados de outubro, não temos a data certa.

M24: Fala-se muito na necessidade de ter ação privada e pagamentos para que a rede cresça e melhore. Acha que os carregamentos pagos poderão potenciar o crescimento da mobilidade elétrica?

AV: Eu espero que tenhamos dado o primeiro passo para criar as condições de investimento para os privados e [ajudado] à criação das melhores condições possíveis para que os utilizadores de veículos elétricos possam carregar os seus carros e fazer a sua vida normal. É óbvio que qualquer atividade só funciona quando for uma atividade comercial, tendo em conta o modelo que nós definimos em Portugal, é óbvio que o início dos pagamentos é uma data importante para dinamizar a entrada dos privados. Nós esperamos que, de facto, com este passo seja possível aumentar o investimento. Vamos ver. Temos esperança que aumente substancialmente o investimento dos privados na rede e que a rede possa crescer, porque no fundo aquilo que se fez até agora, foi o Estado que criou as condições básicas para que as pessoas possam circular. Agora é importante escalar e criar as condições para o aumento do volume de veículos que vamos ter.