A Stellantis anunciou que irá dar início à produção de veículos comerciais elétricos (VCL) na fábrica de Mangualde a partir de 2025, assumindo-se como a primeira unidade industrial em Portugal a produzir veículos elétricos a bateria (BEV).

A noticia foi avançada por Carlos Tavares, CEO do grupo Stellantis, um dos maiores do mundo no que diz respeito à indústria automóvel, num evento que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa, nas instalações fabris de Mangualde.

Tavares reconheceu o desempenho elevado em termos qualitativos da fábrica portuguesa no quadro global do grupo, situando-se ciclicamente no Top 3 na relação entre qualidade e custo de todas as fábricas, mérito que lhe vale assim a produção de quatro modelos elétricos da geração K9, incluindo a Citroën e-Berlingo, Peugeot e-Partner, Opel Combo-e e Fiat e-Doblò.

Indicando que esta decisão de produzir os novos veículos comerciais ligeiros elétricos em Mangualde respeita “uma lógica de meritocracia no grupo”, Carlos Tavares apontou que um dos objetivos é reforçar a dianteira por parte da companhia na área dos veículos elétricos, na qual deposita um grande esforço até final desta década.

“A situação de liderança da Stellantis nos VCL no mundo inteiro é muito forte, sendo número 1 também em Portugal e na Europa. A nossa quota de mercado dos VCL em Portugal é de 43% mas, no caso dos elétricos, é de 54%, pelo que, quando a transformação elétrica avançar, vamos estar na frente e com mais destaque porque já temos a experiência”, afirmou o CEO da Stellantis.

De acordo com a Stellantis, a fábrica de Mangualde irá ter uma capacidade de produção anual de cerca de 50 mil unidades entre modelos da Peugeot, Citroën, Opel e Fiat. O início da produção está agendado para o ano de 2025, embora Carlos Tavares tenha adiantado que a administração da fábrica de Mangualde está a “fazer todos os possíveis para que isso aconteça já no final de 2024”.

Para o efeito, a infraestrutura já está a ser preparada para o futuro, com novas instalações, tanto na área da montagem, como da ferragem, além da criação de uma nova linha de montagem de baterias.

No sentido da sustentabilidade, o responsável português adiantou ainda que a Stellantis será neutra em carbono em 2038. Neste sentido, rumando para o caminho da energia limpa, Tavares anunciou que a fábrica de Mangualde terá uma produção autónoma de 30% de energia sustentável, um crescimento de 20% face ao deste ano, prevendo que em 2025 seja de 80%, produzida internamente a partir de meios solares e eólicos.

Adicionalmente, foi ainda detalhada a agenda mobilizadora GreenAuto, criada para promover a inovação para a indústria automóvel em Portugal tanto em termos de eletrificação, como de digitalização. No total, prevê-se um investimento de 119 milhões de euros neste consórcio que reúne 37 entidades parceiras como a Delphi ou a Simoldes.

Tavares e esforço “brutal” pedido à indústria automóvel

No seu discurso perante Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, o CEO da Stellantis voltou a criticar o dogma europeu de se estabelecer um único caminho para a neutralidade carbónica nos automóveis, o da eletrificação.

Apelidando o momento de “transformação Darwiniana em que quem não se adapta não resiste”, Tavares evocou o enorme esforço que está a ser pedido a todos os membros do setor para obedecer a uma mudança tão grande num espaço de tempo tão curto.

“Se os políticos fossem pedir a todos os cidadãos europeus o esforço que nós estamos a pedir aos empregados do setor automóvel, teríamos toda a gente na rua a protestar”, afirmou, considerando que é uma transformação “brutal num espaço de tempo tão custo”.

Aproveitando também a sua presença naquela fábrica, e perante o olhar do coordenador da mesma, Christian Teixeira, lusodescendente que assumiu funções em meados de 2022, Tavares tratou também de agradecer aos empregados, que considera serem um pilar do sucesso da companhia.

E deixou mais uma mensagem: “A nossa missão é oferecer aos nossos cidadãos uma liberdade de movimentos limpa e segura, porque sem liberdade de movimentos não há democracia moderna. Por isso, a mobilidade elétrica e acessível é algo em que a Stellantis está a trabalhar”.

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