A noção de descarbonização da economia e da sociedade assume cada vez maior importância, atendendo à necessidade de travar as alterações climáticas, algo em que a indústria automóvel também está fortemente empenhada. Um desses casos é o da Nissan, que organizou mais um fórum de debate com diferentes painéis dedicados à mobilidade sustentada e à diversificação das fontes de energia, juntando convidados de diferentes quadrantes.
‘Abrindo’ a conferência, o Diretor-Geral da Nissan Portugal, Antonio Melica, destacou os esforços da marca japonesa na Europa para que em 2023 toda a gama esteja já eletrificada e para que, até 2026, 75% do seu mix de vendas na região europeia seja eletrificado, com a ambição de chegar a 100% até ao final da década. Este anúncio consubstancia um papel fulcral na concretização da Ambition 2030, a visão de longo prazo da empresa para capacitar a mobilidade e não só.
Essencial para esse objetivo é o lançamento de novos modelos eletrificados, seja de forma híbrida, seja de forma 100% elétrica. No primeiro caso, a marca aposta em versões híbridas do Juke, Qashqai e X-Trail já para este ano, enquanto os novos Ariya e Townstar ampliam a oferta no caso dos modelos 100% elétricos (há ainda uma versão retocada do Leaf). Está também já assegurada uma versão de produção do SUV de segmento C com base no Chill-Out Concept revelado há dois meses.
Melica demonstrou-se ainda bastante satisfeito com o facto de o novo Ariya ter já cerca de 3000 interessados em saber mais sobre este SUV e explicou que outra das apostas da marca passa pela ampliação da rede de carregadores em Portugal.
Também da Nissan, mas da divisão europeia, Donato Vitella, Diretor de Estratégia e Planeamento Avançados de Produto, explicou que a marca tem vindo a trabalhar na renovação da gama de produtos com foco na democratização da eletrificação.
“Com quase 600 mil unidades vendidas do Leaf, aprendemos bastante sobre a utilização, mas também aprendemos muito sobre a bateria. Sabemos como reutilizá-la e reciclá-la durante o ciclo de vida do carro”, apontou.
“Mas, em 2026, traremos algo novo e vamos acelerar a fundo com cinco novos modelos, mas sabemos que não será fácil para todos aderirem à eletrificação. Por isso queremos ajudar todos os consumidores a fazer essa transição, a começar por aqueles que ainda não se sentem confiantes em dar esse passo. Não há risco [nos elétricos], mas esses clientes não sabem disso, temos de os ajudar nessa transição”, afiançou.
“Em 2025, teremos um novo crossover de segmento C com base no Chill-Out Concept, que será 100% elétrico e para o qual temos grandes expectativas. Será produzido na Europa para os nossos mercados. Mas antes, até lá, temos de ajudar os nossos clientes”, clarificou Donato Vitella, que explicou assim a necessidade de manter a aposta nos conceitos de eletrificação com os híbridos.
Também presente neste fórum, Henrique Sanchez, Presidente da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), destacou o grande crescimento que tem existido no mercado de elétricos, não só pelo crescente interesse dos consumidores, mas também pela crescente aposta dos construtores nesta tecnologia. O responsável da UVE prevê que 2022 seja mais um ano de recordes, atendendo a que, “um em cada dez automóveis novos vendidos em Portugal é 100% elétrico”.
Além disso, Sanchez avançou ainda com a sua ideia de criar força, através de petições, para antecipar a proibição de venda dos veículos novos com motor de combustão interna em cinco anos, de 2035 para 2030, tanto na Europa, como em Portugal.
Novas oportunidades, novos desafios
Porém, o conceito de mobilidade sustentável já não fica apenas nas estradas. Obriga a um novo cruzamento de experiências e de setores que, até aqui, não se tocavam, criando novas oportunidades, mas também novos desafios para os integrantes das respetivas áreas.
Por seu turno, Antonio Sá da Costa, recorrendo à sua própria experiência pessoal, lembrou que há muitas coisas que os consumidores podem fazer para ajudar na transição energética, reclamando a necessidade de os “consumidores terem uma inteligência energética”.
“É preciso que os consumidores tenham uma inteligência energética e isso é fácil de fazer. Ou seja, Se uma pessoa não faz centenas de quilómetros todos os dias, não precisa de carregar o carro diariamente. Não é preciso ligar todos os dias. É como os carros de combustão: se eu gastar 20 litros não vou novamente por mais 20 litros quando o depósito ainda está a mais de meio”, afirmou, antes de focar o seu discurso no tema das renováveis e na necessidade de maior aproveitamento dos recursos naturais à disposição de cada país.