Uma das grandes figuras da indústria automóvel, Ferdinand Piech, faleceu aos 82 anos de idade devido a um problema de saúde súbito. Antigo CEO da Volkswagen, a sua maior conquista foi a aquisição da Porsche para o Grupo Volkswagen, em 2012. Nos últimos anos, após uma disputa pelo poder com Martin Winterkorn, acabou por se afastar, mantendo-se na sombra.
A sua morte, que ainda não foi oficialmente confirmada, está a ser noticiada pelos principais órgãos de comunicação alemães, como o Frankfurter Allgemeine ou o Handelsblatt, que citam fontes próximas da família.
O nome de Ferdinand Piech fica intimamente ligado à Volkswagen, embora o seu legado familiar resida noutra grande marca alemã, a Porsche, uma vez que era neto de Ferdinand Porsche. Foi essa mesma circunstância que ajudou à aquisição da Porsche pela Volkswagen, em 2012, fomentando ao mesmo tempo o poderio daquele que já era um dos grandes grupos automóveis do mundo.
Piech tornou-se CEO da Volkswagen em 1993, num período em que a marca alemã estava em franco crescimento, mas também em dificuldades com ‘dores’ resultantes dessa mesma fase, sobretudo com o aumento de custos de produção e de desenvolvimento.
A sua atuação no Grupo Volkswagen coincidiu com uma reestruturação profunda que não necessitou de despedimentos coletivos, ao mesmo tempo uniformizando departamentos para melhorar diversos aspetos de desenvolvimento e produção entre as diferentes marcas, sobretudo as generalistas. Com isso, manteve sempre uma relação pacífica com os sindicatos alemães, usualmente bastante fortes nos grandes grupos locais.
Ao mesmo tempo, o número de marcas no grupo germânico também aumentou com a chegada das superdesportivas Bentley, Lamborghini e Bugatti, as quais conseguiram manter as suas identidades apesar das muitas partilhas de componentes. A fase final do seu reinado na marca ficou marcado por uma intensa disputa com Martin Winterkorn no seio do Grupo Volkswagen ainda no primeiro semestre de 2019.
Winterkorn chegou ao cargo de CEO da Volkswagen AG em 2007 e o seu trabalho desde então valeu-lhe a confiança para uma extensão à frente dos destinos da marca para outro mandato a iniciar em 2016, sendo também apontado por muitos como potencial sucessor de Piech no cargo de Presidente do Conselho de Administração do Grupo Volkswagen no futuro, algo que ia de encontro aos desejos de Ferdinand. Sem grande apoio, acabaria por pedir a demissão a 25 de abril de 2015, colocando um ponto final na sua era a bordo da ‘locomotiva’ Volkswagen.
Curiosamente, já com Piech fora do caminho, também Winterkorn não teria muito tempo à frente dos destinos do Grupo Volkswagen, vendo-se envolvido na polémica das emissões poluentes que afetou a companhia e que teve repercussões enormes na indústria automóvel, naquilo que ficou conhecido como ‘Dieselgate’. O então CEO do grupo foi forçado a demitir-se, sendo acusado pela sua participação no caso das emissões.