Dos novos elétricos à proposta de energia gratuita: a visão de futuro da Nissan

04/10/2017

No caminho rumo ao futuro, a Nissan tem uma meta bem estabelecida: tornar as cidades num grande meio integrado em que todos os elementos disputam a sua quota-parte para conseguirem cidades muito mais sustentáveis e em que a pegada ecológica humana seja reduzida ao mínimo.

Com estas noções bem presentes, a Nissan tem em marcha um plano que prevê não só novos veículos elétricos, mas também inovações na área do carregamento e do armazenamento de energia, além de uma novidade fundamental na forma de energia gratuita para os seus clientes graças à tecnologia bidirecional ‘Vehicle to Grid’.

A Nissan chama-lhe Intelligent Mobility e compreende três pilares fundamentais – Intelligent Power, Intelligent Driving e Intelligent Integration -, conforme explicou o CEO da Nissan Europa, Paul Wilcox, num evento exclusivo em que o Motor24 esteve presente na cidade Oslo, na Noruega, denominado ‘Nissan Futures 3.0 – The Car and Beyond’.

Um ‘ecossistema elétrico’ de vanguarda

Na ótica de Wilcox, a Nissan terá de se adaptar para uma oferta de produtos (entenda-se, carros) e serviços que sejam “inteligentes, conectados e acessíveis”, ou uma visão de ‘ecossistema elétrico’, sendo o novo Leaf um exemplo dessa mesma filosofia de princípios. Falando sobre este modelo em particular, o CEO da Nissan recorda o lançamento do primeiro modelo, há oito anos, “quando alguns acharam que éramos loucos por lançar uma tecnologia inovadora e ainda sem provas dadas. Houve até quem duvidasse da necessidade dos veículos elétricos nas sociedades modernas. Mas os anos deram-nos razão”.

Por esse mesmo motivo, Wilcox expressa a sua ideia de que “a Nissan está à frente da indústria automóvel em cerca de uma década. Mas não vai parar aqui. A próxima década será de disrupção e indo até mais longe do que as nossas previsões iniciais, prevemos que em 2027 cerca de 30% das vendas de carros na Europa sejam de elétricos”.

Curiosamente, num evento que tratou de vanguarda, houve também uma menção curiosa ao primeiro elétrico da Nissan, datado de 1947, quando o Tama foi lançado no Japão para manter os condutores domésticos em andamento mesmo com a escassez de combustível após a Segunda Guerra Mundial. Desse Tama ao Leaf passaram-se décadas e é este último que será uma das grandes ‘armas’ da marca para os próximos anos, associando-se ainda ao mais competente e-NV200 que ganha mais 100 quilómetros de autonomia graças a uma nova bateria de 40 kWh.

Esta variante terá importância para reduzir as emissões geradas pelos veículos comerciais, que a marca aponta terem crescido substancialmente desde o início do milénio em virtude do cada vez maior peso das compras online. A Nissan indica que em comparação com a viragem do milénio existam mais 38% mais de comerciais para a distribuição de encomendas no Reino Unido, representando 16% da poluição local produzida pelo setor dos transportes.

Rede de carregadores em crescendo

Para fazer face ao previsível crescimento nas vendas de elétricos, a Nissan anunciou igualmente a sua pretensão de aumentar em 20% a rede de carregamento ao longo dos próximos 18 meses. Com o padrão de carregamento CHAdeMO, a marca instalou já mais de 4.600 postos de carregamento rápido em toda a Europa, mas o objetivo é aumentar em mais 1.000 esse valor até 2019, trabalhando em conjunto com os seus parceiros, autarquias e líderes do setor energético em diversos países europeus para tornar esta realidade mais imediata. Isto porque a Nissan admite que é mais fácil procurar avanços provenientes de municípios do que esforços concertados com os Governos dos países.

Em termos de avanços nas baterias, a Nissan tem um novo carregador doméstico rápido de 7 kW para casa e empresas que permite recarregar na totalidade a baterias dos elétricos em 5.5 horas, ou seja, uma redução de 70% no tempo exigido hoje. Já o carregador de 22 kW permite agora recarregar a bateria elétrica em duas horas, sendo esta principalmente orientada para operadores de frotas e empresas de grande porte, embora os consumidores também o possam adquirir.

