LMS: “O maior erro foi a invenção do carro particular”

Foram muitos elogios à cidade de Lisboa, mas Pascal Smet esteve na Lisbon Mobi Summit para falar da realidade de Bruxelas. Dos 1,6 milhões de pessoas, somando locais e quem entra todos os dias na capital belga, metade anda de carro. Uma realidade que acompanha a mentalidade daquele país, mas que para o Ministro para a Mobilidade do Município de Bruxelas é preciso mudar.

“É preciso alterar o paradigma” afirmou, considerando que chegou o momento de “mudar a cidade para as pessoas”, tendo de deixar de ser tão construída a pensar na utilização do carro individual. Para que melhor se compreenda porque tantas pessoas preferem o automóvel, Pascal Smet explicou como muitas empresas incluem o carro e até o combustível nos contratos e não apenas para as que ocupam os cargos mais importantes. O facto de muitas pessoas viveram em zonas fora da cidade, mais rurais, também convida a escolher este meio de transporte

“Não podemos confundir o objetivo com os meios”, referiu. “O objetivo é a qualidade de vida”, acrescentou. Smet considera que as pessoas já começam a perceber o problema de Bruxelas e realçou como as gerações mais novas – não apenas na Bélgica – já não querem automóveis particulares, não o vendo como uma forma de arranjar uma namorada ou como sinal de sucesso. “A realidade é que o meu carro, significa o meu engarrafamento”, frisou.

E estamos a assistir a um regresso ao passado. “As cidades europeias estão a mudar. Há o regresso das bicicletas, as pessoas estão a andar, tal como no início do século XX”, referiu, considerando que se irá ver que “o maior erro foi a invenção do carro particular”. Pascal Smet, perante o hábito enraizado de utilização do automóvel, afirmou: “Devíamos fazer as pessoas felizes contra a sua vontade.” Ou seja, criar espaços e condições que até podem suscitar inicialmente críticas nas populações, mas que depois irão ganhar adesão e até brincou: “Dirão que a ideia foi delas!”