M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Os oceanos estão a aumentar de temperatura a nível global mais depressa do que se pensava. Quando se esperava que o aquecimento dos mares começasse a reduzir de velocidade e a estabilizar as temperaturas, afinal verificou-se que os gases que causam o efeito de estufa continuam a acumular calor dentro dos oceanos.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Este é o resultado de um estudo realizado pelo Laboratório de Energia e Recursos da Universidade de Berkeley, na Califórnia, que analisou os números das temperaturas dos oceanos nos últimos 15 anos, onde esperava encontrar sinais de abrandamento das subidas de temperatura. Em vez disso, a temperatura média dos oceanos nos primeiros 2000 metros de profundidade vai subir 0,78 graus até ao final do século. Pode não parecer muito, mas dado o volume de toda a água na superfície terrestre, é suficiente para fazer o nível médio do mar subir 30 centímetros.

As variações de temperatura dos mares são mais fiáveis para verificar tendências de aquecimento ou arrefecimento a nível mundial. Primeiro, nada menos que 93 por cento da energia solar em excesso que atinge a Terra fica guardada na água, e segundo, estes valores não são afetados por eventos climáticos anormais ou erupções vulcânicas. A temperatura média do ar pode sofrer várias flutuações de ano para ano, ao contrário dos oceanos. Se 2018 esteve longe de ser o ano mais quente dos últimos tempos, nos oceanos verifica-se que a temperatura média atingiu o valor mais elevado alguma vez registado.

Estes valores são registados por uma frota de 4000 robôs flutuantes que andam à deriva nos oceanos, monitorizados pelo navio científico Argo. Mas estes robôs também podem mergulhar até uma profundidade máxima de 2000 metros para medir temperatura, escala pH e salinidade.