Em tempos de distanciamento social devido ao Covid-19, a Bugatti continua a trabalhar no desenvolvimento dos seus modelos futuros mas com muitas condicionantes. A produção dos Chiron e Divo foi interrompida na fábrica de Molsheim, mas as restantes tarefas de desenvolvimento continuam, ainda que em moldes diferentes. Agora, muito do trabalho é feito remotamente, incluído por parte do CEO da marca, Stephan Winkelmann.

Presidente da Bugatti desde 2018, o Presidente da companhia francesa efetua a gestão à distância a partir da sua casa, em Estrasburgo, França. Ainda assim, pelo menos duas vezes por semana, desloca-se à sede em Molsheim para acompanhar mais de perto a situação no local, onde ainda estão alguns trabalhadores da Bugatti, os quais não podem efetuar a sua função a partir de casa. Na lista de tarefas de Winkelmann está ainda uma reunião com os responsáveis de segurança.

“Ainda que esteja agora a trabalhar a partir de casa como muitos outros empregados, nenhum dia é igual ao outro durante este tempo difícil. No entanto, graças aos processos digitais e aos canais de comunicação, ainda conseguimos trabalhar e continuar a desenvolver os nossos extraordinários hipercarros”, refere Winkelmann, que tem uma agenda bastante apertada durante o dia.

O CEO da marca revela, inclusive, o seu dia-a-dia, que começa pelas 7:00 da manhã, com um pequeno-almoço ligeiro e com uma ronda pelas notícias do dia, tanto da imprensa nacional, como da internacional. “Utilizo um amplo leque de média diferentes para descobrir o que está a acontecer no mundo, na política e nos negócios. Afinal, preciso de uma boa visão para poder analisar os mercados e a situação geral corretamente e uso essa informação para guiar as minhas ações”, explica.

O seu dia de trabalho começa, pois, às 8:30 da manhã, com uma ronda pelos e-mails e com uma reunião via Skype com o Comité de Direção, “para que todos estejam bem atualizados com a atual situação e para saber saber como estão todos em termos de saúde, incluindo também os nossos parceiros de negócio”. É nessa reunião que todos os membros da administração analisam os dados e adaptam a sua atuação às circunstâncias. “Se pensarmos que precisamos de agir, discutimos as possíveis soluções dentro deste grupo mais largo. É um esforço conjunto e beneficia de um discurso ativo de toda a gente envolvida”.

Pelas 10:00, mais conferências com outros departamentos, como os de Desenvolvimento, Vendas, Design e Marketing: “Embora nenhum dos nossos hiperdesportivos possam sair da fábrica de Molsheim, continuamos a trabalhar ativamente no que for possível. Além da produção, passa primariamente pelo desenvolvimento e pelo design. Os empregados mantêm-me informados do estado corrente, sucessos do desenvolvimento ou problemas . (…) Discutimos os passos seguintes em conjunto para que o nosso trabalho não seja impedido por falta de decisões. O nosso lema é sempre o mesmo: a única forma de continuarmos a construir os melhores carros do mundo é falando uns com os outros”.

Pelo meio-dia, Winkelmann ‘ataca’ o almoço e atualiza-se com a informação pela televisão, lendo ainda mais alguns e-mails, terminando o seu período de ‘acalmia’ pelas 14:00, quando retoma conferências virtuais com o Comité de produto, sobre o estado de desenvolvimento de atuais e futuros produtos. “A Bugatti nunca está parada. Nem nos fins-de-semana, nem nos feriados de Natal e, definitivamente, não por causa da pandemia de Covid-19”, garante, assumindo ainda que, durante estas discussões, as quais considera as mais excitantes, “as coisas podem aquecer um pouco por vezes. No entanto, pela minha experiência, é precisamente esse tipo de fricção que leva aos melhores resultados”.

Pelas 19:00, o trabalho acaba e Winkelmann parte para uma sessão de exercício físico, correndo uma hora, “que melhora a minha resistência e saúde”, dando-lhe ainda a possibilidade de “rever o meu dia sem o smartphone ou computador. Este período de meditação também recarrega as minhas baterias”.

Pela noite, há tempo para chamadas pessoais – incluindo um telefonema diário para a mãe, que vive no Sul da Alemanha e para alguns amigos espalhados pelo globo –, assumindo também um ritual diário de leitura de livros, naquele que considera de “único benefício deste isolamento”.