Por fim, para sustentar as necessidades energéticas das habitações, a marca revelou a evolução do seu sistema de armazenamento doméstico que surge na peugada do xStorage. Criado especialmente para os proprietários de veículos elétricos, este acumulador vem com um sistema de armazenamento de energia integrado, permitindo assim gerir melhor os custos energéticos e até gerar energia proveniente de painéis solares para a obtenção de energia 100% ‘limpa’.

Com o sistema atual xStorage, desenvolvido em parceria com a Eaton, a ter já um total de 1.000 unidades vendidas na Europa em apenas três meses, a companhia espera atingir um total de 5.000 unidades em março do próximo ano. Para o Ano Fiscal de 2020 na Europa, a meta é ainda mais ambiciosa: 100.000 unidades de armazenamento de energia vendidas.

Energia para todos

Outra novidade de relevo foi o anúncio da Nissan de procurar oferecer energia – literalmente – a todos os seus clientes. A experiência-piloto decorre na Dinamarca, com o carregamento bidirecional a ser testado com sucesso. Na prática, os clientes podem carregar o seu veículo elétrico, como tradicionalmente, mas poderão também ‘revender’ a energia presente na bateria à rede para a equilibrar nos períodos de pico de procura, na qual a rede pode enfrentar fragilidades. Ou seja, depois de um pagamento nominal pago pela companhia para a instalação do dispositivo V2G, a Nissan aponta que não existem mais custos associados a combustível ou a energia. Será energia gratuita.

O passo seguinte será dado em conjunto com a OVO, uma empresa do Reino Unido, que permitirá aos clientes britânicos adquirirem uma unidade xStorage com um preço de desconto e ‘revender’ energia à rede. De acordo com dados apontados pela Nissan e pela Ovo, o benefício em poupança para o cliente pode ser em média de 400€ por ano. A Nissan está já a avaliar a expansão desta fórmula a outros países europeus.

Integração total

Sendo este um exemplo de integração na sociedade e no grande ‘ecossistema elétrico’ que a Nissan tem em perspetiva, há ainda um lado de conectividade e de segurança que presume a comunicação entre veículos e entre estes e as infraestruturas num esforço que irá permitir a adoção de tecnologias de condução autónoma, do qual o Leaf será pioneiro na Europa com o seu ProPilot. Nesta versão ainda inicial, o Leaf será capaz de controlar as suas operações em situações de tráfego nas autoestradas, acelerando, travando e virando na sua faixa, mas na segunda evolução, prevista para meados de 2019, será já possível ao veículo mudar de faixa sozinho nas mesmas conduções. Apenas numa fase posterior será possível tornar o carro autónomo em cidade, sendo este ainda um grande desafio.

Para Peter Bedrosian, Diretor geral e Gestor de Produto da Nissan Europa, o objetivo passa por “chegar a todos os lados de forma mais eficiente e em segurança”, apontando ainda a condução autónoma como um sistema inclusivo que permitirá beneficiar a mobilidade de camadas da sociedade de menor capacidade, como os mais idosos ou jovens. “Tornar a condução numa liberdade, novamente. É isso que faz o nosso trabalho tão excitante”, complementou Bedrosian, apontando que a democratização da tecnologia autónoma ProPilot será uma realidade em 2021, encontrando-se em toda a gama futura de modelos sendo ainda expectável uma redução gradual do custo destas tecnologias em comparação com os dias de hoje.

Para a implementação de maiores valências na condução autónoma, uma das barreiras a superar é dos regulamentos referentes à condução autónoma, conforme referiu igualmente um dos presentes neste evento, Young Tae Kim, secretário-geral do International Transport Forum (ITF), que apontou a vertente política como uma das questões mais desafiantes, já que “o progresso tecnológico avança a uma velocidade muito superior à da regulamentação política”.

Assim, recordando que a condução autónoma terá o condão de “criar novos postos de trabalho e promover a inclusão na sociedade com a mobilidade acrescida de partes mais frágeis da sociedade”, Tae Kim explicou ainda que um dos esforços da ITF é “procurar consensos entre os diversos países em termos de regulações políticas”.

Com planos para reutilização das baterias elétricas em diversos setores – o estádio do Ajax, em Amesterdão, terá energia fornecida integralmente por estas baterias em segunda vida, mas que de acordo com os responsáveis da marca retém cerca de 70% da sua capacidade, em média, após 13 ou 14 anos de ‘vida’. Contudo, tratando-se ainda de uma tecnologia nova e que está agora a ser explorada para uma “perfeita sustentabilidade da rede energética”.

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